Depois de cada aventura matam ovelhas e cabras, preparam um banquete, bebem vinho segundo o paladar de cada um, vinhos tão bons a que podem adicionar vinte medidas de água e cada um a soma a seu gosto. Cansados, adormecem na areia da praia ao som do agitado mar salgado. Poderiam haver se mandado, depois de furar o olho do gigante globolho, mas não, houve-se por bem tripudiar o derrotado.
Diante disso nossa aventura se semelha cada vez mais chinfrim. O inimigo é: o chefe, o inadimplente, o Bolsonaro, o palhaço deputado, o eleitor do palhaço, a música alta do vizinho, o exterminador de gatos, o vereador bêbado ou o mosquito da dengue. Todo mundo come todo mundo e ninguém come ninguém. Para comemorar: um maço de alface, um frango de plástico, a cereja falsa sobre o bolo dietético, a cerveja de tudo: de boca grande, a primeira, a que xinga argentino, enfim tudo: menos cevada, lúpulo e malte e se formos metidos a bestas e com sorte, teremos o vinho aquoso do famoso “custo benefício” e o gosto de frutas silvestres, que nestes trópicos nunca provamos, sabor a bosque profundo, que a tempos devastamos.
Tenho a terrível impressão de que os mortos nos governam. Que a própria aventura individual foi copiada do google. Um google remoto, anterior ao Google and Co. E desde já anuncio: não é a virtualidade que incomoda, ou o veículo, mas a pobreza do festim pela insignificância da vitória.
Por isso não há redenção. Por isso Leopold Bloom é Ulisses. Por isso Circe é uma prostituta e aceita cartão de crédito. Pois todas as batalhas foram travadas, essa é a tragédia.
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