Um dia ele chegou, bonito, como um filho de Apolo. Não digo isso gratuitamente, senão que me a pagava com incerta admiração, por beleza não era, que não a pretendo. Admiração assimétrica. De um fotógrafo desinteressado pela pose. Sem saber o motivo de sua admiração a digo: incerta. Pois bem, ele me disse que ia se casar. Ora vamos, Peteca, você me diga com quem! Sim era ela, bonita, como se fosse filha de Circe, sem as poções. Meus olhos se deleitavam ao vê-la passar por Sousa, eu já me sentia então um fauno espreitando ninfas, garota de Ipanema, se o rio Atibaia fosse o mar aos pés do Corcovado e a Rua Maneco Rosa fosse a Farme de Amoedo. Castaño, um filho de Mallorca, vivia a beira do Atibaia, e dizia que na madrugada, hora em que a bruma se forma sobre o rio, esta esconde sobre as pedras uma Atibaíade, que canta com a voz mais doce que um humano pode produzir, enquanto trata de seus longos cabelos, era ela. O divino Peteca me disse também que eu iria casá-los, eu quis saber se ela sabia quem seria o anti-clérico, ele disse que sim, mas um outro dia veio ela a mim e disse-me: Cidão você vai fazer o meu casamento com o Peteca. Depois chegou ele, beberam bom vinho e comeram boa pizza. Voltaram num domingo, trouxeram as alianças, que não eram desde já alianças comuns, eles não eram comuns e tampouco sou comum, mortais mas, incomuns como aquelas alianças e aquela aliança. Eu me lembro de ter invocado ao grande deus, um deus de letra minúscula que coubesse no meu entendimento e no entendimento deles, e disse: introibo ad altare dei, enfim que entrava no altar de deus, o deus do amor, que é a única coisa que os levava a casar, além de uma casinha pequenina à beira do lago, claro. Disse mais coisas, bendisse a aliança, saudei suas belezas, rendi graças à minha escolha, perguntei-lhe se ele a queria como esposa, ele disse que sim, então perguntei a ela: Lívia quer o Peteca como seu esposo, ela disse que sim, beijaram-se e eu quis dizer uma palavra em hebraico, mas dela só me lembrei agora, שָׁלוֹם עֲלֵיכֶם;.
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