25 de mai. de 2011

Pagão.

Antes mesmo que ele fizesse suas mãos rastejarem pela mesa, puxada pelo fura-bolo e o mata-piolho, qual caranguejo mal projetado, desviando-se dos copos, da garrafa pela metade e do numerador de mesa, para ao final obter um toque com o mesmo indicador na imensa unha postiça e vermelha da espalmada mão dela sobre a toalha axadrezada – gritando: oriundi (a toalha) -, ela tascou-lhe a pergunta: “Você acredita em Deus?”. Sem exitar ele disse que sim não sem antes pigarrear. Ela disse que “É! Mas não parece! ”. Nem sabia a parecença dos pagões, mas o problema não está em parecer ou não parecer, em crer ou descrer se é que há um problema e de uma vez por todas, em havendo não é um problema meu (dele) sei que as coisas são infinitas, e até o infinito o é; assim  o problema é divino e não meu. Sua pergunta só tenta transferir o problema para mim, onde ele vai se colocar concretamente  meio a  imensidão, para não se transformar em mais um mágico, faquir ou charlatão, já que sua primeira tentativa de aproximação falhara ele disse isso. Ela levantou-se repuxou a minissaia repugnando-o e se retirando "pagão"! Ele que fabricara um ateísmo pessoal com filigranas gregas e vedantas, ficou até terminar o vinho para pagar a conta, sempre paguei essa conta disse, faltava isso pagão! 

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