Tudo que escrevo –
com esperanças ou com medo, de gozação ou a sério – me
mortifica.
Assim, o que sinto é
desagradável. Faz tempo que sei do alcance funesto de meus atos,
quais insisto frívolo e obstinadamente.
Tais atos poderiam ter
se dado em sonhos, ou que fossem numa minha loucura... ou depois
deste prosseco de 16,90 no sono que ele me trouxe, mas foi antes,
longe apareceu este comentário simbólico, antecipado à sesta já
reclamada, mas é nesse sonho que não dormi que: jogava uma partida
de bilhar no bar do Zebrinha, na esquina de frente de casa.
Preferiria em lugar do bar ter a Sartre na vereda de frente, mas
enquanto jogava bilhar, soube que aquela tacada, bola oito no canto,
estava matando um homem. Depois vim a saber que aquele homem era,
irremediavelmente, eu.
Assim que o sonho não
é improvisado, é de uma satisfação pulcra. Não posso cumprir meu
projeto.
Mas a razão de
escrever há de estar nos nervos, não noutra utilidade, como
pensava, cooperar na produção de um futuro mais conveniente.
Do contrário tenho
sido uma fraude, e me envergonho, ou como já disse acima: me
mortifico.
Que devo fazer depois
de haver escrito tantas coisas de mal gosto?
Condenar-me?
Serei justo ou não ?
Creio
entretanto e sem rebeldia, que o feito não me põe a perder, porque
posso, sim, criticar o já feito, depois olhar para tudo que fiz e
dizer, Eu fiz. E fiz sabendo dos perigos de se criar algo, e
ao mesmo tempo equilibrar diversas consciências. É perigoso viver.
É equilibrar desejos. Alimentar instintos. Afiar unhas. Vestir
máscara.
Mas pra que?
De uma coisa sei, viver não é buscar consolo ou aixopluc*
* aixopluc em catalão é refúgio.
* aixopluc em catalão é refúgio.
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