11 de set. de 2012

Jovem.


O que é juventude?
Primeiro há que se saber se é natural ou cultural ser jovem.
Se natural, a maturação sexual, se cultural, produto das condições históricas e dos discursos?
Por natural entende-se o fenômeno programado geneticamente e dependente de certa maturação.
Se cultural estará dependente de influências do contexto cultural, fruto das relações culturais, econômicas e políticas. Alem dos discursos que circulam, são as “vozes” que dizem a esse jovem o quê ele é, influenciando aquilo que iria ser, e efetivamente irá ou não ser.
Assim mais que uma etapa de maturação dos órgãos sexuais, podemos acompanhar pessoas de mesma idade, locais diferentes e épocas diferentes e comportamento diversos.
Pessoas com doze anos de idade no início do séc. XXI e outras no séc. XIX. As pessoas de doze anos no séc. XIX estavam trabalhando e muitas casadas e com filhos. Hoje elas estão na escola, com maior tempo de ócio, lazer em grupos de iguais.
O que temos contemporaneamente de cultura\condição juvenis surge a partir da década de 50, pois na Grécia antiga, eram grupos de homens, que tinham direito ao ócio mais prolongado, desde que houvesse trabalhadores a fazerem o seus trabalhos. Era a elite que viria a governar, no devido momento. A juventude podia chegar até os quarenta anos de idade. Esse tempo de ócio era para se preparar para os cargos de comando.
No séc. XVII é dado o primeiro passo para a concepção atual de juventude.
Melhoram as condições higiênicas, reduz de mortalidade infantil e inventa-se a imprensa e a publicação de livros. A arquitetura das casas se modifica um pouco. Começa-se a se fazer o isolamento do mundo das crianças do dos adultos. Poque até então as crianças viviam todas as práticas da família junto com os adultos. Inclusive o sexo. Esse isolamento é que cria a infância.
Mais adiante essa condição foi reforçada pelas revoluções industriais. No séc. XVIII e no XIX.
Nesse momento passa a ser necessário mais que aprender a ler, escrever e contar;
são as necessidades para o mundo do trabalho. Para preparar e suprir as necessidades do mercado de trabalho é estendida a infância.
De 1945 e 1970, época auge do capitalismo, hemisfério norte, em pleno estado de bem-estar social os pobres começam a ingressar nas escolas, no Brasil quem ingressava em massa nas escolas era a classe média. Assim que o fenômeno de aceder em massa aos bancos escolares é muito recente, constitucionalmente desde 1988 que indivíduos tem 'direito' de acesso pleno às escolas, até os 16 anos.
São simultâneos ainda o crescimento econômico e o das mídias. São essas mídias que vão começar a discursar, principalmente por meio da TV e do Cinema – Hollywood – formas de ver o que é ser jovem. Nasce a ideia de jovem universal – rebelde, usar drogas, desejar e fazer sexo, gostar de Rock e de determinado tipo de roupa. É a representação tipica de James Dean no filme Juventude Transviada.
Acontece que com isso o isolamento do mundo do adulto e o mundo da criança vai pouco a pouco se rompendo. Porque as crianças começam a ter acesso aos segredos. Que estavam em livros para faixas etárias diferentes. Que estavam em livros diferentes para cada faixa etária, em compartimentos diferentes da casa. Sexo. Guerras. Violência. Corrupção. Dinheiro. Problemas no trabalho etc.
Dizem que a mídia é a vilã, porque influencia e altera comportamentos, mas a mídia só divulga aquilo, que já é prática de alguns grupos sociais, e ao os divulgar as crianças e os jovens podem se identificar, por conta do que já vivem nas suas culturas, e a partir disso desenvolver novos comportamentos.
Não é a TV, por exemplo, que determina comportamento, o que há é um processo de identificação. O jovem vê o que há de comum nesse discurso e naquele que já viveu. Então se posiciona, não necessariamente a favor. Podendo construir uma identidade contrária àquilo.
Entretanto não há um padrão universal de cultura juvenil. Músicas, roupas, comportamentos diferentes, não havendo um formato: odo “todo 'jovem' é assim”. São diferentes o jovem do campo ou da cidade, de regiões mais distantes da metrópole e os mais próximos, com mais ou menos acesso aos meios de comunicação, de um país central ou de um periférico, ocidente ou oriente, de comunidades com maior o menor grau de fidelidade à ancestralidade, com maior ou menor poder aquisitivo, condição de moradia.
Alguns desses grupos terão suas 'identidades' ligados ao padrão dominante divulgado pelas mídias –marcadas como valorizadas-.
Outras 'identidades' terão padrões de vestimentas etc que têm menor valor – desvalorizados e “marcados” como inferiores – a isso se chama “diferença”.
Hoje o padrão de jovens que é valorizado é o de jovem feliz, seguro, que participa de muitas festas, que é popular, geralmente, são rapazes cercados de mulheres, etc sempre divulgados com associação de imagens a determinados artistas, políticos, homens de negócios etc. Esta é a identidade dominante, e não ser assim é a diferença.
As mídias não conseguem, como já vimos, influenciar diretamente com seus programas, elas encomendam pesquisas para saber quais são os interesses, as práticas culturais dos jovens, e partindo desses dados realizam seus programas, a mídia não inventa padrão ela encontra 'tendências', mapeando as características existentes em grupos de jovens.
O que se percebe é que há muitos fatores que estabelecem a juventude, entretanto ser jovem é uma questão sociocultural.
A tecno cultura, é o ambiente dos jovens. A MTV em 1999 encomendou um dossiê\pesquisa para saber, que importância têm os aparelhos na vida dos jovens.
Em 1999 dos jovens entre 12 e 30 anos, 15% deles utilizavam e tinha celular e internet.
Em 2010 a faixa é maior que 90%.
Os aparelhos, para os jovens, tem funções especificas, assim que sabem qual é melhor usar em determinada circunstância, um e-mail, um blog, um foto-log etc, por exemplo, o celular evita um terceiro na conversa.
Alem de ter função especifica de cada tecnologia\aparelho, há linguagens diferentes, vídeos, músicas, fotos, isto é, muito mais que só a fala.
As culturas juvenis são pós figurativas, pois no passado, o jovem lutava muito para conseguir pequenas mudanças, que nem eram determinadas por eles, mas hoje não, hoje a cultura da geração anterior não ser para o presente ou o futuro do jovem, e é o jovem quem determina a mudança que quer e quanto quer.
Não é a tecnologia que faz a diferença, mas é a vida em si na cibercultura que é outra, com as trocas de informações das variações culturais em todo o globo, no ciberespaço se vive na tecno cultura, se cria, se produz, ainda que não seja trabalho, mas é como se fosse, é uma formatação possível.
Não se trata de usar aparelhos, mas de tecnologia embarcada no próprio corpo. Se hoje vemos os jovens com seus aparelhos celulares, ipod, etc pendurados junto ao corpo, não é mero exibicionismo, aquilo faz parte do corpo do jovem, como os seios, a genitália, etc. Porque esses aparelhos dão ao jovem um poder extra, que os permite ir alem daquilo que seu corpo humano pode.
Como a vida se dá efetivamente no ciberespaço, lá o jovem não precisa se apresentar com seu corpo real, pode fazer montagens, desnaturalizando o próprio corpo, com descrições diferentes montadas desde contextos diferentes sobre si mesmo, o tempo também é diferente, pode-se falar com uma pessoa em tempo real, mandar uma mensagem para ser recebida e respondida noutro momento, enquanto acessa um outro site, vê fotos em outro etc.
Os jovens usam outras formas de leitura, e se são outras formas de leitura, são outras formas de pensamento.
Tudo isso aumenta os poderes do jovem dentro do ciberespaço, mas também espelha os seu limites reais, com isso aumenta a sua insegurança. Dai os simulacros do corpo. Inseguros com a relação social, preterido o real ao virtual, medo da violência, preferindo o Shopping, o chat aos espaços públicos, inseguros quanto a outras formas de intervenção ( dai a extrema dificuldade de atuar no espaço democrático que é a escola, bares, boates etc)

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