De modo raso,
democracia é a escolha dentre 'elites' disponíveis. Acho que é
Schumpeter, na dimensão eleitoral, minimamente. Se é de fato só
isso, e é talvez o âmbito que alcanço, ou alcançamos, a
democracia se torna uma loucura. Devo, todavia, alcançar mais, ir
mais fundo, porque senão, acabo por entender que sem mais
instrumentos cognitivos, nós a massa, o povo, não conseguimos
atingir as diferenças entre tais disponibilidades.
Profundamente, é
difícil entender a coexistência, a compatibilidade da democracia
com a pobreza e a desigualdade, apesar de não se tratar de uma
promessa escancarada dela, sequer obrigação, mas está nela desde o
nascimento, com a revolução francesa e outras revoluções, etc. Se
a politica está a serviço do desenvolvimento humano, e isso foi
transposto quase que literalmente para a nossa constituição de
1988, e estar lá ainda não é suficiente, mas talvez seja gerador
de certa tranquilidade de nossos eleitos. O que quero dizer é que se
requer, isso sim, a nossa participação, ainda que tenhamos que
delegar a soberania individual nesse voto. Para tanto discutir é
necessário.
Com o advento das redes
sociais, nos deparamos com um modo novo de discussão em
contrapartida ao da velha Grande Mídia e seu modo velho de
discussão, qual seja, da democracia schumpeteriana de viés
'brasileiro' mas sempre da escolha de elites disponíveis. Que por
razões de massiva alienação nos levou sempre à mais
aprofundamento de discrepâncias preexistentes.
A situação é nova, e
modernizadora, a Internet, mas ainda tem como fonte de argumentação
para o debate a velha mídia, porque esta ainda é autoridade, e a
autoridade requer altos níveis de confiança, ou comodidade,
preguiça.
Ainda estamos citando
frases, que mal sabemos a real origem, descontextualizadas, profundas
por vezes, que supõe sempre, ou deixa no ar o verdadeiro
entendimento daquilo que foi dito, continuamos a postar cachorrinhos
com lacinhos, mas tudo passará porque tudo passa – é a única
verdade – e deveremos passar a âmbitos mais complexos, dos
interesses particulares ao interesse público, afinal estamos no
mesmo barco, e tudo isso está baseado mais que na força, na
confiança.
Entretanto, vejo que
nesse primeiro momento está em disputa não só a liderança de
elites regionais, mas, também em questão a autoridade dessas
autoridades 'julgadoras' 'denunciadoras' e 'formadoras de opinião'
que no seu conjunto fazem a 'grande mídia' regional.
Um fato singular a
pensar é que, se além de delegar minha soberania de poder a
representantes desse meu poder delegado, devo delegar minha
capacidade de pensar, discutir, averiguar, avaliar, julgar valores,
atribuir valores, às velhas raposas.
Na democracia clássica
a eleição já se deu por sorteio....
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