Em
1933 Hitler é eleito Chanceler da Alemanha, depois de uma caminhada
complexa de suas próprias tropas. Uma combinação entre as SA e as
SS. Nas SS estava Himmler e SA Ernst Rȍhm. SA os camisas pardas. SS
cruz gamada.
Quando
foi oferecida a Heidegger a Reitoria da Universidade de Berlim;
Heidegger foi visitar um camponês; Heidegger valorizava muito, como
o Nacional Socialismo, o homem do campo. Heidegger conta que ao
encontrar seu amigo campesino, não trocaram palavras. O camponês,
ariano, porque Heidegger fala de seus olhos azuis. Ambos prepararam
seus cachimbos. Deram umas baforadas. Heidegger não havia dito o quê
o levava àquele encontro, mas depois de um silêncio sábio, e umas
baforadas o camponês disse: nicht, seja não. Então Heidegger
declinou o convite pela urbe berlinense, e mantendo a lógica,
aceitou ficar “pelo interior” na provinciana Friburg.
Acontece
que o SA (Sturmabteilung, algo como departamento da tempestade, mas
na verdade tropa de assalto). Os Camisas Pardas (SA) de Ernst Rȍhm é
quem comandavam as universidades na Alemanha, respaldaram a Heidegger
e nesse momento eram três milhões de militantes, e uma das utopias
das SA de Ernst Rȍhm era corrigir o rumo, girar a revolução
Nacional Socialista em direção ao socialismo. Mas aparece, por
exemplo, Von Pappen que diz: Não fizemos uma revolução
antimarxista, para levar, então, agora o Nazismo ao Marxismo. Então
Hitler resolve as coisas à sua maneira, pouco amável digamos, e
convoca a Himmler, Goebbels etc und consorten e produz o que se chama
'A noite das peixeiras compridas” “Nacht
der langen Messer” e em quatro dias matam mais
de mil pessoas e entre elas a Ernst Rȍhm.
Antes
de assumir a reitoria de Friburg e em honra a um herói alemão,
venerado pelos camisas pardas, Albert Schlageter que havia dado pela
pátria sua vida em França, Heidegger faz um discurso, mui alemão,
muito denso, e ao terminar disse: Agora levantemos nossa mão em
silêncio, fazendo a saudação nazista.
Heidegger
não podia naquele momento desconhecer que o Nacional Socialismo, o
Nazismo, era um movimento racista, belicista....
Ao
assumir, a reitoria de Friburg, Heidegger pronuncia outro discurso. A
esse discurso estão presentes os SA camisas pardas, e os das cruzes
gamadas SS, e o estudantado. Heidegger suprime as liberdades
acadêmicas, impõe normas rígidas de trabalhos físicos para os
estudantes, e logo ao conceito. O conceito fundamental é uma
remissão aos gregos. O eixo Atenas Berlim. A remissão está
condensada na frase: O começo ainda é. O começo ainda vige. Que
nada mais queria dizer, que os alemães deveriam encarnar o espirito
grego do ocidente, do mediterrâneo. Os alemães deveriam ser dignos
desse inicio. Esta era a meta. A meta alemã de retomar ao espirito
de Atenas, via Berlim, começá-lo, levá-lo adiante.
E
para terminar o discurso lançou mão de uma frase poderosa, que
Heidegger atribui a Platão: “Todo o grande está no meio da
tempestade”. Deve-se lembrar que tempestade é Sturm, não é a
palavra usada por Platão, mas Heidegger a adapta a sua
circunstância, para fazer referência a SA 'Sturmabteilung', tropa
de assalto. É uma frase poderosa para um auditório de militantes,
depois disso como não atacar a Polônia!? Mas isso foi antes da
Nacht der
langen Messer.
Heidegger
renuncia ao reitorado de Friburgo poucos dias antes desta noite.
Mas
em 1935 dá um seminário fundamental que é: Introdução a
Metafisica.
Habermas
diz que os alunos inciavam o curso como soldados e terminavam como
oficiais.
Heidegger diz:
“O
mundo atual, a Europa de hoje, em atroz cegueira está se suicidando.
Quando no mundo, o tempo é só para medir a rapidez, ou seja só
rapidez, e quando o boxeador seja a grande figura de uma nação,
quando as grandes massas são igualadas na URSS, quando a
simultaneidade nos permite, escutar um atentado em Tóquio e um
concerto em Londres, e quando a existência se há desvalorizado,
então como velhos fantasmas votarão as velhas perguntas:
Por
quê?
Para
quê?
Para
onde?
E
acrescentou: Nós, a Alemanha, somos a última possibilidade do
ocidente. Estamos rodeados por tesoura formada pelo mercantilismo
americano e a massificação russa. Os americanos devorados pelo
mercantilismo, pela conquistas das coisas, os russos pela
massificação ditatorial. Alemanha necessita de espaço vital. Frase
cara a Nietzsche. Bordão de Hitler. Nossas conquistas, as
conquistas armadas alemãs devem ser espirituais. Somos o centro do
ocidente e temos que salvar a terra, a devastação da terra pela
técnica, a qual está submetida. Porque isto em que vivemos, já não
é a terra, porque o homem se esqueceu de ser, e se consagra à
conquista e manipulação das coisas, objetos,etc. Isto nada mais é
que a coisificação da existência. Na qual o homem se perde como
homem, na conquista dos objetos, e ao fazê-lo ele próprio se
transforma em coisa. E como coisa já não encontra o ser. Zen. O
absoluto. Uma clareira no meio da floresta e onde o homem se comunica
com o mais autentico de si.
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