O caráter monolítico do paladar brasileiro leva toda gente a comer carne bovina. Avança-se sobre este rebanho nacional como se do mesmo se tratasse. É coisa viciosa desde tempos remotos. Assim comemos todo o palmito da Mata-Atlântica. Como se fossemos formigas de correição, que por onde passa não sobra arbusto com folha. Não choro pela diminuição do rebanho decrescente. Eu como de um tudo. Mas voltando ao hábito da unanimidade, esta é um vício que leva a outros. Um deles é o completo desaparecimento de pequenos produtores de hortifrúti e pequenos granjeiros nos arredores da cidade. Tudo há que ser em grande escala. De tal maneira que hoje temos quase que tão-só umas poucas marcas de calabresa, e ruins, umas piores. Não havendo diferença entre paio e estas.( Note isto: exceções não invalidam a regra ) Conseguem custar mais que o file mignon suíno, sendo que tais tripas ou tubos de plástico são recheadas com todo tipo de goma e uma lista infinita de “E-“ seguidos de números, e é o nome dado a acidulantes, aromatizantes, espessantes, conservantes, etc. Dessa maneira não criamos excelências culinárias. Não escapando deste defeito a nobre picanha, sendo a boa a excelente é Uruguaia, Argentina. Diferenças de qualidade e preço como o que acontece com o azeite ( sempre estrangeiro)poderiam ensejar uma vontade de níveis de excelência do nosso óleo de soja, girassol, milho, etc., mas não ensejam. Só há óleos com excessivos resíduos ácidos, devidos à sua extração, pouco diferindo do biocombustível. Assim vamos, um pais inteiro temperando tudo e mais alguma coisa com glutamato monossódico. Como queria Oswald de Andrade partimos do tomate pera seco ao sol italiano a qualquer tomate, nem tão-somente maduro, seco ao micro-ondas e, quando a coisa chegou ao populacho a se transformou numa massa, há tomates secos marrons! Há “Alice” sardinhas anchovadas que parecem um pente fino, para pentear-se ao passar brilhantina.Isso é antropofagia. O pior é que há comensais que não o diferenciam de uma acciuga, achoa, sardela, etc..
.
Nenhum comentário:
Postar um comentário