9 de mar. de 2013

Feliciano é representativo. Infelicianamente.




Este texto não é um trabalho cientifico, mas fruto de certa observação, um pouco de extrapolação – e isso é estatística corrente no nosso mundinho – e minha leviandade de fundo.
Quando visito os sites da “grande” mídia tenho por hábito ler os comentários que vêm obrigatoriamente abaixo. São sempre foco de minha curiosa atenção. Outra fonte são os comentários e memes totemísticos do FB. Depois a vida real, no trabalho, nos bares etc.



Dentro deste arcabouço, há dois anos tem sido difícil defender o bolsa família, o MST, A verdade da violência na ditadura que findou em 1988, o sistema de cotas, questão do aborto, os direitos dos homossexuais, os direitos humanos e qualquer sintagma em que esteja conformada a palavra 'social'. Levianamente diria que é mesmo um 'endireitamento' de nossa sociedade. Trocadilho usado pelo governo do Estado de São Paulo. É importante usar trocadilho – não tema usar, criar trocadilhos, ainda que algum crítico imbecil seja contrário – eles são poderosos.
Se poderia acrescentar algo numa definição da direita, mas muito pouco, então direita é isso.
Dificilmente veremos em discursos de direitistas sequer uma possibilidade de diálogo dentro do quadro descrito acima. 




Cada um por si e deus por todos, sim, mas qual deus? Do catolicismo secular ou da novíssima ordem religiosa. Para mim, tanto faz, todas essas igrejas, novas ou velhas são o que há de mais retrógrado que há na face da terra. E se houve um momento que algo melhor pudesse acontecer dentro do catolicismo, com a teologia da Libertação, suas vozes foram caladas no velho estilo ditatorial, quer esquerda ou direitista.
O modo mais ou menos idiota em que o pastor Feliciano se manifesta, encontra argumentos para discriminação racial, para exercer toda a sua fobia, não diferem profundamente dos argumentos da direita brasileira e igreja católica pensadoras. Duplo oximoro. É importante, como já disse antes, usar as figuras de linguagem.
Nada mais idiota que uma fumaça anunciar o novo papa. Nada mais idiota que as indumentárias da cúpula desta igreja, nada mais safado que uma sotaina. No entanto esses adereços carnavalescos são 'levados a sério' por grande parte da população mundial. Vira noticia o fato de o papa renunciante renunciar o anel, que ele, no seu tempo, restituiu desde o fundo da tradição mais torpe, desta igreja torpe, quando olhada desde suas catacumbas e de seu passado, seu presente e seu futuro.
Assim não há – qualitativamente – a menor diferença de ranhosismos entre o pastor e o papa, neste caso considere uma sinédoque, na dúvida, uma metonímia. Talvez seja de extrema crueldade o fato inequívoco de os afrodescendentes serem grande parte do rebanho do pastor. Mas não é diferente daquela dos seguidores ensandecidos dos iAlgo de Jobs.
Desta forma leviana e extrapoladora, por preguiça, concluo que não poderia haver dentro da sociedade brasileira outro presidente de comissão que não fosse de direita. Bom, se da bancada da igreja, se da bola, se dos latifundiários, se dos 'endireita' Brasil, não vem ao caso, e não faz a menor diferença, afinal no Brasil não há racismo, nem fobias, nem guetização, nem diferenças de ganhos significativos entre homens e mulheres, e é vox populi que todo aborto é um crime já que a ameba é uma vida...

7 de mar. de 2013

Papas, Pastores e Fromage.



Bento XVI foi um reaça. Me desculpem, mas alguém havia de dizer. Tive vontade de lhe dar uma gravata, não estas que os noivos vendem pequenos retalhos nas festas de nupcias, mas aquela que se passa o braço pela nuca, envolvendo todo o pescoço, e assim reduzi-lo, nem que fosse para lhe dar uma cusparada na orelha. Pardelhas. Tremo. Relâmpagos e trovões, cheiro de enxofre, e todas as trombetas do Apocalipse. Anátema! Anátema! Mas, gente, se vivemos num estado não confessional, ainda que às vezes traria efeitos um retorno à teocracia.
Ultimamente, os monoteístas, ah os monoteístas eles têm a pele muito fina, e a crise de valores ateia fogo e faz uma onda conservadora tsunâmica, às direitas, se extremam. Uma onda moralista, uh! De muitos pés. Querem retomar o poder, sinal dos tempos. Dizem que encontraram indícios de vida num planetinha das redondezas, pergunto se não é o caso de emigrar, como queriam os banqueiros nem há tanto tempo assim.
Ora, ora, Ratzinger e os Pastores evangélicos, aquele encarnava, estes encarnam a versão mais retrograda de suas respectivas e invencionices religiosas, mas me parece que os Pastores são mais heavy metal. Estão num patamar acima de Ahmadinejad ou o ditador gostosão da Coreia.
Com tantas ovelhas, por que não temos um belo fromage à l'huile d'olive, neste horto das oliveiras.  

Beber a derrota.




Coincidi com Joana no bar do Zebra, digo coincidi porque não marcamos encontro. Eu sei que Joana às vezes o visita, mas antes andamos a fugir que encontrar o outro, mas desta vez coincidimos. Enquanto bebíamos, gestávamos desastres vãos, como a vida a miúde. Entretanto pouco a pouco nos foi tomando conta alguma embriaguez  filosófica, sem estrategia, se nem temos tática, íamos ao sabor dos ventos tateando explicações, para a tragédia. Pensávamos de muitas maneiras, mas a conclusão sempre queria se expressar unilateralmente, na sociedade ou no seu fundo, um modo de entender a arte, a beleza, ou a ética das formas fundamentais, elementares e a suas grandezas. Enfim, perdemos quando temos diante do nariz modelos totemísticos mais contundentes, de resposta imediata e contabilizável, que  botam fé, fiável, de uma maneira quase perversa à natureza mesma do mundo real em que vivemos. Acima de tudo, pode ser que isso se trate de uma defesa e esta é o contra-ataque desapiedado, e é o mesmo que destruir antes da criação, ou desqualificar antes de elogio; “aniquile e vencerá\possuirá” remarcava Joana. Seguimos, ligeiramente, perplexos quase burlescos, como se detrás da ironia pudéssemos nos construirmos pequena fortaleza (lembrei de dulcíssima prisão), frente à miséria da euforia coletiva, que é gerada basicamente pelo convencimento de uma ideia, aquela que tolera a exploração alheia e própria, das fraquezas humanas.
Tudo isso vinha rebocado por soslaios que não podiam fugir do futebol na TVzona, a tínhamos diante dos olhos; mas por sorte ou azar olhávamos além da tela plana, pois ali também é legítimo o uso do imediatismo, acima de qualquer princípio: não se trata de pegar ou deixar de pegar, senão de quem pega primeiro. De quem sabe explorar melhor a conjuntura, qual vimos ser empurrada pelo tempo e circunstâncias de toda uma vida a deriva.
Um sobrevivente, seja qual seja o critério que o move, é um herói, um modelo encoberto a seguir, e a perversão dos seus argumentos se aceita com uma tolerância e uma admiração, alarmantes. Concluíamos lentamente e ainda irônicos, que o totêmico e o avarento também criam, mesmo quando a criação é derrotada, morre com ela a beleza, as sutilidades e suas formas, então no meio da crise de ideias, o equilíbrio é puro desequilíbrio, um palhaço na corda bamba, por onde a simples cerveja desta tarde, nos converte instintivamente, em assassinos, convencidos e confessos de nossa não nobreza.   

28 de fev. de 2013

Facebook: A RedeSocial é a mensagem.




Desapiedadamente Macluhan em seu livro: Understanding Media, e seu nó afirmativo: The medium is the message ( o meio, o veículo é a mensagem) matou a hipnótica discussão entre forma e conteúdo; definitivamente a forma é a mensagem. Décio Pignatari diz a proposito também de discussões circulares modernistas como “poesia inefável” “ incomunicável” ao que Oswald de Andrade respondera “Como inefável?” “ Como incomunicável?” “... Se a poesia está aí, nas palavras, e nelas se comunica!”, Marshall Macluhan deu razão a Flaubert contra os “conteudistas” em: “a forma nasce da ideia”. Ainda afirma tratar-se do fim de uma era que nascera com a criação do código fonético e a sistematização dos tipos móveis de imprensa. Com isso decreta o fim da cultura tribal. É o advento do individualismo, militarismo, nacionalismo, a tecnologia ocidental e mesmo o fordismo (hoje superado, nos países de fronteira). Decreta a implosão da informação complexa, dando lugar a informação antiverbal, àquela descontínua e que se manifesta em mosaico. Com isso o que se afirma é que não importa o conteúdo, se de baixo ou alto nível, pois é o veículo que molda, altera o comportamento, condiciona a participação, a percepção no sentido do envolvimento, o que importa é estar na rede, sendo o demais, linearidades soporíferas...
Estamos na rede. Somos seres estendidos, porque a rede é o puxadinho de nós, onde depositamos nós que não se desenlaçam. Quem amassou um sulfite A4 arrancado com fúria da máquina de escrever e atirou ao cesto, inventou coisa melhor, o Basquetebol! Jogamos tudo na rede, no começo confesso que me envergonhava das publicações, depois passei encarar tais leviandades levianamente; ainda sou coerente. Prefiro ser leviano a impostor, ainda que tenha muito deste. Havia passado incólume ao Orkut, mas isso diz mais de ignorâncias que convicções.
Assim como o fenômeno televisivo incomodara muita gente, nas últimas décadas do século XX, hoje é moda as discussões sobre a “rede social”. Se depositamos muita ênfase nas suas possibilidades, é que continuamos a pensar como antes, nas possibilidades da rede social tal e qual depositávamos na TV, Rádio...
O grande ser da TV é o bebedor de cerveja e comedor de pipoca, e o retém diante dela; a rede social tem diante de si o homem interior se remordendo, passivo, ademais como o anterior, incapaz de mover um dedo, porque brevemente não fará falta tocar nada, talvez o pensamento movimente a rede, com essa mistura degradada, degradante de psicologismos e velhos métodos audiovisuais e Public Relationship ao borde da farsa. Essa coisa se dá tanto na chamada camada cultural inferior quanto nas superiores, em ambos âmbitos socioculturais se observa o fenômeno massivo da degradação da informação, dada a dificuldade de criação, de perceber e criar informação realmente original, posto que as informações são de epifenômenos (sintomas de uma doença declarada, a evolução desta) ou de fenômenos setoriais, quando a informação de primeiro grau é de estrutura e essa não circula.
Chego a desconfiar numa certa existência da tal incomunicabilidade, esta seria o resultado de uma saturação da informação.
Por quê? Por haver uma comunicação num só nível, e dentro de um grupo ou classe dada, e os significados vão se automatizando.
Isto é bacana demais, porque é o berçário da formação de slogans, e como tudo envelhece, pui; tais slogans acabam remendados e com dentes pintados de preto como se vivêssemos uma imensa festa junina. Olha a cobra... é mentira!


26 de fev. de 2013

Privacidade: O Espião.




É certo, que se não se encontra entre os espionados pela mídia, RF, hackers, FB e se não está no BBB, é que não se é ninguém; entende-se ninguém que se leve em conta. Portanto, as vítimas das escutas ilegais dos arapongas de toda sorte, devem se sentir afagadas, lisonjeadas pelo fato de a sua relevância as converter em objeto, no mínimo, de curiosidade dos rivais; já se sabe que a importância do indivíduo se mede pela importância dos rivais ou inimigos que têm. Em frente; o “celebrizável” é também quantificado pelo número e duração dos registros clandestinos a que foi submetido, seu telefone, ou um microfone escondido num arranjo de flores sobre a mesa do restaurante com cadeiras de espaldar e almofada revestidos de veludo verde, Leopoldo.
Temo não figurar nesse milheiro, ou dezenas de milheiros, de escolhidos; é como se não existisse o mínimo interesse sobre o que posso dizer, fazer ou escrever. Oh! Tristesse! Mas pensa que me resigno a não ter qualquer protagonismo em meio a tantos tipos de rolos, obscurantismos e intrigas, tão apaixonantes quais romances de Eça ou Machado, ou mesmo como as novelas do horário nobre. Não, não e resigno.
Li em algum lugar, que há um plano da oposição – PSDB, PIG etc – em frustrar a reeleição de Dilma, fazendo-se uso de todo tipo de recursos, humanos e materiais. Com o intuito de obter todo tipo de informação, verossímil ou falso, quais sejam, das pessoas implicadas no jogo eleitoral, para então o Ministério Público tomar as providências. A oposição, seja, seus serviços de inteligência – desculpem-me pelo duplo oximoro – estariam dispostos a recompensar generosamente quem dispõe de uma tribuna; seja radiofônica, televisiva, blogosférica ou de perfis mui seguidos na rede social, quer dizer, capaz de influenciar na opinião pública e se avie a fazer o jogo. Olha! De pensar me dá calor de provocar arrepios.
A tentação é forte, e franca fragilidade, todos temos um preço. Mesmo porque, a vaidade de não ter nada escondido debaixo do tapete, não vale nada, é vã!
Os hackers não fuçam as minhas senhas. O Instagran nem liga para as minhas fotos! Nem passo apuros com o Leão, infelizmente! Não ando com sinalizadores...
Assim que, quero dizer, se começarem a ler coisas a favor de certos e incertas caras, tecer loas ao Felipão, ou pedir a volta da ditadura, a diminuição de legisladores nas câmaras; farão bem em pensar mal, de mim, sobretudo se me virem pela rua com umas trezentas cilindradas a mais, jaqueta de couro ou entrando em churrascaria onde o bife é de Red Angus. Não, há almoço grátis. Imagino.

25 de fev. de 2013

nada




Nas situações limites nos acudem os sentimentos limites; aqueles tão fronteiriços que apenas, ou nunca, boiam ou se manifestam. Não é que, exatamente, se despejados numa conjuntura desesperadora, a nossa própria desesperação dinamitasse a parte mais oculta da alma, ou a mais bondosa, mas sim que o ambiente nos empurra às novas pressões sobre os valores, os sentidos, os princípios, e então toda esta mistura elementar toma uma forma ou outra, um perfil barroco, feio, aleijão, ou numas linhas estilizadas dignas do ideal clássico.

A sociedade atua da mesma maneira, como um indivíduo, mas massivamente, contagiando-se com seus tiques e, assim os esquemas coletivos evoluem para novos parâmetros a fim de legitimar todo tipo de solução.
A corrupção, por exemplo, não é um, de parâmetro. Louco não é: A corrupção não é um exemplo de parâmetro. Mas nela visualizamos as vias em que uma pessoa pode avançar desde o convencimento que aquilo que perpetra nem é tão barroco, nem é tão feio, nem tão aleijão, tão só é uma expressão destilada da sua natureza humana. Pode ser que em tempos convulsos, como no meio de dessa verdadeira guerra, mais que dinheiro, a questão já o é cultural, o identitário e essencial, onde os gestos são contorções, os castelos de areia desabam, os que eram Gama, são Alfa, ou Beta, ou mesmo outras letras já de todo ilegíveis, escritas por mãos doentes.
As decepções são rachaduras nos que se esforçam em seguir relativamente coerentes. Um teatro que não há deus nem homem que pode suportá-lo.
Não é que a nossa sociedade seja suja, ou radical, ou baixa; senão que uma parte boia e respira à superfície, enquanto a outra, a limpa, fica invisível. Mesmo a limpeza também já é um valor decadente, pelo seu componente de ignorância e de, curiosamente, falta de espelhos.
As personagens mais obscuras da história, mas também os heróis e os mais brilhantes, surgiram de realidades extremadas, nos recantos mais distantes da moderação, de maneira que hoje esperamos a confrontação espontânea entre líderes miseráveis e dignos.
Dignos e malditos não se manifestam, verdadeiramente, dentro do nosso campo de percepção, nos nossos limites. Mas não somos os nosso limites. Somos, talvez o reflexo de um medo, de uma instituição, de um obscurantismo que se espraia, mas depois tornaremos a normalidade, metidos em novas metas e bandeiras até a medula, e tudo para tornar a alcançar outro limite, outro erro. E descobrir que somos finalmente: Nada.  

22 de fev. de 2013

django.




Produtos de baixa qualidade, ou desconsiderados, marcos da cultura de massa, ou lixo, se quiserem; que passam por um moedor, aonde vão de mãos dadas o visual, o musical e o mundo das vísceras, e flertando diretamente com a emoção, pura, se converte em arte. Como, por exemplo, o kung fu em Kill Bill.
Agora um faroeste espaguete derivado do filme de Sergio Cobucci, com Franco Nero, para mim foi o must lá pelos fim dos anos 60 principio dos 70 quando vi no Cine São Roque, e na casa das máquinas estava o Roberto Nobile, onde vez por outra subia para sem saber imitar Cine Paradiso.
 Pois daquele Quentin herda o nome e o substantiva e acolhe o tema central daquela trilha sonora, para dar nisso: uma gag hilariante sobre a Ku-Klux-Klan.
Ritmo, engenhosidade, trilha sonora, fina e grossa ironia, silêncios onde falam o colt que no mais das vezes é apenas mostrado, mas isto já é um signo Saussureano que significa e é significante, enfim o colt mostrado em close: fala; alternados com o palavrório do dentista – monólogo - e seus adereços, tudo se une nas primeiras sequencias desse Django, prodigiosas, violentas, porque verdadeiras brigas de rua, comicidade insólita transbordante de sem-vergonhices, como no escravo solto aos cães. Claro que em Pulp fiction não – deslumbrante e perfeito – mas a partir dele e talvez Reservoir dogs Tarantino se põe desmedido, não pelas Smith & Wesson que despedaçam os corpos, mas pelas quase três horas; se somar que encontro equivocada o a evolução da personagem de Samuel L. Jackson, a paródia de um fantoche no meio da farsa grotesca, nem é a mesma coisa, muito menos igual. Ficou um pouco casas Bahia, muitas prestações iguais, mas sim, enche os olhos com toda a mitologia dos westerns somadas às dos faroestes espaguetes, uma linguagem que não foi Quentin Tarantino quem as criou, foi Hollywood, ele as usa à sua medida eu as entendo às minhas medidas.

18 de fev. de 2013

Gênero e Sexo.





Talvez consiga, partindo dessa primeira blocada, construir coerência que me leve a 'uma' resposta, que não seja qualquer, para esta pergunta: Se há um sexismo na linguagem, ele gera uma invisibilidade feminina? Me parece que há mais perguntas subjacentes. E como é moda ser construtivista, vou tentar de tudo um pouco, como se fosse Marina Silva, vender madeira nobre centenar e defender a árvore.

Me deparei com duas questões logo nas primeiras leituras. A língua tem gênero? E Sexo?
Fui ler.

Gênero - no sentido de 'gender' da língua inglesa – conjunto de representações, crenças e comportamentos prescritos aos membros da sociedade em função da diferença anatômica.
Neste sentido é de construção social e não uma separação de papeis natural e inerente ao sujeito ou aos sujeitos ou o que se espera deles em termos de masculinidade e feminilidade.

A classificação dos sujeitos, em função da categoria de gênero, produziu em todas as sociedades uma divisão dos espaços, do trabalho, do poder e consequente subordinação e orientou e orienta ( sou principiante nisso e declinei o convite que me faz, ainda, “determinou” e “determina” por orientar) as relações entre tais gêneros.
Já aqui, e sem poder ir adiante, porque se instaura outra pergunta: Se gênero é construção social, por que tão somente dois? Bipolaridade?
Estou diante da Ideologia de Gênero?
Os proponentes desta ideologia afirmam que as diferenças entre o macho e a fêmea não correspondem, tirante as óbvias diferenças anatômicas, a uma natureza fixa, que faça uns homens e outros mulheres. Porque as diferenças de maneira de pensar, fazer e julgar-se a si mesmo, o faz como produto da cultura de um país e duma época determinada, e que a cada grupo de pessoas uma série de características são conferidas por conveniências das estruturas sociais!
Deste modo cria-se a liberdade de escolha de “gênero” que se possa querer pertencer, e todos igualmente válidos e simplesmente modos de comportamento sexual, produto da eleição de cada pessoa. Noutras palavras: Inventar-se a si mesmo!
Diz assim Judith Butler no seu “Gender Trouble: Feminism and the Subversion of Identity”: “ O Gênero é uma construção cultural, por conseguinte não é nem resultado causal do sexo nem tão aparentemente fixo como ele. Ao teorizar que o gênero é uma construção radicalmente independente do sexo, o gênero mesmo vem a ser um artificio livre de ataduras; em consequência homem e masculino poderiam significar tanto um corpo feminino como um masculino; mulher e feminino, tanto um corpo masculino como um feminino”.

Antes de continuar veja a piada: No passado os ingleses passaram a utilizar “Gender” para serem corteses e evitar o sentido secundário que sexo tem em inglês. Já faz algum tempo que o termo “gender” se abriu a estas novas perspectivas, papeis socialmente construídos.
A IV Conferência Mundial das Nações Unidas sobre a Mulher, em Pequim 1995, foi cenário de lançamento da campanha de difusão da nova perspectiva que definiu: “ O sentido do termo Gênero evoluiu, diferenciando-se da palavra sexo para expressar a realidade de que a situação e os papéis da mulher e o homem são construções sociais sujeitas a variações, mudanças”.
Noutras palavras: Não há um homem ou uma mulher natural, e que não há conjunções de características ou de uma conduta exclusiva de determinado sexo, nem sequer na vida psíquica. Assim a inexistência de uma essência feminina ou masculina nos permite rebater a suposta superioridade entre um e outro sexo, e questionar no limite do possível se existe uma forma natural de sexualidade humana.
Muitos países membros das Nações Unidas, tentavam abolir o uso da palavra “gênero” e substituí-lo por “sexo”, no que foi prontamente rechaçado pelas 'feministas de gênero', porque viram nesta tentativa de revogar conquistas das mulheres e bloquear progressos futuros.
O termo “feminismo de Gênero” foi cunhado por Christina Hoff Sommers no livro “Who Stole Feminism?” (Quem roubou o Feminismo?) e o fez para distinguir do movimento feminista pela igualdade: “ O feminismo da equidade é sensivelmente a crença na igualdade legal e moral entre os sexos. Uma feminista de equidade quer para a mulher o que quer para todos: tratamento justo, ausência de discriminação. Pelo contrário, o feminismo de gênero é a ideologia que pretende abarcar o todo, segundo a qual a mulher está presa em um sistema patriarcal opressivo. A feminista da equidade opina que as coisas tem melhorado muito para a mulher, a feminista de gênero frequentemente pensa que tem piorado. Vêm sinais do patriarcado por todo lado e pensam que a situação piorará. Porem isso carece de base na realidade. As coisas nunca estiveram melhores para a mulher que hoje é grande parte do estudantado universitário, e a diferença salarial continua diminuindo”.


14 de fev. de 2013

Papa Bento e o Sommelier.



Outro dia fui com a Joana a um restaurante bom, quer dizer mais chique que, nisso é que dá querer dar uma de esnobe, havia sommelier! Ele, empertigado, ia entre as mesas como se estivesse oficiando a sacrossanta cerimônia do vinho. Amigo! Aquilo era a verdadeira santa missa. No fundo estava vestido mesmo de padre. Todo de preto, e isso sim, não usava aquele colarinho clerical, sim uma borboleta. Mas nem a festiva mariposa, podia dissimular-lhe o gosto enrustido por uma sotaina, doidinho para nos arrancar, com cotonetes ou sacarrolhas, o inculto cachaceiro que trazemos amoitado dentro, como o demônio se tratasse.
Enquanto ele falava, te juro que deu vontade de me confessar: Senhor Padre, estou bebendo vinho tinto com o badejo. Pior, ainda, meu colega, é que comecei a olhar com luxuria a cerveja do comensal vizinho.
Entretanto sei que há sommelieres bacanas, que recomendam bebidas e em suas propostas, podemos descobrir novos prazeres, ou uma aventura interessante, até mesmo uma marca que nunca se nos havia ocorrido experimentar. Outros, como esse, é lamentável, são sujeitos empoleirados num púlpito, um apêndice externo, que invadem a privacidade da nossa mesa, para importunar com sua autossuficiência e sua conduta de valentão estripador com sacarrolhas.
Oxalá não proliferem, melhor que isso, se extinguam como o gaturamo bonfinense, ou os espantalhos dos arrozais. Porque senão, espantarão aquele que bebe vinho por gosto próprio, como expulsaram os católicos das igrejas, por puro aborrecimento. A     

8 de fev. de 2013

Milagres e Novas Igrejas.


A ferramenta do Materialismo-Histório é a produção material da vida material. Noutras palavrotas qualquer análise do materialismo – da vida material – ( note que mesmo o mais espiritualista dos seres, por exemplo, o Dalai Lama, se veste, come, bebe e dorme (sendo leviano) jogando palavras ao vento ), voltando, a análise partirá da produção desta vida, a vida material.
Um exemplo: A história “oficial” quando fala da abolição da escravidão, 'esquece' de dizer que o fundamental na extinção deste modo de produção, foi: Um,  naquele momento o escravo custava mais que o homem livre. Dois: ao ver que o 'imigrante' era razoavelmente livre – comparado às suas condições – o escravo entrou na luta, que era, de seu interesse.
Outro exemplo, este contemporâneo, é a debandada geral dos 'católicos' para as religiões novas. Tirante os falsos milagres, as igrejas insistem em receber um dízimo, um valor sobre a renda da pessoa, ora, um desempregado não tem renda, um bebum não tem renda. Assim nota-se a olhos nus que uma das tarefas é retirar o cachaceiro da rua e empregá-lo, fazendo deste um dizimista, e mesmo que seja puído, sempre se apresentará aos cultos na sua melhor indumentária, o terno e gravata, notadamente com o dízimo em dia.
É a mais pura e simples e eficaz “educação” material, para viver no mundo material, suprindo falências estatais, municipais e familiares. Claro é, que vivemos em mundo de consumo, e na maior parte do tempo, assim, somos tratados: consumidores. Claro é também, que quando votamos 'errado' quisera-se que fôramos: cidadãos, mas não vem ao caso. Este 'cristão' novíssimo não deixa de ser reacionário , ademais, como todos os outros, e como a maioria das 'congregações' como Opus, Maçons, etc. Notadamente por estar num dos países mais reacionários do planeta, ocidental, desde que exista ocidente e que se compreenda o conceito de ocidente|oriente.
Por isso e desde já declaro, e uso um verbo caro à religião, declaro que não comungo com as ironias despejadas sobre as tais religiões, porque para mim, se fizessem algum mal, seria o de procrastinar o saber material da cruel ausência e completa de deus. Afinal o fato de acreditar ou ter fé – sei que são posturas e entendimentos diferentes – faz parte da loucura humana, sendo que há ateus que botam a maior fé nos tais 15mim de Andy Warhol, sem sequer um minúsculo questionamento.
As mudanças de comportamento do brasileiro D e E para C, acompanham os mesmos dos da C para B, incultos e bossais, mor das vezes, sendo que a eficiência da mudança de classe material para ser completa deveria ser acompanhada de mudança 'cultural', mas nem exemplos temos. Nosso teatro é irrisório e risível, nossa música, alias quase toda ela vem sendo feita pela classe ascendente, com suas mazelas, seus ecos acabam por influenciar, mesmo, os mais 'clássicos' MPBs. Nossa arte plástica, é mesmo quase isso, descartável, e como tal um lixo a mais nesse lixão que ninguém sabe o que fazer com ele, nem os ambientalistas. Alias ambientalista que não trabalha na prevenção, e desenha condomínios fechados e lá mora, fuckin-up e de saquinho na mão catam rolhas úmidas de cães senhoriais, com vontade de desfilar galgos em Trafalgar Square, rodando sombrinhas no sec. XVIII.

5 de fev. de 2013

BBB vs Ler?

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De cara, Grande Irmão é personagem livresco, dizem que é uma das pessoas mais influentes no mundo sem ter jamais existido – em 1984 de Orwell “ The Big Brother watching you” era a propaganda do estado; do livro saiu o programa BB que no Brasil se somou outro B! Não sei se é ocasional esses bês de bunda em abundância.
Há muito deixei de ver televisão – lá pelos idos de 2006 – diante do medo que me assomava ao ter de ouvir, inesperadamente, de pessoas celebres, e só porque celebres, opiniões descerebradas, ou, por exemplo, de ver principalmente em época carnavalesca, que o simples aparecer de uma câmara de TV faz a miss virar o cu para ela, câmara. Não que não goste das adjacências, mas sei que logo o repórter perguntará à dona das protuberâncias redondas tremelicantes e ela responderá: sou mangueira desde... ou bobagens descomunais. Ou então grandes enchentes que levam “tudo que eu tinha” e o choro respectivo, é me desconfortável. A TV tem esse desconforto, claro para quem o sente, para quem não o sente não há contra indicações.
O BBB está inserido dentro deste leque de surpresas. Surpresas que tanto podem ser agradáveis como não? Ou desagradáveis. Ambos sentimentos podem ter significados importantes a serem aproveitados ou descartados, lixo mormente.
Quando vi BBB, e foi pouco o que vi, mas não havia nada que me aborrecesse, senão que os instintos animalescos, que procuro apaziguar em mim, mas é o componente básico às pessoas enclausuradas. Não se pode negar a aptidão que têm de tudo fazerem por um milhão de reais ou mais. Até ai! A vida tem me ensinado que o dinheiro não traz as marcas de sua origem, seja na vida privada ou na vida pública. Ninguém se enrubesce devido a origem do dinheiro que tem. É certo também que há uma classe de pessoas, talvez por não terem se endinheirado, que têm travas a respeito de certos comportamentos. Entretanto estas mesmas pessoas, com o médio que têm, querem o fazer valer mais, noutras palavras com o pouco que têm querem produzir diferenças, e quiças não existam tais diferenças, além da necessidade que sentem de criar guetos para os outros, de certa forma os apartar.
Trabalhei como garção com um festeiro afamado em Rib. Preto no final da década de 70 enquanto frequentava a universidade. Neste trabalho tive contato, até carnal, pois era jovem, nas festas que havia na incipiente capital da cana-de-açúcar. Foi daí que me pesou a frase de John D. Rockfeller que a diferença entre pobres e ricos é o dinheiro, e o dinheiro é o que é.
Uma das grandes falácias que rondam como um urubu a cabeça de pessoas tidas como incultas é o livro. Como se pessoas que leem fossem incapazes de cometerem animalidades. Um sujeito erudito como Adolf Hitler não poderia ter, então, feito o que fez. Hitler alem de admirador das artes plásticas, entre outras coisas leu e entendeu Nietzsche, diferentemente de muitos que vomitam frases de efeito, e vez por outra não foi o que disse Zaratustra. Assim, ler, para uma camada social é um bem, que a todo momento aspiram a que se transforme em algo mais de mera erudição, dinheiro. Tudo pode ser reduzido a dinheiro, afinal estamos no capitalismo, mas saber tudo que se passou com a família Buendia, e por sinal Buendia vem de Buen que é bom e dia que é dia, e faz Bomdia, não se transforma em dinheiro assim, num passo de mágica como na fantástica Macondo. Ler é bom e não bem. Ler não abre a mente de ninguém, em algumas por sinal, vazias, as enche de minhocas, como no caso da famosa triste figura do errante cavaleiro e seu fiel escudeiro. Há algo que é estudarmo-nos enquanto humanidade e enquanto indivíduos, o que somos, para onde vamos ou donde viemos?
No entanto ler é consumir, há que se tirar esse véu obscurantista da atividade de leitor, pois o prazer está em ler com prazer.
E nesse sempiterno consumo de livros se matiza - estranha mania - o gueto. Porque há literatura de todos os pendões e penachos, igual tatuagem. Por exemplo, li Ulisses, num primeiro momento, para falar que o havia lido. Até que um santo dia encontrei um cara na Espanha – quando cometi a asneira de dizer-lhe entre uma tapa e outra que havia lido Ulisses – que me disse: Se não podemos nos entender nesta língua deveríamos mudar de língua. Não sou burro e entendi, supus se tratar de uma citação, mas tive que fingir estar já borracho, enfim mudar de assunto era o significado da frase, já que o amigo sentira minha insipiência no assunto, espécie de vergonha alheia. Isto me fez ler todo o livro novamente para encontrar em Circe a tal frase de Dedalus. Ou seja, se você para mostrar que é rico mostra uma nota de cem dólares, o mínimo que se espera é acabar vendo uma de quinhentos.
Há, para finalizar, uma música sertaneja que conta a historinha de um rei do café e um rei do gado, o do café disse para esnobar o outro que tinha zilhões de pés de café, no que o outro retruca que amarrava um boi em cada pé de café e a inda lhe sobravam rezes.  

28 de jan. de 2013

Como Transformar Diamante em Seixo.



Do minuto 38 até o gol de pênalti cobrado por Neymar, o Bragantino foi fraudado dentro da própria casa. A única falta que existiu neste período, foi justamente na meia lua da grande área santista e contra o Santos e não anotada. Do jogo, vi nem o antes, e não me dignei a ver o restante, não estou para tanto e tonto. Neymar, um craque – ainda – parte, verticalmente da meia esquerda para o gol, com a bola dominada, é quase impossível tirar lha, mas a impossibilidade não tem sido de fato testada, levada a cabo, como dizem os cientistas, levada a termo, como diziam os cangaceiros, até o fim como diz o Chico Buarque, quando nasci veio um anjo safado... Na impossibilidade, os zagueiros deveriam, como último recurso, cometer a falta e receber o cartão, em caso de, mas na verdade o apito soa preventivamente. Neste caso, e somente neste caso o arbitro previne a saúde do craque frente a nuanças de mal intenções e até pensamentos ruins, e o craque cai, rola, se descabela, ajeita o meião faz cara de 'pô ceisnãosabbrincar'.
O narrador, comentarista und konsorten repetem, ad nauseam, ladainhas velhas de avemariasepadrenossos, veem outra partida, qual me sonegam. Fico com o que vejo, revejo, mas a imagem não bate com a legenda.
Outro dia via uma partida da Copinha, dito e feito, igual, que nem. O verdadeiro Teatro de Revista, quer dizer, nada sei do teatro de revista, senão que as poses nas revistas velhas dedicadas à vida dos artistas fora do palco, poses, poses e mais poses. Por hora, quanto a nossos futuros craques há um senão, a pose se dá dentro das quatro linhas. Grosso modo digo que não existe, ou existiu esse craque ou aquele craque que ganhasse jogo sozinho. Nem Pelé, Garrincha, Maradona, Ronaldo, Messi conseguiram tal façanha. Pelé funcionou bem na Seleção quanto teve boa equipe a secundá-lo, e em 70 foi Pelé coadjuvante para o esquadrão. Assim, como Santos não constrói uma partida, se vai jogando, empurrando com a barriga, o Neymar andando lá pelas beiradas, quem sabe ele inventa uma ? Então ele desembesta, falta, pênalti etc. Se prestarmos atenção ao gol mais bonito de Maradona, ele é acossado desde o meio campo, vai lutando com o zagueiro, apesar de mais baixo que este, carregando a bola, se livrando dele e o final todos sabem. O mesmo fez Ronaldo, inúmeras vezes, num momento mágico que viveu no Barcelona. O mesmo tem feito Messi, que rara vez recebe falta, recebe, mas dada a sua insistência na progressão, a luta de corpos e braços passa despercebida, e a parar a jogada, só na porrada.
Assim enquanto o argentino foi sendo lapidado de diamante bruto em rara pedra, Neymar de diamante em pedra falsa, espero que não se transforme num seixo como Robinho.



17 de jan. de 2013

Espera, espera, à espera anda.



Anda, anda, anda a espera.
Espera.
Espera, espera, à espera anda.
Anda.




Anda e espera. Espera a andar.
A espera desanda.
O andar desespera.
Desesperando. Desespirando aindanda.
Transpiranda transpirando.
Pira parado.



A quantas andas?
Andava andrajos.
Andava trapos?



Trapaças.
Trespassas?


Eu nos trapos sei a sobras.


De sopas?
De sapos!
Assim soçobras, misses!
Sê sim. És Miss.
Assim na missa.
Sobras e cobras.
Miss em ação.
Andas às cobras.
Espera as sobras de sobejos beijos.



Rastejas a rés dos brejos.
Sem sombras no chão.
Salobras sobras às sombras.
O brejo sabe a uma feijoada de ontem.
Com sua película branca.



Uma aranha que perde o fio.
Que a prendia à teia.
Anda sobre um brejo de feijoada.

Anda aranha.
Me espera.

Zénão diz:  Engraçado cara, podia ser às sombras sobras salobras, esperam miss em ação de sapos nas missas aranham a manhar uma película de teias de brejos que andam a espera de sapos e cobras. Mas tem algo, que não sei a quê, a espera anda a espera.
 Luiz responde: Tem muito sim de sopa de letras jogadas do saco do arcebispo Tillotson, em defesa da deidade na criação do universo, como se não fosse um mero acaso, e se outros meros acasos de baixa energia e muito e talvez por isso um nada qualquer, preguiçosamente, lentamente em busca de menor esforço ainda, um meramente mero universo frente a outros possíveis quaisquer, sem nenhuma necessidade de agradecimentos e devoções

16 de jan. de 2013

Carta de leitor à articulista.


G.H. concedo-me espaço para um concreta e única preocupaçãozinha: nossa capacidade crítica de análise deste dias que correm.
               Por quaisquer razões sabemos: as ciências nem mesmo as naturais vivem isentas de juízo de valor e este por sua vez desacoplado do interesse particular, ele mesmo atado de pés e mãos pelo interesse de classe.  Quê dizer das ciências humanas!
               Do seu texto extraio trechos de outros livres pensadores - parcialidades de outros contextos - como essa história do grande pai. Bastantes foram e são os tutelados.  A psicologia e suas tecnologias se adjudicaram também de uma fatia dessa pizza estatística.  Na Europa menos, na Argentina mais.  Segundo como, desde que a cabeça de Luís XVI rolou para dentro do cesto da história. O deus Tutor, de todas as respostas, tinha a cabeça sobre os ombros do guilhotinado.  Assim à igreja lhe restou pouco desse poder tutelar. Muito foi espalhado entre tantos:  o mercado, o fetiche, como já disse antes, à psicologia tocou-lhe um quinhão etc.
               O protagonismo de Getúlio tanto quanto o de Lula decorreu de atividades\atitudes exercidas dentro de circunstâncias inequívocas. Não cabe diferenciá-las.  Tais circunstâncias e suas possibilidades estiveram como uma pedra, ajoelhada com as mãos no peito e queixo colado no colo, no meio do caminho de José Sarney, Collor de Mello, Itamar Franco e FHC em oito anos. Faltou competência aos competentes!
No exercício do teu mais alto grau de liberdade leio este triste texto, com ameaças veladas - 2º§- de uma classe que sempre teve voz e espaço. E que, senão  nada.  Dentro do mesmo exercício de liberdade você tira o peso da contundência para então ser contundente no 3º §.  Já no 5º§ uma recorrente tentativa que também viceja na seara jornalística que é a de sinalizar para um Lula à la Hitler und so weiter.
O cinismo está aprendido.

Bloom, Ulisses e Eu!






        Sua mulher ainda dormia quando ele voltava do açougue com uns bifes de rins de cordeiro. Sua gata miava roçando contra suas pernas. Era feliz se pudesse comer vísceras como desjejum e depois defecar com critério. Derramou o leite quentinho no prato da gata. Levou para sua mulher um par de ovos moles e uma fatia de bacon junto com duas torradas, ao percebê-la desperta pelo nheque-nheque da cama. Meteu a mão em meio a sua bunda quente e úmida. Despediu-se dela com um beijo na bochecha.
 Defecou com calma enquanto passava os olhos numa revista velha, quando nova a havia guardado por algum artigo que então lhe despertara interesse, hoje a folheia como se tratasse de uma revista de infinitas folhas, não encontra o artigo. Nunca tarda muito neste defecar, pois crê que o estar ali em demasia provoca hemorroidas.
No caminho para o trabalho, era um vendedor de anúncios de jornal, comprou um sabonete. Passou na sauna uns bons minutos. Saiu com o sabonete umedecido, embrulhado numa folha de revista, metido no bolso.
 Não tinha pressa, pois faria somente uma visita agendada com o senhor Xaves, o chaveiro, antes de ver seu amigo pela última vez.
 Passou pela quitanda para acochar o traseiro da quitandeira. Ela lhe realçou seu odor a eucaliptos. Ele estranhou que o sabonete de nada lhe havia servido. Como iria a um enterro com este aroma de lavabo asseado.
        Passou pelo mercadão, no bar do Ceará pelos rins de bode, lá seu amigo José comia o segundo ovo cozido, soube disso ao ver no pratinho as cascas em duas cores. Passou o sabonete para o bolso traseiro. Sentou-se no tamborete.
        Na Única encontrou-se com Xaves por casualidade. Juntos foram ao escritório, onde Xaves lhe deixou três cheques pré-datados, “não sei se vão aceitar o primeiro para trinta dias”. “pegar ou largar”. Pegou.
Dali foi para a sede do jornal onde o chefe dos editores estava reunido com os editores-chefes. Estes não lhe deram a menor atenção, mas logo repararam na gola puída de sua camisa. Quem era aquele, quis saber o chefe.
Era vendedor de anúncios e antes de tudo casado com a melhor bunda de vila Bonfim, e que ela fazia favores ao editor de política. “O Jorge aquele nazista.” Sim.
        Deixou os cheques com a secretária. Novamente no saguão foi interpelado pelo chefe. “Virás conosco?” “Não venho com o fotografo.”  “Faço questão.”  “Assim sendo.”       No carro com o redator de cultura a seu lado, fez muitos meneios de cabeça, e voltou o sabonete para o bolso da frente.
“Na vida não há tempo para tudo.” Disse o redator. Meneou. “Não há tempo para rir, chorar, divertir-se e entediar-se“ Aquiesceu. “Quando nascemos já sentimos o cheiro espalhado” “Cheiro! De que?” “da morte por isso choramos” “É”!” “Depois nos acostumamos”“ A que?” “É melhor mudar de conversa, gostas de futebol?” Anuiu.          Que digo ao esteta, que gosto de minha gata, de minha puta, do cheiro de urina que tem os rins de animais que como, para depois aliviar com sossego o meu ventre, lendo seus artiguinhos bajuladores, com o cheiro de merda misturado ao de jornal.
Tudo imaginando relatos antes de empreender um dia de trabalho, trabalho esse duvidoso, pois o que faço é andar a esmo, perambular, apachorrar, passar a mão na quitandeira, naquele cu fragrante de ventosidades matinais.
 Que sou a carne, sangue e ossos do mais autêntico e desconcertado despiste. E minha alma reencarnada ou não, meu espírito, transmigrando ou donde quer que se encontre são a matéria ou o vento de uma peregrinação acorrentada à carne.
Passo em revista o universo rememorando a peripécia da minha vida, arrastando correntes feito alma penada, acolhida e rechaçada, não pelo mesmo céu de donos de jornais e de almas, se não que o céu de analfabetos e leitores, santos e canalhas, crentes e ateus, trabalhadores e preguiçosos, e  assistimos ou atravessamos o drama conscientemente ou de maneira casual, pois a vida é uma enciclopédia de casualidades. 
À noite voltarei para ela que é ardente e perspicaz  e tenuamente puta, como todos mais ou menos o somos. Voltarei bêbado e sem os argumentos que pereceram a luz do dia. Meu argumento é diluído e poroso como o passar do tempo, ou mesmo o inacessível  entendimento desse passar o tempo. 

Sou as coisas que me sucedem, me tocam e que a mim se misturam e se alteram para separar-me delas transformado ou como se não houvesse passado coisa nenhuma, salvo a matéria de que são feitas tais coisas, de tempo diluído, de porosidade e inacessibilidade e que por isso duram.

O Poder corrompe?





PREMISSAS:


O estúpido, como qualquer criatura humana, é parte integrante da sociedade.
Em geral exercemos influências entre os pares, e haá muitos fatores que determinam a capacidade de influenciar.
Dentre tantos fatores podemos destacar: o genético (belo|conteúdo) e o poder (conteúdo).
O belo: “Tudo sucumbe diante do belo”, mas “O belo é poder”.
O poder sem o belo é “Poder”, mas Poder em si, sem mais nada.
Algumas palavras respeito ao Poder.
A frase mais estúpida que já ouvi é:
O Poder corrompe.
Estúpida porque Poder não é forma, Poder é conteúdo.
Só a Forma corrompe.
Forma é Democracia, Monarquia, Ditadura etc.
Conteúdo|Poder não é necessidade, sim inerência.
Não há Poder do bem, pois todo Poder é “tutelar”. E em sã consciência não precisamos de tutor.
Se precisar ou aceitar tutores é por estar degradado, corrompido como projeto, ser é ter projeto, e o projeto genérico é libertário, não aceita “tutela”.
O Poder sem o “ser corrompido” não existe. Donde tiramos que: O Poder é a manifestação do “ser degradado”. Note que não existe “outro” ser que não “o” degradado.
O Poder também um dia foi genético e divino (deus era o “tutor” único), nascia-se Rei, Príncipe etc. Era uma falácia.
Hoje o Poder assumiu forma “democrática”, não deixou de ser uma falácia.
A democracia é a ditadura da “maioria”. Sendo que: A maioria é sempre a mesma desde tempos imemoriais.

14 de jan. de 2013

Troca-Troca.


Como diziam aqueles que diziam, no tempo que se dizia, em latim, diziam: “corruptio optimi est pessima”, em tradução livre: a corrupção do ótimo é péssimo. Não vejo ninguém ótimo. Nem nunca vi. Na política, menos ainda, porque a politica é a interface de interesses antagônicos. Isto é importante: Interesses antagônicos, opostos. O dinheiro não tem preconceito, vai pra qualquer mão, suja ou limpa, com calos de cabo de enxada ou lisinha. Mas o Capital, o capital, só o é, se acumulado. Mormente se acumula via roubo. Leia-se Capital com “C” maiúsculo, não é a poupança da classe média. Um bom número seria > R$100.000.000,00 + ou -. Não está no facebook quem tem tal volume amealhado, a não ser, como noticia. Um exemplo o caso Samsung x Aple, não dá pra prender a Samsung, mas US$ 1.000.000.000,00 são algemas douradas impostas pela justiça estadunidense. A política é feita por humanos agrupados em partidos, defendendo interesses próprios e alheios. Em posse desses discernimentos e da sabedoria histórica de que a corrupção no Brasil é ancestral, outro saber histórico é que: todo partido que foi 'populista', popular, esquerda, etc tenha o adjetivo que queiram, mas com este viés: povão, foram os únicos, sempre, a serem punidos, apeados do poder, pela 'justiça' do Capital  ou o seu  braço armado, as Forças Armadas.
A mídia, grande ou pequena, defende interesses, próprios. Não vou perder tempo em acusar o ex presidente FHC und Konsorten nos casos vazados do Proer, assim por diante. O discurso contra a corrupção, foi amplamente usado pelo PT na época de Paulo Maluf, Orestes Quércia, etc, porque era uma das poucas coisas que a massa entendia e entente, e que faz os fariseus sentarem-se nos próprios rabos, apontarem  o indicador aos corruptos e chorando cobrem a cabeça com o véu da pureza e como verdadeiros Robespierres pedem as cabeças e que estas  rolem para dentro dos cestos. Sou a favor, também. Porém de todas as cabeças corruptas. Entretanto, todavia, contudo não acredito em troca-troca se eu tiver que dar o cu primeiro.

9 de jan. de 2013

Política eletista: Barrar a democratização a qualquer custo.



No mundo da matemática, 2 + 2 = 4, o mesmo acontece na física clássica, entretanto no mundo animal, raramente isso é verdade, mesmo no mundo mineral a coisa se complica. Entretanto insistimos na platitude. No seio familiar detectamos preferências, havendo casos grosseiros. Há famílias que se dissiparam por um par de pneumáticos. Onde houver mais de um símio um deles será o líder. A distribuição de poder é construída em qualquer caso. Nestas distribuições estão os pilares de sustentação das famílias, dos grupos, das colmeias, das alcateias, das cáfilas, dos cardumes, das corjas, das chusmas, dos elencos, das farândolas, das juntas, das manadas, das matulas, das bandas, dos armentos, das cambadas, das choldras, das caravanas, dos fatos, das hordas, das matilhas, dos móis, das plêiade, dos rebanhos, das tropas, enfim das súcias e mesmo numa nuvem panapaná aparentemente caótica, há a hierarquia. Mesmo no simplório e ideológico National Geography sabe-se e diz-se que a solidariedade é fundamental para a sobrevivência e crescimento dos grupos.
A distribuição de poder, que é a base da hierarquia – sendo o resto o mais puro fetiche, e fetiches os há em profusão – é a pedra angular para o bem estar das coletividades. A humanidade é o coletivo geral dos humanos.
A escolha dos líderes se dá de muitas formas no mundo animal. Há de tudo. Houve um tempo no qual os humanos, ou parte deles criam na descendência divina dos poderosos, não é a mais ridícula, é só mais uma. No Brasil ainda, por influência indígena, cultua-se os médicos, por pajés. Outro costume é confiar nos becados, doutores, qualquer doutor é confiável, é um costume material, como os analfabetos adoram canetas, a coisa é extensiva e neste sentido a coisa pode ser matizada, mas não é necessário, creio.
Um fato histórico foi a revolução industrial. A revolução industrial ocorreu no país que mais acumulou capital, à época, e o acumulo de capital foi devido, em grande parte, aos corsários. Os corsários roubavam sob a bandeira do seu rei. No caso o rei da Inglaterra. Em todo caso havia os piratas, que agiam por conta própria, mas os tesouros em geral ingressavam no mesmo país.
Sabe-se também que a água sempre procura ocupar os espaços com equidade, pode-se dizer que a água é equânime, entretanto há uma situação na qual a água sobe, a este fenômeno se dá o nome de capilaridade, por que a água sobe pelo capilar, capilar vem de cabelo, um tubo tão fino como um fio de cabelo colocado sobre a superfície da água, permite que ela se eleve. Nos regimes de acumulação os dois casos supra citados também acontecem, o primeiro mais que o segundo, que se diz no jargão destes estudos de capilaridade social, que é quando um indivíduo ascende socialmente, sem que tenha uma ajuda, ou uma acumulação de capital da forma mais comum: o roubo. Os colonizadores roubaram as terras dos autóctones, e seus tata tataranetos o seguem perpetrando a prática para não se esquecerem.
Os brasileiros, e brasileiros somos todos sobre essa terra, menos os índios não civilizados – e que se coloque todas as aspas neste civilizados – derrotaram os tupis, guaranis, tapuias, etc; e carregamos todo o processo, ainda que não se explique na história, de formação da sociedade brasileira. Sabemos como foi conseguido cada acre dessa terra, cada beira de rio, cada capuava – palavra tupi guarani – cada invernada, cada ribanceira e por conseguinte como se perdeu a posse destes rincões, a sabre, peixeira, baioneta, cartucheira, pistola, trabuco, paulada, pedrada, enfim escorrendo sangue.
Isso talvez explique o porquê de os comerciantes atuais serem tratados – e muito se comportado - como ladrões de então, porque a imagem que fica é da troca de terras, ouros, prata, esmeraldas, filhas, filhos e mulheres por um espelho, um litro de cachaça.
Há no meio de toda nossa gente, aqueles que decantam preferência por um desgoverno, ou melhor dito, pela ausência completa da lei, bastando-se com capatazes e pistolas. Este é o principal viés ideológico da elite brasileira. Por outro lado há a prática inexorável do: “vão-se os anéis, ficam-se os dedos”.
A democracia brasileira é um anel perdido. Não é uma aliança, é um anel perdido pela elite brasileira, demoradamente lenta, sanguinolenta, desde o fim do 'império', porque com a República – e não se deve esquecer das infinitas aspas nesta República – o que se buscava não era mais que a revolução francesa com um século de atraso, com a diferença de que os franceses estabeleceram, num primeiro momento, cidadãos de primeira e segunda classe e nós de terceira e de quarta, além dos escravos, claro, nem lumpesinato eram, quando livres.
Nosso processo é lento, por uma infinidade de motivos, causas e efeitos destas causas.
Evidentemente que o governo Lula tomou mais uns anéis da elite, e tais anéis acabam por custar os dedos do PT, e o do próprio Luiz Inácio.
O que se vê, historicamente, é que uma vez conquistados estes anéis não voltarão aos dedos donde saíram – muito embora na União Europeia e mesmo nos EUA haja uma luta intestinal pelo retrocesso, uma busca sanguinolenta pelo fim do bem estar social, no entanto é demasiado “temprano” cedo, como diz o esfolado trabalhador espanhol – todavia a tentativa é de parar o processo de democratização a qualquer custo. E este qualquer custo é mesmo qualquer!
P.S. Democracia é o governo do povo do pais, de todos para todos. Então falar em populismo é creditar pontos à democracia. Porque do contrário deveria ser aristocracia, tecnocracia, meritocracia etc.             

6 de jan. de 2013

Exibido|Inzibido


Sou contra a criação da tal lei de imprensa. Tem papel mais importante o caráter do judiciário, que a 'boa' lei. Foi a jurisprudência praticada pelos “STF” e “STJ” nas últimas décadas, que ataram seus próprios pés e mãos, a ponto da paralisia em que se encontram, os obrigarem a serem foras-da-lei, o que não é novo.
 Nem mesmo criminosos perigosos e hediondos são  plenamentes alcançados. 
 Penso que a mídia pode fazer toda fumaça que quiser. Primeiro, não creio servir para mais, que deixar uns quantos crédulos obnubilados com estomatites, úlceras e baba seca no canto da boca; ao gastarem, cardialgíacos, o jargão de delegados pusilânimes, por isso histriônicos. Por outro lado a aposta na pauta única – corrupção – é cansativa. Daqui a pouco as 'boas pessoas' estarão a chamar Joaquim Barbosa de ' inzibido '.