No mundo da matemática,
2 + 2 = 4, o mesmo acontece na física clássica, entretanto no mundo
animal, raramente isso é verdade, mesmo no mundo mineral a coisa se
complica. Entretanto insistimos na platitude. No seio familiar
detectamos preferências, havendo casos grosseiros. Há famílias que
se dissiparam por um par de pneumáticos. Onde houver mais de um
símio um deles será o líder. A distribuição de poder é
construída em qualquer caso. Nestas distribuições estão os
pilares de sustentação das famílias, dos grupos, das colmeias, das
alcateias, das cáfilas, dos cardumes, das corjas, das chusmas, dos
elencos, das farândolas, das juntas, das manadas, das matulas, das
bandas, dos armentos, das cambadas, das choldras, das caravanas, dos
fatos, das hordas, das matilhas, dos móis, das plêiade, dos
rebanhos, das tropas, enfim das súcias e mesmo numa nuvem panapaná
aparentemente caótica, há a hierarquia. Mesmo no simplório e
ideológico National Geography sabe-se e diz-se que a solidariedade é
fundamental para a sobrevivência e crescimento dos grupos.
A distribuição de
poder, que é a base da hierarquia – sendo o resto o mais puro
fetiche, e fetiches os há em profusão – é a pedra angular para o
bem estar das coletividades. A humanidade é o coletivo geral dos
humanos.
A escolha dos líderes
se dá de muitas formas no mundo animal. Há de tudo. Houve um tempo
no qual os humanos, ou parte deles criam na descendência divina dos
poderosos, não é a mais ridícula, é só mais uma. No Brasil
ainda, por influência indígena, cultua-se os médicos, por pajés.
Outro costume é confiar nos becados, doutores, qualquer doutor é
confiável, é um costume material, como os analfabetos adoram
canetas, a coisa é extensiva e neste sentido a coisa pode ser
matizada, mas não é necessário, creio.
Um fato histórico foi
a revolução industrial. A revolução industrial ocorreu no país
que mais acumulou capital, à época, e o acumulo de capital foi
devido, em grande parte, aos corsários. Os corsários roubavam sob a
bandeira do seu rei. No caso o rei da Inglaterra. Em todo caso havia
os piratas, que agiam por conta própria, mas os tesouros em geral
ingressavam no mesmo país.
Sabe-se também que a
água sempre procura ocupar os espaços com equidade, pode-se dizer
que a água é equânime, entretanto há uma situação na qual a
água sobe, a este fenômeno se dá o nome de capilaridade, por que a
água sobe pelo capilar, capilar vem de cabelo, um tubo tão fino
como um fio de cabelo colocado sobre a superfície da água, permite
que ela se eleve. Nos regimes de acumulação os dois casos supra
citados também acontecem, o primeiro mais que o segundo, que se diz
no jargão destes estudos de capilaridade social, que é quando um
indivíduo ascende socialmente, sem que tenha uma ajuda, ou uma
acumulação de capital da forma mais comum: o roubo. Os
colonizadores roubaram as terras dos autóctones, e seus tata
tataranetos o seguem perpetrando a prática para não se esquecerem.
Os brasileiros, e
brasileiros somos todos sobre essa terra, menos os índios não
civilizados – e que se coloque todas as aspas neste civilizados –
derrotaram os tupis, guaranis, tapuias, etc; e carregamos todo o
processo, ainda que não se explique na história, de formação da
sociedade brasileira. Sabemos como foi conseguido cada acre dessa
terra, cada beira de rio, cada capuava – palavra tupi guarani –
cada invernada, cada ribanceira e por conseguinte como se perdeu a
posse destes rincões, a sabre, peixeira, baioneta, cartucheira,
pistola, trabuco, paulada, pedrada, enfim escorrendo sangue.
Isso talvez explique o
porquê de os comerciantes atuais serem tratados – e muito se
comportado - como ladrões de então, porque a imagem que fica é
da troca de terras, ouros, prata, esmeraldas, filhas, filhos e
mulheres por um espelho, um litro de cachaça.
Há no meio de toda
nossa gente, aqueles que decantam preferência por um desgoverno, ou
melhor dito, pela ausência completa da lei, bastando-se com
capatazes e pistolas. Este é o principal viés ideológico da elite
brasileira. Por outro lado há a prática inexorável do: “vão-se
os anéis, ficam-se os dedos”.
A democracia brasileira
é um anel perdido. Não é uma aliança, é um anel perdido pela
elite brasileira, demoradamente lenta, sanguinolenta, desde o fim do
'império', porque com a República – e não se deve esquecer das
infinitas aspas nesta República – o que se buscava não era mais
que a revolução francesa com um século de atraso, com a diferença
de que os franceses estabeleceram, num primeiro momento, cidadãos de
primeira e segunda classe e nós de terceira e de quarta, além dos
escravos, claro, nem lumpesinato eram, quando livres.
Nosso processo é
lento, por uma infinidade de motivos, causas e efeitos destas causas.
Evidentemente que o
governo Lula tomou mais uns anéis da elite, e tais anéis acabam por
custar os dedos do PT, e o do próprio Luiz Inácio.
O que se vê,
historicamente, é que uma vez conquistados estes anéis não
voltarão aos dedos donde saíram – muito embora na União Europeia
e mesmo nos EUA haja uma luta intestinal pelo retrocesso, uma busca
sanguinolenta pelo fim do bem estar social, no entanto é demasiado
“temprano” cedo, como diz o esfolado trabalhador espanhol
– todavia a tentativa é de parar o processo de democratização a
qualquer custo. E este qualquer custo é mesmo qualquer!
P.S. Democracia é o
governo do povo do pais, de todos para todos. Então falar em
populismo é creditar pontos à democracia. Porque do contrário
deveria ser aristocracia, tecnocracia, meritocracia etc.
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