18 de fev. de 2013

Gênero e Sexo.





Talvez consiga, partindo dessa primeira blocada, construir coerência que me leve a 'uma' resposta, que não seja qualquer, para esta pergunta: Se há um sexismo na linguagem, ele gera uma invisibilidade feminina? Me parece que há mais perguntas subjacentes. E como é moda ser construtivista, vou tentar de tudo um pouco, como se fosse Marina Silva, vender madeira nobre centenar e defender a árvore.

Me deparei com duas questões logo nas primeiras leituras. A língua tem gênero? E Sexo?
Fui ler.

Gênero - no sentido de 'gender' da língua inglesa – conjunto de representações, crenças e comportamentos prescritos aos membros da sociedade em função da diferença anatômica.
Neste sentido é de construção social e não uma separação de papeis natural e inerente ao sujeito ou aos sujeitos ou o que se espera deles em termos de masculinidade e feminilidade.

A classificação dos sujeitos, em função da categoria de gênero, produziu em todas as sociedades uma divisão dos espaços, do trabalho, do poder e consequente subordinação e orientou e orienta ( sou principiante nisso e declinei o convite que me faz, ainda, “determinou” e “determina” por orientar) as relações entre tais gêneros.
Já aqui, e sem poder ir adiante, porque se instaura outra pergunta: Se gênero é construção social, por que tão somente dois? Bipolaridade?
Estou diante da Ideologia de Gênero?
Os proponentes desta ideologia afirmam que as diferenças entre o macho e a fêmea não correspondem, tirante as óbvias diferenças anatômicas, a uma natureza fixa, que faça uns homens e outros mulheres. Porque as diferenças de maneira de pensar, fazer e julgar-se a si mesmo, o faz como produto da cultura de um país e duma época determinada, e que a cada grupo de pessoas uma série de características são conferidas por conveniências das estruturas sociais!
Deste modo cria-se a liberdade de escolha de “gênero” que se possa querer pertencer, e todos igualmente válidos e simplesmente modos de comportamento sexual, produto da eleição de cada pessoa. Noutras palavras: Inventar-se a si mesmo!
Diz assim Judith Butler no seu “Gender Trouble: Feminism and the Subversion of Identity”: “ O Gênero é uma construção cultural, por conseguinte não é nem resultado causal do sexo nem tão aparentemente fixo como ele. Ao teorizar que o gênero é uma construção radicalmente independente do sexo, o gênero mesmo vem a ser um artificio livre de ataduras; em consequência homem e masculino poderiam significar tanto um corpo feminino como um masculino; mulher e feminino, tanto um corpo masculino como um feminino”.

Antes de continuar veja a piada: No passado os ingleses passaram a utilizar “Gender” para serem corteses e evitar o sentido secundário que sexo tem em inglês. Já faz algum tempo que o termo “gender” se abriu a estas novas perspectivas, papeis socialmente construídos.
A IV Conferência Mundial das Nações Unidas sobre a Mulher, em Pequim 1995, foi cenário de lançamento da campanha de difusão da nova perspectiva que definiu: “ O sentido do termo Gênero evoluiu, diferenciando-se da palavra sexo para expressar a realidade de que a situação e os papéis da mulher e o homem são construções sociais sujeitas a variações, mudanças”.
Noutras palavras: Não há um homem ou uma mulher natural, e que não há conjunções de características ou de uma conduta exclusiva de determinado sexo, nem sequer na vida psíquica. Assim a inexistência de uma essência feminina ou masculina nos permite rebater a suposta superioridade entre um e outro sexo, e questionar no limite do possível se existe uma forma natural de sexualidade humana.
Muitos países membros das Nações Unidas, tentavam abolir o uso da palavra “gênero” e substituí-lo por “sexo”, no que foi prontamente rechaçado pelas 'feministas de gênero', porque viram nesta tentativa de revogar conquistas das mulheres e bloquear progressos futuros.
O termo “feminismo de Gênero” foi cunhado por Christina Hoff Sommers no livro “Who Stole Feminism?” (Quem roubou o Feminismo?) e o fez para distinguir do movimento feminista pela igualdade: “ O feminismo da equidade é sensivelmente a crença na igualdade legal e moral entre os sexos. Uma feminista de equidade quer para a mulher o que quer para todos: tratamento justo, ausência de discriminação. Pelo contrário, o feminismo de gênero é a ideologia que pretende abarcar o todo, segundo a qual a mulher está presa em um sistema patriarcal opressivo. A feminista da equidade opina que as coisas tem melhorado muito para a mulher, a feminista de gênero frequentemente pensa que tem piorado. Vêm sinais do patriarcado por todo lado e pensam que a situação piorará. Porem isso carece de base na realidade. As coisas nunca estiveram melhores para a mulher que hoje é grande parte do estudantado universitário, e a diferença salarial continua diminuindo”.


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