Outro dia fui com a
Joana a um restaurante bom, quer dizer mais chique que, nisso é que
dá querer dar uma de esnobe, havia sommelier! Ele, empertigado, ia
entre as mesas como se estivesse oficiando a sacrossanta cerimônia
do vinho. Amigo! Aquilo era a verdadeira santa missa. No fundo estava
vestido mesmo de padre. Todo de preto, e isso sim, não usava aquele
colarinho clerical, sim uma borboleta. Mas nem a festiva mariposa,
podia dissimular-lhe o gosto enrustido por uma sotaina, doidinho para
nos arrancar, com cotonetes ou sacarrolhas, o inculto cachaceiro que
trazemos amoitado dentro, como o demônio se tratasse.
Enquanto ele falava, te
juro que deu vontade de me confessar: Senhor Padre, estou bebendo
vinho tinto com o badejo. Pior, ainda, meu colega, é que comecei a
olhar com luxuria a cerveja do comensal vizinho.
Entretanto sei que há
sommelieres bacanas, que recomendam bebidas e em suas propostas,
podemos descobrir novos prazeres, ou uma aventura interessante, até
mesmo uma marca que nunca se nos havia ocorrido experimentar. Outros,
como esse, é lamentável, são sujeitos empoleirados num púlpito,
um apêndice externo, que invadem a privacidade da nossa mesa, para
importunar com sua autossuficiência e sua conduta de valentão
estripador com sacarrolhas.
Oxalá não proliferem,
melhor que isso, se extinguam como o gaturamo bonfinense, ou os
espantalhos dos arrozais. Porque senão, espantarão aquele que bebe
vinho por gosto próprio, como expulsaram os católicos das igrejas,
por puro aborrecimento. A
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