14 de fev. de 2013

Papa Bento e o Sommelier.



Outro dia fui com a Joana a um restaurante bom, quer dizer mais chique que, nisso é que dá querer dar uma de esnobe, havia sommelier! Ele, empertigado, ia entre as mesas como se estivesse oficiando a sacrossanta cerimônia do vinho. Amigo! Aquilo era a verdadeira santa missa. No fundo estava vestido mesmo de padre. Todo de preto, e isso sim, não usava aquele colarinho clerical, sim uma borboleta. Mas nem a festiva mariposa, podia dissimular-lhe o gosto enrustido por uma sotaina, doidinho para nos arrancar, com cotonetes ou sacarrolhas, o inculto cachaceiro que trazemos amoitado dentro, como o demônio se tratasse.
Enquanto ele falava, te juro que deu vontade de me confessar: Senhor Padre, estou bebendo vinho tinto com o badejo. Pior, ainda, meu colega, é que comecei a olhar com luxuria a cerveja do comensal vizinho.
Entretanto sei que há sommelieres bacanas, que recomendam bebidas e em suas propostas, podemos descobrir novos prazeres, ou uma aventura interessante, até mesmo uma marca que nunca se nos havia ocorrido experimentar. Outros, como esse, é lamentável, são sujeitos empoleirados num púlpito, um apêndice externo, que invadem a privacidade da nossa mesa, para importunar com sua autossuficiência e sua conduta de valentão estripador com sacarrolhas.
Oxalá não proliferem, melhor que isso, se extinguam como o gaturamo bonfinense, ou os espantalhos dos arrozais. Porque senão, espantarão aquele que bebe vinho por gosto próprio, como expulsaram os católicos das igrejas, por puro aborrecimento. A     

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