8 de fev. de 2013

Milagres e Novas Igrejas.


A ferramenta do Materialismo-Histório é a produção material da vida material. Noutras palavrotas qualquer análise do materialismo – da vida material – ( note que mesmo o mais espiritualista dos seres, por exemplo, o Dalai Lama, se veste, come, bebe e dorme (sendo leviano) jogando palavras ao vento ), voltando, a análise partirá da produção desta vida, a vida material.
Um exemplo: A história “oficial” quando fala da abolição da escravidão, 'esquece' de dizer que o fundamental na extinção deste modo de produção, foi: Um,  naquele momento o escravo custava mais que o homem livre. Dois: ao ver que o 'imigrante' era razoavelmente livre – comparado às suas condições – o escravo entrou na luta, que era, de seu interesse.
Outro exemplo, este contemporâneo, é a debandada geral dos 'católicos' para as religiões novas. Tirante os falsos milagres, as igrejas insistem em receber um dízimo, um valor sobre a renda da pessoa, ora, um desempregado não tem renda, um bebum não tem renda. Assim nota-se a olhos nus que uma das tarefas é retirar o cachaceiro da rua e empregá-lo, fazendo deste um dizimista, e mesmo que seja puído, sempre se apresentará aos cultos na sua melhor indumentária, o terno e gravata, notadamente com o dízimo em dia.
É a mais pura e simples e eficaz “educação” material, para viver no mundo material, suprindo falências estatais, municipais e familiares. Claro é, que vivemos em mundo de consumo, e na maior parte do tempo, assim, somos tratados: consumidores. Claro é também, que quando votamos 'errado' quisera-se que fôramos: cidadãos, mas não vem ao caso. Este 'cristão' novíssimo não deixa de ser reacionário , ademais, como todos os outros, e como a maioria das 'congregações' como Opus, Maçons, etc. Notadamente por estar num dos países mais reacionários do planeta, ocidental, desde que exista ocidente e que se compreenda o conceito de ocidente|oriente.
Por isso e desde já declaro, e uso um verbo caro à religião, declaro que não comungo com as ironias despejadas sobre as tais religiões, porque para mim, se fizessem algum mal, seria o de procrastinar o saber material da cruel ausência e completa de deus. Afinal o fato de acreditar ou ter fé – sei que são posturas e entendimentos diferentes – faz parte da loucura humana, sendo que há ateus que botam a maior fé nos tais 15mim de Andy Warhol, sem sequer um minúsculo questionamento.
As mudanças de comportamento do brasileiro D e E para C, acompanham os mesmos dos da C para B, incultos e bossais, mor das vezes, sendo que a eficiência da mudança de classe material para ser completa deveria ser acompanhada de mudança 'cultural', mas nem exemplos temos. Nosso teatro é irrisório e risível, nossa música, alias quase toda ela vem sendo feita pela classe ascendente, com suas mazelas, seus ecos acabam por influenciar, mesmo, os mais 'clássicos' MPBs. Nossa arte plástica, é mesmo quase isso, descartável, e como tal um lixo a mais nesse lixão que ninguém sabe o que fazer com ele, nem os ambientalistas. Alias ambientalista que não trabalha na prevenção, e desenha condomínios fechados e lá mora, fuckin-up e de saquinho na mão catam rolhas úmidas de cães senhoriais, com vontade de desfilar galgos em Trafalgar Square, rodando sombrinhas no sec. XVIII.

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