9 de mar. de 2013

Feliciano é representativo. Infelicianamente.




Este texto não é um trabalho cientifico, mas fruto de certa observação, um pouco de extrapolação – e isso é estatística corrente no nosso mundinho – e minha leviandade de fundo.
Quando visito os sites da “grande” mídia tenho por hábito ler os comentários que vêm obrigatoriamente abaixo. São sempre foco de minha curiosa atenção. Outra fonte são os comentários e memes totemísticos do FB. Depois a vida real, no trabalho, nos bares etc.



Dentro deste arcabouço, há dois anos tem sido difícil defender o bolsa família, o MST, A verdade da violência na ditadura que findou em 1988, o sistema de cotas, questão do aborto, os direitos dos homossexuais, os direitos humanos e qualquer sintagma em que esteja conformada a palavra 'social'. Levianamente diria que é mesmo um 'endireitamento' de nossa sociedade. Trocadilho usado pelo governo do Estado de São Paulo. É importante usar trocadilho – não tema usar, criar trocadilhos, ainda que algum crítico imbecil seja contrário – eles são poderosos.
Se poderia acrescentar algo numa definição da direita, mas muito pouco, então direita é isso.
Dificilmente veremos em discursos de direitistas sequer uma possibilidade de diálogo dentro do quadro descrito acima. 




Cada um por si e deus por todos, sim, mas qual deus? Do catolicismo secular ou da novíssima ordem religiosa. Para mim, tanto faz, todas essas igrejas, novas ou velhas são o que há de mais retrógrado que há na face da terra. E se houve um momento que algo melhor pudesse acontecer dentro do catolicismo, com a teologia da Libertação, suas vozes foram caladas no velho estilo ditatorial, quer esquerda ou direitista.
O modo mais ou menos idiota em que o pastor Feliciano se manifesta, encontra argumentos para discriminação racial, para exercer toda a sua fobia, não diferem profundamente dos argumentos da direita brasileira e igreja católica pensadoras. Duplo oximoro. É importante, como já disse antes, usar as figuras de linguagem.
Nada mais idiota que uma fumaça anunciar o novo papa. Nada mais idiota que as indumentárias da cúpula desta igreja, nada mais safado que uma sotaina. No entanto esses adereços carnavalescos são 'levados a sério' por grande parte da população mundial. Vira noticia o fato de o papa renunciante renunciar o anel, que ele, no seu tempo, restituiu desde o fundo da tradição mais torpe, desta igreja torpe, quando olhada desde suas catacumbas e de seu passado, seu presente e seu futuro.
Assim não há – qualitativamente – a menor diferença de ranhosismos entre o pastor e o papa, neste caso considere uma sinédoque, na dúvida, uma metonímia. Talvez seja de extrema crueldade o fato inequívoco de os afrodescendentes serem grande parte do rebanho do pastor. Mas não é diferente daquela dos seguidores ensandecidos dos iAlgo de Jobs.
Desta forma leviana e extrapoladora, por preguiça, concluo que não poderia haver dentro da sociedade brasileira outro presidente de comissão que não fosse de direita. Bom, se da bancada da igreja, se da bola, se dos latifundiários, se dos 'endireita' Brasil, não vem ao caso, e não faz a menor diferença, afinal no Brasil não há racismo, nem fobias, nem guetização, nem diferenças de ganhos significativos entre homens e mulheres, e é vox populi que todo aborto é um crime já que a ameba é uma vida...

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