24 de mar. de 2013

Democracia transparente.



Na democracia, a transparência total de quem exerce o poder, é insuportável. É paralisante, inda mais sendo o olhar o de furibundo fariseu, aleijão da moralidade. É o mesmo que se dá ao saber a receita da salsicha, nojo. Não se quer dizer com isso que não se deva aplacar a fúria gananciosa dos corruptos. Para este inconveniente, deve-se ter sistemas a impedi-los, e se infrutífero o impedimento, puni-los.
A democracia não avança se vamos ao encalce dos corruptos, porque corrupção é peça caracterizadora de nossa humanidade, senão que seriamos deuses e deusas. E mesmo os deuses gregos eram praticantes desta arte sedutora.
Dizem que por termos sidos fundados por pais e país católicos, não nos permitimos o direito ao enriquecimento, coisa bem contrária ao pensamento dos puritanos fundadores dos EUA. Dizem-nos ainda que dinheiro é pecaminoso, isso em meio ao capitalismo mais selvagem, ideologia diferente da dos herdeiros do puritanismo. Mas o puritanismo não é assim tão simples, pois incentivava certa solidariedade, porque somente assim se alcançava a graça divina. A única certeza que tinham era a de que sendo bem sucedidos na terra e ao mesmo tempo contribuído para o bem da comunidade, seriam merecedores do reino de Javé. Por estas bandas, pensamos que o sucesso está estreitamente ligado a vícios. Não creio que seja cabal tal argumentação, mas é sustentável dentro de estreitos limites.
O poder ainda é dos poderosos, e o todo-poderoso é o Capital. Houve um tempo em que dominava a força bruta, hoje ela foi – não completamente – abandonada em nome da sedução, da compra descarada, da pressão de todo tipo, mas principalmente o dinheiro.
Há muito que ao parlamento norte-americano rondam os lobistas. Onde tem lobista tem carniça. Lobista é defensor de interesses nem tão-só particulares, mas também ligados a uma faixa estreita de interessados. Assim, o lobby das tabaqueiras existe e trabalha e tenta influenciar e influencia os deputados. Faz agrados, em suma aos deputados e joga para a plateia com ciência de segunda linha, a confrontar meias verdades. Isso lá não é considerado corrupção. Aqui é? É em termos, (não pensava em usar este sintagma, enfim também me corrompo às imagens fáceis), em termos porque a corrupção pode estar a ser cometida e não sabemos, ou sabe-se, mas não se quer publicar, por interesse, (isto lá não é corrupção, aqui, também não, porque quem determina o que é e o que não é um pecado, é quem o investiga e o veicula, quem mostra, faz opinião, e faz isso, claro, que sob pressão de interesses mui particulares e distintos dos meus, por exemplo ).
Quando FHC aprovou uma emenda constitucional para criar o Instituto da Reeleição, só pode fazê-la exercendo um lobby, se comprou ou não deputados é de somenos importância, porque o importante da questão é a exorbitância de poder em favor próprio ou de alguns, no caso próprio. A reeleição foi levada aos meios de comunicação de massa para uma discussão de 'sou contra' e 'sou favorável', quando a discussão deveria ter sido: é legitimo ou ilegitimo – comprado ou não os votos necessários e suficientes – e é obvio e ululante que é ilegitima a mudança da constituição para se perpetrar no poder ainda que por meros outros quatro anos. A mesma direita gritou e achincalhou Chávez por ter aprovado mudanças na constituição venezuelana de mesmo timbre e teor. E por estas bandas Chávez é execrado por um determinado pensamento, e FHCFHC não o é, não o foi.
A mídia nacional, mesmo no caso do Instituto da Reeleição, trata de FHC como um estadista se tratasse, e a Hugo Chávez como sendo caudilho, a priori.
Sei lá que interesses a grande mídia tem em desqualificar Hugo Chávez, mas sei o que é esquizofrenia, e para esta baboseira que escrevo é suficiente, porque não pretendo defender posições partidárias paralisantes, e como a transparência dos governos tem sido cobrada mundo afora, e mundo afora poucos governos têm permanecidos imaculados, como é o caso da Espanha (PP de Rajoy Barcenas), Portugal, Itália e França\Sarkozy, faz-se necessário uma discussão mais profunda, a pena de cairmos em mãos ditatoriais. E no meio de todo estes discursos mediáticos está subliminarmente incrustado um quero mas não quero, ou bem-me-quer malmequer a ditadura. Por quê? Porque a 'direita', os super-hiper-neoliberais, não têm coragem de dizer com todos os pingos nos is o que de fato pensam sobre a coisa, seja sobre a homossexualidade e todas suas carências e lutas, o negro, o índio e o pobre.
Por isso quando aparece um Feliciano, todos pensam que ele caiu do céu, não não caiu do céu, porque ele representa toda esta gente: não só os religiosos embusteiros, mas a seculosa, toda a direita reacionária – latifundiários, CBF, empreiteiras – que são a maioria no congresso, porque isso também tem dentro da esquerda rançosa, sendo no congresso uma minoria progressivista, gatos pingados aqui e acolá.
Já os grandes conglomerados, como a Rede Globo, pensam estas ''diferenças'' desde o ponto de vista do consumo, nichos de mercado, como tendências de uma época, as quais tenta adaptar o layout para tirar proveito financeiro.
Neste ponto o capitalismo – O Capital – atropela os interesses conservadores reacionários, porque o Capital não quer saber se a mula é manca, quer rosetar.
Assim enquanto recebo ofensas diárias, partindo muitas vezes de amigos, porque muitos deles insistem em purificar o Subaé, toda a realidade continua encoberta por esses epifonemas falso moralistas.

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