santa ceia |
Há muito li um Umberto
Eco que ainda me faz eco. Nem vou lembrar o nome do livro, não faz
falta alguma! Sendo de lá que sei que o american way of life prefere
o fake bem localizado, que ter que desembarcar no deserto egípcio,
ser acompanhado por guias pegajosos falando inglês de brimo,
suportar sol escaldante para ver piramides, more and better é ver
uma piramide deixando seu carro confortável com ar condicionado no
estacionamento bem pertinho, ver uma piramide perfeita, não uma
piramide mal conservada, assim como uma santa ceia, um davi, com
toda uma corja de turistas a falar língua que não se entende, more.
Esse é o ensinamento, more. Em tudo os estadunidenses se propõe a
fazer more. Uma santa ceia more grande, more iluminada, more
acondicionada, ainda podendo-se usufruir de um belo hot dog e uma
coca cola.
davi fake |
Não fomos longe, faz
algum tempo tomei um suco de laranja, tirante o sabor a comprimidos –
medicamentos – amassados e uma falsidade de sabor de laranja, ele
era espesso, espesso como um suco de manga, tudo por obra de uma tal
xantana. Xantana é um espessante tão poderoso que espessa um litro
de água com menos de grama. Eu falei para a vendeira: se isso aqui
for suco de laranja, sou o Noam Chomsky, ela disse é grosso, sim,
senhor!
Na mesma época conheci
Renato, um executivo de empresa ligada a área de alimentação. Uma
empresa australiana fabricante de essências. Havia essência de um
tudo. Mas o que mais me chamou a atenção foi a essência de
guaraná. Sua empresa vendia para os grandes fabricantes do
refrigerante guaraná. À época ganhei uma infinidade de amostras
grátis de tais produtos, a que me fez vomitar foi a essência de
bacon, nada mais abrir o frasco e socar quase dentro dele o naso,
somente não só por ter uma napa de juca chaves.
Faça uma experiência.
Numa dose de vodka gelada esprema umas gotas de limão e beba. Depois
beba uma dose de smirnoff ice. Claro que não suja a faca, não fica
cheiro dos óleos da casca de limão na sua mão, não suja a tábua
de cortar coisas, mas tem cheiro de farmácia. É notório que se
pode adaptar, acostumar com o sabor e o cheiro da coisa, mas é só
isso, costume, odioso, mas costume igual a comer carne de cordeiro,
buchada de bode etc.
ramon llull inventor do Afat |
Pelo andar da carruagem
algumas pessoas podem vir a passar mal ao provarem uma laranjada de
laranja espremida, uma caipirinha feita com limãoTaiti.
No século passado os
americanos do norte se enfadaram com os restaurantes chineses pelo
excesso de glutamato de potássio, famoso ajinomoto, diziam que
inchava-os, avermelhava-os; já por estas bandas do hemisfério há
uma massa que não sabe comer sem; uma vez foi ao programa da Braga
um churrasqueiro de Araçatuba, que tem o cupim assado como carro
chefe e estrela da churrascaria, seu grande segredo era o Ajinomoto,
que a Braga não disse o nome, porque a marca não quis fazer um
acordindinho marqueteiro. Ela falou sim, e se negou a dizer
anjinhomorto e disse glutamato. Assim vamos, outro exemplo é o
shoyo, o molho de soja, vai na rabada, na galinhada, no frango com
polenta e quiabo e glutamato.
Não sei se tudo isso é
o que tem feito tanta gente engordar, nem tampouco sei se causa
enfermidades, sei que desvirtua o paladar, porque o paladar é
educável, como o olfato, a audição, o tato, a visão e o afat; que
é o sentido que aprecia as palavras.
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