Tengo Miedo depois de enfrentar com mãos vazias e cara lavada a Ulisses, deixou escrito que reconhecia o mérito, mas que não conseguiu em nem um mísero momento, saber ou sequer suspeitar de quem se trata o indivíduo vestindo um impermeatto que passou entre as sepulturas daquela úmida e quente sexta-feira. Tengo Miedo deixou claro, que não tem, nem uma mísera, pretensão de imitar Paulo Coelho e dizer que poderia se tratar da alma penada de Pat Dignan a perambular pelas ruelas estreitas de sua nova morada, entrando e saindo das varias dimensões possíveis. Tengo Miedo demonstra assim que mantinha acesa a esperança de entender o funcionamento da somatização e a possibilidade de introduzir, no leitor, comportamentos e falências através de estruturas narrativas. Dai sua atenção a detalhes que Joyce introduziu, e que fizeram da narrativa uma coqueluche, mas que para Tengo Miedo, tem traços de outra pretensiosidade, o que o levou a observar o movimento do sabonete que incomoda Leopold por toda a jornada. Todos esses acontecimentos têm para Tengo Miedo uma premissa, uma pretensão e um efeito, não só dentro do corpus Ulisses, como no leitor, como a embriagante sequência de sins de Moly, do allegro ma non troppo a vivace saltitante, que pode ter levado ao derramamento de uma lágrima cromática, mais que uma pessoa, como ocorreu a Tengo Miedo. Que Joyce tivesse as mesmas fantasias que Tengo Miedo tem, está claro, líquido e certo, é uma preocupação constante em Poldy Bloom a consubstanciação via metempsicose. Joyce tangenciou com a concretude quando faz Tengo Miedo sentir vontade de mijar, ao mesmo tempo em que Joe, o cidadão, faz chuá, no bar do vermelho. Claro que Joyce deu uma embelezada na cena lançando mão da famosa teoria de cada homem um estado. Por sinal uma das mais belas ideias de liberdade que existe, e nesse momento de sinceridades acaloradas, não sei se pertence mesmo a James Joyce ou a Tengo Miedo. Cada indivíduo um estado. Grite! Brade! Copie! Cole! Esqueça!
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