11 de out. de 2011

Tengo Miedo enfrenta Ferdinand Saussure.


Sinta o barulho da coisa: “ A linguagem humana é som\pensamento”. - Ninguém pra me ajudar! Berrava Tengo Miedo, enquanto o silencio lotava seu gabinete. Mas quando menos esperava, silenciosamente, helenicamente Platão levantou o dedo e disse (…) a mim também me agrada, que o quanto possível os nomes sejam semelhantes às coisas; mas temo que na verdade, segundo a expressão de Hermógenes, seja forçado assim pela semelhança, e que seja necessário lançar mão desse grosseiro recurso, a convenção, para a justeza dos nomes. Pois talvez do mais belo modo possível falaria quem falasse com todas ou com a maior parte de palavras, semelhantes, isto é, apropriadas, e do mais feio em caso contrário. (Crátilo\ Platão). Mas a linguagem ainda é som\pensamento, ainda que nem som nem pensamento comunicam-se por conta própria. Eles acontecem com o homem em sociedade, numa coisa que se chama signo. O som em si e o pensamento em si, são transcendentes à língua. Assim que mesa, tisch, taula, table etc têm sons diversos para o mesmo pensamento objeto. E quando dizemos mesa, não recorremos a uma coisa, mas a um pensamento mesa, a um som mesa, onde a este som e este pensamento têm além da coisa concreta mesa, um significante mesa. De tal forma que, qualquer um, que desconheça as convenções da língua portuguesa, poderia, ainda que visse o signo\significante concreto escrito diante de si, e que um falante de português fizesse vir, o ar quente de dentro de seus pulmões, ajudados diafragmaticamente, atritando com as cordas vocais, usando de todo o aparato acústico, a dureza dos dentes, a adestrada língua, soltasse o quente sopro vivificante esbarrando na maciez labial, ainda que gritado, de nada valeria àquele que desconhece as convenções do português. Não é dessa forma que Saussure raciocina, mas conclui que sendo o signo um fenômeno histórico e social, ele é arbitrário. Como entender esse “arbitrário” enquanto histórico e social. Há uma possibilidade - sempre há no minimo uma, nem o acaso é impossível como queria Stephane Mallarmè – que o signo = som\pensamento, ressoe transformado um resto de onomatopeia. É ai que entra o Platão: que o nome seja semelhante às coisas. Tengo Miedo pousa o cigarro no cinzeiro. Entrelaça os dedos e cruza os braços atrás da cabeça e mantem-se esperançoso. Esperançoso de falar bala de chocolate com amêndoas e sentir o gosto da coisa chocolate com amêndoas. 

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