A
indignação não é uma consciência cultivada. Ao contrário a
indignação nos pega de surpresa. Claro que veladamente,
inconscientemente conluiamos com tudo. Afinal fazemos parte do mesmo
mundo. Sabemos que se o vestidinho rosa tubinho de malha, coladinho
nas curvas, sobe e desce, acabam por mostrar os glúteos, está todo
mundo vendo, mas não é para todos, ele tem endereço certo. O que
tem a ver o cu com as carças?
Tudo! Se todos acabam com vontade de meter a mão, é um avanço de
sinal, no mínimo, mas se todos repudiam, é para se indignar. Assim
a indignação tem esse susto diante de inopinada surpresa,
furtividade, de causar admiração, vir de improviso diante do
combinado, te apanha descuidado diante das más artes que te causaram
dolo. Está estreitamente ligada a pia fraude. Nietzsche ama a tal da
pia fraus, que nada mais é que esse lençol branco que esconde o
concreto que existe no fantasma. A bondade é um fantasma, que tem
carne e osso, escondidos pela mortalha esvoaçante. O mundo mediático
é a concretude das fraudes. Cria-se o fantasma e tudo de seguida se
puxa o lençol. Uuuuuuuuuuuu!
Pia
é o oposto de ímpio. Pio é o indivíduo compassivo, senhor de
mortos e vivos, nosso pai e nosso deus e que disse que “havéra”
de voltar quando essa terra pecadora, mergulhada em transgressão,
tivesse cheia de violência, de mentira de rapina e de
ladrão (Elomar).Cantiga do istradar Cantorias I Elomar. Clique e ouça.
Este
é o pathos da indignação. Porque não há mais controle, o
descontrole é a regra onde nunca houve controle razoável, nem
Sarkozy de direita, ou Zapatero de esquerda, ou Obama de centro,
ou
Berlusconi pornô, ou PT corrupto. Não há mais muro para se pousar
de indeciso. Haverá um momento que teremos que dizer: NÃO!
Pois
é indigno. Desprezível. Vil. Indecoroso. Torpe. Infame. Degradante.
Obsceno. Sórdido. Nojento. Sujo. Asqueroso. Sabujo. Avaro. Abjeto.
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