2 de out. de 2014

Setembro em outubro.



Outubro,
já caminhando por ele,
vejo espalhados pedaços de setembro,
arrastados pelo vento,
vento de agosto.
Na carteira gorda de papéis,
um bilhete de metro que já não me levará a lugar algum.
Um telefone anotado,
conversa que acabou em risadas,
ou promessas,
ali permaneceram como areia no bolso do calção de banho,
que secou estendido na areia de Picinguaba,
por um amor de verão que ninguém mais quer,
a maré cheia encheu de água as pegadas de dedos levantados.
Esse vento agostiano arrastrando: não-me-esqueças, para-sempres,
emaranhados com os ecos de: não-me-lembro,
uma montanha de conchas de ostras chupadas.
Não chegarei a tempo,
não adianta ter pressa,
o barco já partiu,
já é outubro, um rumor de ondas,
relembram tua voz,
teu rosto que já não posso recordar.
Tua pele bronzeada acariciada,
o fosso do castelo de areia,
inundado,
em que habitávamos,

e lá presos caducamos.   

Nenhum comentário: