Paciência, paciente
leitor. É paciente, porque sabe olhar para isso e gastar o teu tempo
lendo estas linhas, palavras vãs de um anônimo que o vento nético
leva para olhos anônimos como os teus, que tudo veem, paciente
leitor.
Deixe que te fale de
paciência, de lentidão, de ofícios feitos das gotas que caem,
pouco a pouco, na borra das horas. Deixe que te fale dos últimos
discos, quaisquer dos últimos discos, que deixamos passar
despercebidos, ocupados que estamos com tantos ruídos.
Não pelo que são
em si estes álbuns ou outros, compostos por temas suaves, alma pura,
peças curtas, quase ínfimas, imperceptíveis. Mas sim, pelo que
representam, se é que as miudezas representem, e portanto
engrandecem, conectam a novos ritmos mais amplos e mais altos, neste
mudo doente. A música, qualquer música é uma brisa, leve, sem
parar, pelas ruas da clave, rua acima, rua abaixo para aonde a leve
o tempo meteorológico. A música, qualquer música, essa brisa que
é quase silêncio, sem deixar de murmurar. Não importa se vozes,
guitarras, tamborins, cavacos, agogôs, um surdo afogado, tum, desde
que nos faça, que nos faça não, que nos tente, uma tentação de
acreditar nas amizades, ou mesmo, de voltar a crer na bondade dos
seres... música, lenta, brisa, murmurando, inoculando harmonia,
elegância por dentro da etiqueta, música e dignidade de fazer
passado e
presente, paciência, paciência, como a tua que chegou até aqui,
que combateu cada linha com silêncio, suspendido na tua
sensibilidade, na transparência do teu tempo, diante da turbulência
do tempo lá de fora, que te procura, e te procurará sempre, mas
mantenha-se intacto, com teus amigos, para ser melhor, e nos fará a
todos melhor.
Isso foi escrito
ouvindo Breeze Eric Clapton & Amigos. se clicar em Breeze vai direto ao youtube.
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