O garotinho ia
recitando números de um dígito, sem nenhuma ordem evidente,
começara pelo 5. Eu, que penso que nos elevadores o diálogo é
facultativo mesmo com os conhecidos, no entanto me somei ao jogo com
o 10.
O garotinho, com
certeza molestado pela intromissão ou porque desconcertava aquela
sequência que lhe era adequada, com o rosto próximo do bolso de
minhas calças, levanta o olho e, num desafio me diz: 56.980.
Me descarrilhou! Foi
o que senti. Cai na armadilha. Sabia que viria um fim ainda pior. No
entanto, sei perder e não fujo da raia, então disse com humildade
de quem reconhece a culpa: 56.981.
Ele com um sorriso
matreiro, lentamente desembucha: INFINITO. Derrotado, pensei em
infinito ao quadrado, minha metafísica não me ajuda em nada, por
sorte o elevador parou e ele quando já fora do elevador abanou a
mão, Tchau!
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