31 de out. de 2014

Infinito.




O garotinho ia recitando números de um dígito, sem nenhuma ordem evidente, começara pelo 5. Eu, que penso que nos elevadores o diálogo é facultativo mesmo com os conhecidos, no entanto me somei ao jogo com o 10.
O garotinho, com certeza molestado pela intromissão ou porque desconcertava aquela sequência que lhe era adequada, com o rosto próximo do bolso de minhas calças, levanta o olho e, num desafio me diz: 56.980.
Me descarrilhou! Foi o que senti. Cai na armadilha. Sabia que viria um fim ainda pior. No entanto, sei perder e não fujo da raia, então disse com humildade de quem reconhece a culpa: 56.981.

Ele com um sorriso matreiro, lentamente desembucha: INFINITO. Derrotado, pensei em infinito ao quadrado, minha metafísica não me ajuda em nada, por sorte o elevador parou e ele quando já fora do elevador abanou a mão, Tchau!  

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