Impostura.
Quando vejo o céu escuro, carregado, não é que pense se ou não choverá imediatamente, mas temo que tudo aquilo caia de uma vez sobre minha cabeça, ainda que saiba que "isso não acontecerá amanhã". Devo explicar o que está entre aspas? Explico. Era uma brincadeira de juventude. Lia, por vezes, um gibi. E algumas " tiradas " das personagens faziam a minha cabeça, a tal ponto que as decorava para usá-las aonde quer que fosse. "Isso não acontecerá amanhã" é de algum Astérix que em algum momento usei com frequência suspeitosa, aonde pudesse usar "isso é pra já ", antônina de " não se afobe não, que nada é pra já ".
Quando comecei a escrever este blogspot Mancada me ocorria a pergunta de Obelix a Astérix:" não tem medo que se lhe acabem as idéias?", que vinha sempre depois de "Tenho uma ideia!" dita por Astérix. Cada "artigo" se apresenta como o último que serei capaz de escrever. A angústia, se tanto, dura poucos segundos. Porque a culpa, o doentio sentimento de culpa dura menos, que é o tempo de me sentir impostor.,como se os textos fossem fruto de uma feliz casualidade.
Entretanto, tirante esse tribunal interior tirano e desejoso de me desterrar qual Adão desse meu paraíso, vejo que o tempo acabará antes que as idéias. E quando me dou conta sou o náufrago, prestes a enviar mais uma mensagem, quem sabe se esta garrafa chegará a algum porto? Então, algum - ignoto ou conhecido - escreve um comentário, que de pronto se transforma num navio, que vem me resgatar. Este é meu elogio ao leitor.
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