À propos, Grécia.
Para Vicente Golfeto.
A crise grega me ensina coisas tão importantes, como que a ideologia e a economia são o único casamento realmente indissolúvel. Por mais que se tente tratá-los como mundos diferentes.
Quando os credores europeus exigem que a Grécia pague suas dívidas, sabedores de que não as podem pagar, não estão a exigir que se deposite uns bilhões numa data e conta determinadas, estão exigindo reformas. Não umas reformas quaisquer, senão as que, ideologicamente , crêem os credores as há de fazer.
Politicamente, Grécia não tem, absolutamente, outra opção, que seguir o que dita a "toika". Quer dizer, não tem qualquer margem política e ideológica para ser soberana na articulação de políticas econômicas, que venham gerar os euros para que efetive os pagamentos da dívida. Quando acusam o governo TsIpras e seu partido de irresponsáveis, por prometerem aquilo que não podem, querem dizer que, quando se é sócio do clube ( do Euro), sua democracia tem uns limites.
Sobretudo, insisto, se tem dívida com o FMI.
Curiosamente, antes de TsIpras, a Grécia, cumpria religiosamente sem dar um pio ao que dizia a tróica, não teria aparantemente nenhum problema,mas sua população se arruinava miseravelmente, e seus grandes capitais migravam tranquilamente para a Suíça et congêneres.
A crise helênica pode ensinar a quem possa não saber, ou ter esquecido, que a União Européia é acima de tudo uma união monetária. Uma soma impossível de países ricos e pobres, de sábios e de asnos de presépio, e que a moeda é a regra de ouro dessa união,que reina acima de tudo. Ainda mais, a União Européia não é uma união financeira e muito menos política. Portanto, se um país empobrecido, à propos, Grécia, tem a ilusão de votar qualquer opção política que entenda, e que a moeda possa ser usada de outra forma, diferente da de quem comanda as brasas da churrasqueira, estará se movendo na esfera da ilusão, do mais puro sonho,
Todos sabemos que a Grécia não pode cumprir com seus deveres creditícios, que são enormes, nem direcionar o país se não tem crédito. Nem TsIpras, nem qualquer outro que venha a sair de eleições democráticas. A não ser que haja uma mudança de paradigma, que se adeque à burocracia européia, ou a troica a afunda ou ainda a deixa morrer, languidamente.
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