Quem não conhece o
argumento do: Um conto de Natal de Dickens?
Ebenezer Scrooge, o ávaro, que na noite de natal recebe a visita de
fantasmas: o do Passado, que o obriga a recordar com afeto a sua
infância; o do Presente, que lhe mostra como o amor reina na casa
do seus empregados, e o do Futuro que lhe faz ver como morrerá, só
como José Serra, se não mudar suas atitudes. No conto o final é
feliz.
Apesar
das desilusões, os abusos da comercialização, não tenho muita
queda por narrativas mais ou menos ingênuas, que pretendem recordar
o que havia de belo no espírito natalino de antigamente. Mas um dia
li um conto em que Jesus, que voltava à terra a cada cem anos, por
ocasião do Natal, vinha para assistir à missa do Galo, em alguma
igreja pequenina de algum cafundó. Pelo caminho foram se juntando a
Ele o canário ( o
pássaro predileto de Deus), a angola, a lebre, a raposa, a cotia, o
tatu e outros silvícolas. É assim que chegam a uma capela e se
somam, sem serem vistos, ao coro dos homens e das mulheres que
cantam, e aqueles que para os quais a vida é “uma luta incessante”
ali encontram a paz e o amor. Na manhã seguinte, um moleque de
olhos sonhadores, encontra a dormir junto ao altar o canário, ele a
pega e o solta na porta da capela. E então dizem, e desde lá, cada
Natal, nos cafundó, há alguém, entre os homens, querendo saber se
vive deveras ou tão só sonha o Natal dos silvícolas.
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