26 de dez. de 2014

Um desconto de Natal



Quem não conhece o argumento do: Um conto de Natal de Dickens? Ebenezer Scrooge, o ávaro, que na noite de natal recebe a visita de fantasmas: o do Passado, que o obriga a recordar com afeto a sua infância; o do Presente, que lhe mostra como o amor reina na casa do seus empregados, e o do Futuro que lhe faz ver como morrerá, só como José Serra, se não mudar suas atitudes. No conto o final é feliz.
Apesar das desilusões, os abusos da comercialização, não tenho muita queda por narrativas mais ou menos ingênuas, que pretendem recordar o que havia de belo no espírito natalino de antigamente. Mas um dia li um conto em que Jesus, que voltava à terra a cada cem anos, por ocasião do Natal, vinha para assistir à missa do Galo, em alguma igreja pequenina de algum cafundó. Pelo caminho foram se juntando a Ele o canário ( o pássaro predileto de Deus), a angola, a lebre, a raposa, a cotia, o tatu e outros silvícolas. É assim que chegam a uma capela e se somam, sem serem vistos, ao coro dos homens e das mulheres que cantam, e aqueles que para os quais a vida é “uma luta incessante” ali encontram a paz e o amor. Na manhã seguinte, um moleque de olhos sonhadores, encontra a dormir junto ao altar o canário, ele a pega e o solta na porta da capela. E então dizem, e desde lá, cada Natal, nos cafundó, há alguém, entre os homens, querendo saber se vive deveras ou tão só sonha o Natal dos silvícolas. 

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