Há
a fábula do porco-espinho, senão, invento agora, fazia frio, era a
era glacial, e os porcos-espinhos morriam de frio. Como outros
animais resolveram se juntar, para se aquecerem com o calor de seus
corpos. Nada. Com os seus espinhos mais feriam uns aos outros que se
aqueciam mutuamente. Assim se afastavam. E morriam de frio. Se
aproximavam e se feriam. Houve um momento em que descobriram a exata
distância.
Algum ferimento sempre foi melhor que a morte.
Não
somos porcos-espinhos, mas valha-me deus, quantos espinhos. Há
palavras que espetam mais que peixeira. Ouvi dizer que depois das
festas de fim de ano, aumentam os divórcios, sobredose de
proximidade. Assim o que vale para o porco-espinho e para os casais,
vale mutatis mutandis, para todas as relações: entre
animais, pessoas, objetos e contextos, até para relações entre
comunidades inteiras, Facebook, seja o que for, vocês já me entendem.
No
templo de Apolo em Delfos há uma frase, gnothi
seauton,
"conhece-te a ti próprio", esta
é boa, mas não é essa, mas uma que diz: meden
agan,
"nada em excesso".
De
nada, muito. Prefiro
assim. Ou uma que dizia meu avô: um pouco agrada, muito enfada,
temos exemplos a
caçambadas.
Tenho amigos, quais
os
encontros mensais são aprazíveis, já o contato semanal é
nefasto.. O
mesmo digo de feijoada, por-do-sol
e Sinatra, Beatles...Elza Soares...
Um
tal Edward T. Hall inventou uma disciplina, a Proxêmia, cunhou o
termo Proxêmica: proximidade ou distância entre indivíduos, notadamente do ponto de
vista comportamental, cultural ou social.
Enfim,
há uma distância necessária para “passar o ar” e não ter que
sentir o hálito. Não é bem a questão de só provar e não se
entupir, enfastiar, mas nem muito próximo nem distante, que dê para
ver vindo e que te possa agarrar.
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