29 de ago. de 2015

Lenin na Bolívia.

Corria a plenos pulmões a segunda guerra mundial, e Grigulevich, Iosif Romualdovich Grigulevich, agente soviético que participara do assassinato de Andreu Nin, do primeiro atentado a Trotsky e em mil e uma outras indústrias do gênero, assegurou a seus superiores que com 65.666 dólares converteria Bolívia numa república soviética.
Grig, assim o chamavam, pessoas de um círculo mui restrito. Adorava presentear amigos com seus livros, alguma vez o chamavam Romualdich ou Don Pepe. Entre tantos apelidos e pseudônimos que teve durante sua vida. Mas para a massa anônima, de seus leitores, se tratava de I.R. Lavretstki, sobrenome de sua mãe Nadezhda Lavretstkaia. Família modesta, caraítas, grupo étnico de judeus turcos que falam um idioma aparentado ao crimeo-tártaro, hoje reduzidos a um grupo de  três ou quatro mil falantes em todo o mundo.
Grig estava no Uruguai quando soube do aparecimento de um líder indígena revolucionário, chamado Lenin, que se julgava em condições de proclamar o Estado Soviético da Bolívia. Tudo que precisava era de 65.666 dólares. O que me parece estranho, ainda que tal valor conste do Informe Mitrokhin, é que a estranheza se dê na realidade e não na ficção. Grig também se espantou, e quis saber de Lenin a razão de valor tão justo, tão melindroso. E Lenin deixou as suas posicoes mais claras, nesse tabuleiro, tomando de uma folha de papel enrugada aonde fez as contas elementares da revolução; tanto para o suborno do chefe de arsenal, tanto para o chefe dos correios, tanto para o chefe da estação, etc. Um plano perfeito, que em lugar de armas usava dólares. Apesar de ter tudo tão claro e discriminado,  Moscou quis pechinchar o preço de uma revolução que não derramaria uma gota de sangue. Presenciamos a dificuldade da KGB em  compreender os fatos reais.  Assim, Grigulevich deveria fazer com que Lenin fizesse a revolução com 60.000 dólares. Lenin que tinha as contas bem feitas, disse que sem os grotescos, mas comprovados   5.666 dólares faltantes, não podia fazer nada. E não fez. 

28 de ago. de 2015

Morrerei em Paris com aguaceiro/ um dia do qual já tenho a recordação.


Morrerei em Paris com aguaceiro/ um dia do qual já tenho a recordação.


"Me moriré en París, con aguacero, / un día del cual tengo ya el recuerdo". E assim foi. César Vallejo é uma das muitas celebridades enterradas na capital do Sena. A Montparnasse, com Baudelaire e dignidade, mesmíssima dignidade que se nega aos 18 mortos em Osasco. Em 1593, num juízo contra 28/mulheres, acusadas de bruxaria. Em Paüls, 24 foram condenadas, e dio dia  4  ao 29 março, foram enforcadas ou queimadas, segundo a disponibilidade do carrasco. Carrasco por aqui anda aos pares, prendendo vendedores de abacaxis, denote-se e conote-se, à tardinha, trocam turno e coturno e agendam ajustamentos, sem carapuças, literalmente, fazem da inquisição, coisa deveras Santa. 

27 de ago. de 2015

A dobra do tempo!

Quando chego à fila do pão, no armazém do Zillo, havia duas mulheres. Com uma delas troco  olhares, olhos nos olhos, mais ou menos fixos. Impróprio a princípio, pois não a conhecia. Para sair do limpasse, a saúdo. Ela sorri e retribui com: bem e você?  E acrescenta que não estava certa de que eu era eu, mesmo! As palavras indicam, talvez, prudência. Maura, era irmã de um colega de colégio. Ia o ano de 76, me lembro bem da data, porque trabalhava no Cartório do Oswaldo Sampaio, vizinho de sua casa. Nos separavam infinitos cinco anos, eu mais velho, melhor dito, uma eternidade que o próprio tempo cuidou de encurtar. Apesar de que então sabíamos de uma e de outro, mais por terceiros, que por encontros diretos, estes foram se alongando até o ponto da desaparição dos contatos. Enquanto o Marquin lhe corta a rabada com a serra que não respeita  anatomias e texturas, Maura e eu colocamos nossa vida em dia, superficialmente, e assim permanecerá, ao que me parece, não aprofundaremos, está tanto em palavras como em subentendidos. Antes de se despedir, Maura que se aposentou pela 3M, se dedica a cuidar da mãe e dos netos, me fez um outro de seus sorrisos francos, ligeiramente - talvez - tristes, que o tempo não foi capaz de mudar, e me diz: ... mas aqui dentro - aponta para a cabeça - tudo continua jovem. Não entendo, até agora, o motivo de sua cumplicidade, e silenciosamente, e também com um sorriso, lhe dou razão, o jovem perdura. 

26 de ago. de 2015

Tem lógica o sonho?




Estávamos num pub em El Tarrós, à volta de uma mesa alta e sem tamboretes, de pé. Jaume passou por nós e sinalizou que já se ia, e se quiséssemos nos levaria até Bellpuig. Jaume é baterista do Husqvarna, e não íamos para Bellpuig e sim para Tornabous, que é o pueblo que queria mostrar a ela. É um sonho, mas é melhor localizá-lo. Estes nomes se referem a pueblos ao pé dos Pirineus do lado da Catalunha. Não há lógica alguma, a priori, pois estávamos em veículo próprio, quando chegamos, e a chegada não é aonde o sonho principia. O sonho principia aonde principia este relato. No entanto quando Jaume nos oferece carona, no sonho me lembrei que íamos em carro próprio. E que não passaríamos por Bellpuig, porque havíamos escolhido ir pelo Caminho e não pela estrada, porque poderia mostrar a ela alguns casarões perdidos no meio das plantações de maçãs, o que não aconteceria se fossemos pela estrada. Dentre os casarões havia um em particular, que pararia para lhe contar uma história que se passou comigo ali, em virtude de um chute de cavalo que havia me aplicado. Saímos com Jaume, que levava no banco traseiro umas oito mudas de marijuana que plantaria em vasos na sacada de sua casa. Corria muito. Jaume era o mesmo da vida real. Quando chegamos, não era Bellpuig, e sim Tornabous. E sem pular nenhum fotograma me via com ela no salão de festas da piscina do povoado. Havia um jantar. Joan veio nos receber. Nos indicou a mesa. E me perguntou por ela. Só então ela ganhou identidade. Ela estava ali o tempo todo. Não identificada. Foi uma grata surpresa. Sempre sonhei com ela. Mas acordado. Em sonhos não havia acontecido. Joan, sim, estava espantado. Porque para ele, no sonho que era sonhado, eu era cozinheiro, e não comensal. Fui saudado algumas vezes. Sentia que para eles nunca havia partido, como se a minha partida houvesse parado o tempo, que agora retomava. Outro espanto era o meu ao agir tão naturalmente, diante dela, como se estivesse com ela todo o tempo em que com ela sonhei acordado. Vou continuar sem nomeá-la. Seu nome é tão forte que não encontro paralelo para o substituir. E tenho vergonha de que por qualquer motivo ela venha ler e se identifique com esse sonho antigo, ou descubra que me sonha.      

Carta ao leitor.

Li tudo a respeito do pacto que antecedeu o 16 de Agosto, caro Gilberto Lauzi. Prós e contras. Com isso consegui uma latinha de sardinha. Diante dela usei tudo que havia lido antes, como se fosse um abridor de latas. Não sei se amo 'meu' país como você, sei que amo à minha moda, e não falo por mais ninguém, senão eu.
De todos os modos abri a lata, e, lá estavam sardinhas sem cabeças. Cantei:  "We all need education" então pensei: tudo, absolutamente tudo que pensar, precede a mim, alguém pensou, alguém viveu, alguém inventou estas palavras e as outras que virão até o fim desse insulto. Mas não disse coxinha, que não, disse Bossa-nova.  Se aquele era ironia, esse é insulto e  digo, porque me parece fundamental. 

25 de ago. de 2015

Ter razão, ter sempre razão.



A arte de sempre se ter razão é um folheto que o filósofo* alemão deixou, sem publicar, o que aconteceu mais tarde. É um folheto cheio de engenhos, industrias e ironias, uns conselhos para conseguir que algumas ideias triunfem, apesar de inconsistentes e falseadas, ou simplesmente mancas da perna da verdade.
O princípio que o norteia é a maldade intrínseca do gênero humano. Assegura que se não fossemos malvados, e no fundo fossemos honrados, em cada discussão procuraríamos levar à luz nada mais que a verdade, sem mais preocupação, e nos somaríamos à ela, sem nos preocuparmos se nossa ou de outrem.
São trinta e oito estratagemas para a arte de enganar, de mentir, de enrolar, de fazer parecer aquilo que é verdadeiro, falso, e aquilo que é falso, algo magistral.
A manipulação dos argumentos, ataques ao enunciador, tudo porque ( adoro essa ideia de usar porque como para que) o espectador conclua que você está com a razão e o adversário mente. O importante não é se chegar à verdade, passa longe disso. O que se pretende é provar que o vampiro é o doador de sangue, a vitima? Pois louca!

Recentemente uma velha raposa política de grande peso específico, um que com certeza leu o opúsculo qual me refiro, sentenciava que a presidenta em nome da honradez, renunciasse, por ter seu nome colado a figuras de baixo peso específico. Não basta responder: que honradez por honradez ele estava no mesmo saco. A resposta a ser dada era a de que político melhor avaliado é político enterrado, já não basta ser um morto. O político não vive de si, mas da não vida do outro.    

.* Schopenhauer.     

24 de ago. de 2015

Hegel, ou entre mordaça e a tagarelice.




Afinal, será mesmo preciso dar explicações o tempo todo ou haveria de me refugiar com mais frequência, para frequentar com atenção plena o silêncio?
Como compatibilizar o recolhimento e a paixão febril por comunicar, e com isso compartir a história do meu tempo?
Olha, como é surpreendente como me debato entre receitas contraditórias na hora de encarrilhar o comboio da existência!
Chego à conclusão de que não posso escolher entre uma e outra atitude, senão que viver imerso na relação dialética entre opções aparentemente contraditórias. Se por um lado sou interpelado por beliscadas,  me chamando à concentração e à experiência atenta do que acontece, sem espectativas prévias sobre mim, nem sobre os outros, nem como haveriam de ser as coisas. Da outra banda me excita a aventura da comunicação, a tendência de contar histórias oralmente, escrever nas redes sociais, divagar.
Então, melhor a eqüidistância instável.
Modestamente, me identifico com algumas coisas que li de Hegel, o Hegel que está em Marx, aonde não posso abraçar o todo e ao mesmo tempo, compreensivelmente, assim a contradição é a raiz - isso é Hegel em Marx - da vitalidade e do movimento.
Pensava nisso estirado na espreguiçadeira, debaixo da amoreira, tomando alternadas pinga e cerveja, quando passa voando baixo um bando de garças brancas, eis que fui tomado de dúvidas, correr a pegar o celular para fotografá-las, escrever sobre elas que começaram suas vidas entre búfalos de água africanos, em pântanos e albufeiras.e que nos últimos anos acompanham umas vaquinhas tucuras que roem os pastos especulativos
da vizinhança. Ou por fim, contemplá-las e deixar correr o tempo, mas deu nisso! 

23 de ago. de 2015

Ungüento de São Fiacre.



Tirado de velhos tópicos, tão velhos como não demonstrados - as dores do amor se guariba viajando e lendo. Hoje por hoje não tenho a menor vontade de sarar qualquer enfado, mas comedidamente faço ouvidos e gosto de passar quilômetros  mais que passar páginas. Ainda que seja mais acessível ler que rodar mundo, minha paixão é viajar, e fiz isso de tal modo que por vezes viajava dentro da viagem, e o remédio do remédio, a volta, se tornava outra unção, de uma moléstia incurável. Certa vez, lia a biografia de JJ e fui me cozinhando numa febre, quando me dei conta terminava a leitura num café do Quartier e havia deixado Bellpuig para tão só ver Tom Waits a L'Auditori. Curiosidade, ou o exercício de bisbilhotar, no bom sentido. Ler é olhar por um buraco a intimidade alheia a caminhar pela Rive Gauche ou folhear um Baudelaire numa livraria acerca de Notre Dame. Os egípcios diziam que uma biblioteca é um tesouro de remédios da alma. E de citação em citação se chega facilmente a que somos aquilo que lemos,  mais aquilo que vivemos. 

Mentira.

Mentira.
Não podemos reclamar, há mentiras para todos os gostos. Meias verdades, pequenas mentiras, mentiras piedosas, malvadas, por necessidade, por falta do que fazer, mas as mentiras reiteradas, premeditadas, estudadas, planejadas com maldade e persistente laboriosidade, são destinadas a crédulos que estão dispostos a tropeçar uma e mil vezes a mesma pedra.
A modalidade em voga é  ocultar fatos. Com as atenções focadas noutros pontos, o Sr. Alckmin mata. Mata de sede. Mata na calada. Mata na caruda. Mata oportunidades de gerações em idade escolar, para instaurar o caos na segurança pública, e como solução autoriza a execução como padrão de conduta policial. Os crédulos seguem torpes a "trupicar", na mesma pedra. 

22 de ago. de 2015

Mapa dos Cornudos.

Infiéis.

Uma notícia banal, deixa de cabelo em pé, homens e mulheres de meio mundo: um hacker divulga a lista de um site para infiéis. Não no sentido malafaico, não. É um sítio aonde homens e mulheres buscam escapadas extraconjugais, com quem anda por perto.
O site se chama Ashley Madison, e seus proprietários, responsáveis, estavam prestes a lançá-lo, cotizá-lo em Bolsa de Valores, tamanho o sucesso que faz, fazia, sabe se lá! Alguém processou os dados de usuários, via Big Data. E qual não é o espanto, senão que a infidelidade coincide com a riqueza, com o mapa do desenvolvimento tecnológico, com o acesso à Internet.
É certo, que o Big Data não pode saber se esse lugar feliz é feito de curiosos ou praticantes.
É notório, se tratar de inverdade, a infidelidade não depende de grana, ou Internet ou tecnologia! Vá me dizer que na periferia só existem fiéis, se o que mais existe a rés do chão  é corno 'brabo','manso' e desinformado. 

21 de ago. de 2015

Agosto, uma encruzilhada.

As vezes fico imaginando o criador enchendo suas rotring (anacronismos à parte) e traçando linhas sem fim por toda parte e em todas as direções. Cada vez que uma linha se cruza com outra, se opera um milagre, fazendo as coordenadas espaço x tempo perderem   seu poder, e uma recordação compartida  te aproxima de tempos remotos e no ermo. E esta casualidade se repete. E tropeça com tantas vidas, que viver o presente é alcançar a tartaruga que Zenão persegue sem sucesso.
Uma tarde de ventos de Agosto, com uma poeira vermelha, infernal, mas este agora, é as linhas cruzadas, e Getúlio se dava um tiro. Jânio renunciava, Juscelino morria na Dutra, Glauber nos deixava com a câmara na mão, Marilyn Monroe, Carmem Miranda,o Enola Gay soltava a solução sobre Hiroshima, Richard Nixon, a URSS invade Praga, pondo fim à Primavera, Hitler pulou Agosto, deixou para o dia seguinte, 1 de setembro, para invadir a Polônia, enfim o massacre de São. Bartolomeu  em Paris. Nasce Fidel.Castro, Morre Trotsky. Morre Nietzsche. Assim que chorar em Agosto é chorar sob a chuva, que em Agosto não cai.

Escarmentacão.

Escarmentação.

O economista, prêmio Nobel, Paul Krugman, crítico ferrenho das políticas de austeridade alemãs - Comunidade Européia - qualificou de 'golpe de estado' a imposição à Grécia das medidas de austeridade, posteriores ao referendum, e supõe que seja o maior castigo jamais infligido contra um governo soberano, por parte de entidades supranacionais. A decisão de Alexis Tsipras de se demitir e antecipar eleições para setembro, mostra os danos causados pela trinca à legitimidade do Governo Syriza, um formação de esquerda, à qual se devia condenar ao fracasso, para servir de escarmento aos demais países europeus.
É notório que a Grécia, desde antes à sua incorporação ao euro, já não era um país fiável, que mentiu com a ajuda de França e Alemanha, para não ir tão longe, durante governos de centro direita,campeões do desgoverno. Agora, quando um governo de esquerda, tenta reconduzir a economia helena - país mais pobre da zona Euro - o castigo veio sem misericórdia, em troca de uns bilhões de euros, que os helenos jamais pagarão aos seus credores. A pergunta é se alguém pagará, os EUA devem 29% de toda a dívida do planeta, seguido de Japão, Alemanha, China, Itália, e depois Brasil que deve 2,5% do montante global. A diferença é que qualquer desses países são soberanos, soberania que o Brasil conquistou mui recentemente, e que não podemos perder

19 de ago. de 2015

Estado Mínimo!

Estado Minimo.
Minha memória é minha pátria. Meu território é minha sombra com o sol no zênite, alguma expansão territorial na hora da sesta, em uma rede. Tenho língua, cultura e gastronomia própria. Sou um estado mínimo

18 de ago. de 2015

16A. 16 de Agosto.

As manifestação de 16Agosto, me intriga por alguns motivos,
Um deles é, se tanta gente está indignada, por que tão poucos saíram às ruas? Isso diz muito de nossa índole, antes de mais nada. Segundo, queremos mudanças e sobretudo que outros as perpetrem, ainda que seja inter pares, façam por mim. Boquirotos. Impacientes e invejosos. Birrentos. Fala-barato. Outra é que todo o aparelho Mediático do país, o que incluí o Neto, Ana Maria Braga e seu louro José, e os melhores economistas e analistas vencedores, verdadeiras vacas premiadas de Barretos, não conseguem fazer uma manifestação como deveria ser, dada a gravidade dos publicados problemas e a expansão cósmica da crise.
Se a crise é essa, e se a indignação é tanta, algo de grave deve existir. Ou é tudo farsa canhestra, ou essa gente vale menos que a farsa

Horrorizado? Mr. O'Brien!

Horrorizado!

Um sangrento conflito, que dura quatro anos, com mais de 250 mil cidadãos mortos de ambos os lados, quase um milhão de feridos, nunca é demais lembrar que se trata de um país capitalista, à sua maneira, claro. Metade da população síria abandonou suas casas, por força. Não faz mais que um lustro que se tratava de uma geografia conhecida, sobretudo, pelos sítios arqueológicos, ruínas e monumentos persas, também atacados nessa luta fratricida. Tudo isso para só agora um fulano da ONU, um Fulanaço, se declarasse abertamente "horrorizado"!, ontem, depois que a tropas leais a Bashar al-Assad, bombardeassem, indiscriminadamente, um mercado perto de Damasco, matando cidadãos, uns 100.
 Stephen O'Brien, esse é o cara. Salta aos olhos que a segunda guerra não serviu para nada e a ONU a cada dia perde protagonismo, que já não era lá essas coisas. 

17 de ago. de 2015

Memórias.

As primeiras recordações se confundem na memória, tão densas, que não sei se minhas ou se de mim por outros. De qualquer forma verídicas, por as ter ouvido nas datas festivas, lembra o dia que sumiu, você aprendera a andar muito cedo, e com um ano saracotiava pelo quintal, eu e teu pai te chamávamos, fomos ao galinheiro, aonde você sempre ao ouvir a galinha cantar ia lá chupar o ovo, teu pai lhe ensinara, um buraquinho e sucção. Fomos à horta,  voce adorava comer os quiabinhos tenros colhidos do pé, e não estava lá, foi aí que saiu o grito que assustou até compadre Cassito, desembestei a correr rumo ao ribeirão, e lá estava você brincando na água rasa, quando nos viu em pranto, também se atrapalhou e caiu na água mais forte, teu pai entrou no ribeirão, mas não te alcançou, por sorte, o Armênio estava na beira do córrego e esticou o braço e te pescou.  A partir daí, tinha uma bacia grande cheia d'água só para me refrescar. Mantive aquele medo do rio, para mim era sempre o mesmo e queria me levar a jusante. Bem mais tarde aprendi que nem eu e rio eramos os mesmos, mas isso foi muito mais tarde, convém por agora não embaralhar as memórias. Mais tarde Armênio reaparece na história, me ensinaria  brigar.

14 de ago. de 2015

Caixinha de Pandora.

Levava anos procurando minha caixinha. Sim, uma caixinha que estava dentro daquele baú que ficava lá no quartinho, aonde aquela gata angorá deu cria? Não sei que fim levou! Pode estar dentro do baú que foi pra casa da tia Carmelita. E nesses pode isso pode aquilo, foram se os dias os anos. Hoje ela chegou até mim. Foi emocionante a abrir, alegres e satisfeitas recordações, feridas ainda não cicatrizadas, com aquela casca grossa, frases que as havia colhido em pleno vôo e silêncio, um patrimônio emocional. Heráclito diria que não se trata da.mesma caixa, seguirei a procurar...

Será arte?

Será arte?

Já faz tempo que a arte não é etiquetada, em particular a pintura. Anda sem brotar ramos na árvore abstrata das escolas artisticas, tão abstratos e generalistas como informalismo, sintetismo, construtivismo, suprematismo, neoplasticismo,vorticismo expressionismo abstrato, minimalismo, cinetismo, e outros que não me recordo ou não sei nem os nomes. Os artistas da pós modernidade, me parece, são ecléticos. Entre passionais e racionais, em maior ou menor grau artesãos e tecnológicos. Aquele que já tem nome na praça, faz experimentos, em busca de estilo, se cansa e já está noutra. Fuça no baú da razão instrumental, da razão técnica, da razão intuitiva ( será possível? ),  da paixão, mas não têm escola, ou corrente, para pagar cotas, ou  se esqueceu ( ou nunca soube) que havia escolas, tendências, movimentos ou seitas.
De passagem, quando observo alguma obra catalogada como obra de arte, isso não é bastante para me impressionar e como muitos penso que a arte está em franca decadência. Chego a pensar que a arte morreu.
Se o que vivemos é pós modernidade, não sei, certamente é desencanto, relativismo absoluto, impostura e simulação, virtualidade, hiperrealidade, salve-se quem puder, utopias cariadas e cáries utópicas, aberração moral, desigualdades pornográficas, entropia, ruídos como informações, cenas que se desdobram ao infinito onde ficção e realidade se confundem.
Os movimentos, vide 2013, surgidos dos acçotes embrutecidos  do capitalismo, chegaram nessa encruzilhada, e embrutecidos na rua e na rede social denunciam a violência,  chutam o pau da barraca  em nome de recuperar valores, ética, civilidade, justiça, eqüidade, sustentabilidade, transparência, entretanto não se ouve falar de cultura, ou fala-se pouco ( em áreas para fumantes) das formas artísticas, de filosofia ou seus sistemas, de equipamentos culturais, e de artes plásticas e literatura, muito menos.
É um espelho trincado, hipertextos, metarrelatos, uma arte plástica da tatooagem, ou a estética da cirurgia. 

13 de ago. de 2015

Procura-se.

Procura-se.

Pessoa inteligente, que se deixe gostar, fineza no trato. Que seja pau para toda obra. Que estimule o intelecto, com sua mente absolutamente aberta, inteligência, transparente, clara, fineza de análise, que seja mais que um professor, com elegância trasladada ao pensamento.  Que nos ensine que o uso da língua correta e rica, nos fará melhor, que nos abrirá portas. Que retorne os professores ao posto de modelo e os boleiros não passem de heróis, porque o pensamento anda catastrófico, espetacularmente, catastrófico. 

11 de ago. de 2015

Onanismo, 300 anos, comemoramos.

Judá toma para seu primogênito Er, uma mulher que se chamava Tamar. Mas Javé não curtia Er, desgostava, na verdade, então, Javé o fez morrer, porque Javé não mata. Então Judá disse a Onã, aproveita e fique você com Tamar, cumpra com seu dever  e faça perdurar o seu irmão. Onã sabia que não se imortalizaria naquela relação, e toda vez que se encostava com Tamar, tirava na hora h negando posteridade a Er. Javé se desgostou dessa história e o fez morrer. Gênesis 38, 6-10.
Algumas coisas me remetem a Bíblia, como o que me fez buscar Gênesis, apareceu por aqui um cachorro de nome Onã. Não sei o porquê do nome, já que me parece tão fiel, entusiasta das angolas que encontra pelo caminho, nas caminhadas que faz com seu dono, parece que gostaria que fossem mas longas. Explicada a citação, devo confessar, que não pensava em Onã, o cão.
Creio que os padres que fizeram parte da minha catequização, nunca deram muita importância às personagens secundárias, inda mais uma que praticava  coitos interruptos, diante de criaturas que já andavam pelas masturbações corriqueiras. Se bem que, ainda, longes do coito. Mas uma coisa fica patente, além de crescer pelos nas mãos, você pode ser fulminado por Javé, ou qualquer um de seus laranjas.
Uma coisa é certa a palavra onanismo é recente, e o catecismo era, em pleno maio de 68, baseado na Idade Média.
Onania; or, The Heinous Sin of Self-Pollution, and all its Frightful Consequences in Both Sexes. Ao que parece surgiu entre 1710-16. Pode muito bem estar completando 300 anos, merece uma depenada no sabiá ou uma siririca em comemoração. 

10 de ago. de 2015

Um Nietzsche não lido!

Nietzsche é bem bacana de se ler. Uma possibilidade é não entender lhufas, no entanto cria umas sinapses poéticas fabulosas, como se houvesse tomado uma estrelinha. Outra é, não entender, em absoluto, seja tomá-lo por libertino. Outra é entendê-lo. E imediatamente sair por aí querendo identificar Platão e outras moralidades que impedem a felicidade. Outra, ainda, é compreender a mensagem de liberdade para as punções humanas, a vontade de poder, entre tantas. Acontece que essa é difícil de redução, como a dobra do tempo em Einstein, que ao se reduzir é outra coisa. Ser Dionísio é um sonho humano, acontece que,  sua redução se aproxima rápida e perigosamente do nazismo, o famoso Espaço Vital. E pode parecer uma má leitura del Bigodão, mas é só uma primeira identidade encontrada naquela inteligência, que aplicada dá no que deu!

Pacto da Vergonha

Pacto da Vergonha.
Custo a entender esse pacto. Um baile a fantasia entre poderosos, não apesar da crise, mas apesar dos cidadãos e de um país., aonde o malvado troca sua máscara de ódio, pela da compreensão. Antes se falava num 16 agosto, uma manifestação, como se fosse a tomada da Bastilha, festa grande, com buzinaço do Corpo de Bombeiros, e fogos de artifício. Cívica e democrática.
No meio desses fatos, no baile de mascarados, as máscaras são trocadas. Leio justificações frustradas e frustrantes. É sem duvida um péssimo acordo político. Se fosse um filme, seria B, cujo nome não me escapa: o Ódio sem disfarces.
Mas se fosse um livro, se chamaria " O Barulho dos Bossanovas Envelhecidos".
O enredo seria de uma comédia Shakespeariana, plana e franca, ( coisa que agradeço,), mas não é um afago. Resumo da comédia, minimiza-se o pacto, em contrapartida dos efeitos secundários do mito de Fausto. Pensa que é fácil pactuar com o diabo?
Cinema, livro, façamos um zoom. Traem meus sentimentos. Cada palavra, frase os delata. 

9 de ago. de 2015

Hiroshima, Litle Boy!

Hiroshima.

70 anos. Desde o B-29 Enola Gay se lançou a Litle Boy, a primeira bomba atômica, sobre Hiroshima, faltavam 15 minutos para as 9 horas daquela manhã.
Uma explosão equivalente a 13 quilotons de trinitrotolueno. Do rabo do bombardeio, um soldado descreve: uma coluna de fumaça sobe rapidamente, no seu centro um vermelho terrível. Tudo é turbulência. Uma massa borbulhando em cinza violácea, e um núcleo vermelho.
Um protagonista ainda pouco conhecido nos dias que correm dessa trágica história foi Claude Eatherly, que pilotava o Straight Flush.que sobrevoou a cidade pouco  antes, para dar luz verde à façanha, "o alvo é perfeito, não há nuvens..." como deixou escrito em uma de suas cartas. Logo quis se apartar do papel de herói. Foi internado em hospital psiquiátrico, contra vontade. Era pessoa interessada, desde que se fizesse uso da razão, de como " se deve atuar" e até que ponto as consequências das ações individuais podem ser transferidas aos governos, ou a instituição qual as ordenou. Daquela data até 1978, quando morreu, se culpabilizou. Se converte num ativista pela paz. Mantém correspondência com Günther Anders, filósofo vienense, cartas de cunho filosófico e moral. A questão central desta correspondência é se um indivíduo pode se esquivar da responsabilidade dos seus atos ou do seu trabalho e qual a consequência disso para os demais humanos. 

8 de ago. de 2015

Liberty. Semiótica.

Semiótica.
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 Os franceses e seu senso de humor plantaram uma estátua na embocadura do Hudson, seu nome: Liberty.  Liberdade, por imobilizada, nenhum movimento lhe é restringido.

7 de ago. de 2015

Dilma.

Dilma.

É diante dela que se tornam inteligentes. Humoristas. Pessimistas. Otimistas. Inspira o chargista, o machista, o chauvinista, o ufanista,  o trotskista, o libertário von misista, anti gayzistas, e lbtgistas.
Agudas inteligências saltam para a banda da obtusidade,e se encontram na encruzilhada, elo que ela é, e meeting point, é só clicar.
Não há mais mundo, não há Brasil, não há sertão, mesmo a Grécia que se arvorou em ser, criatura foi só criação.
Os insepultos se levantam, nesse Antares de Campolargos e Vacarianos e as puladas de cerca são delatadas.  
O joio se une ao trigo numa estranha transgenia, o flanelinha diz que a crise e basta para o douto estender a moeda, a diarista é citada no encontro filantrópico, entre um camafeu de nozes e um gorgolão de vinho frisante gelado. O dono do desmanche, o garibador, o receorador, o avião, o chifrudo e o som de debaixo da cama, o dimenor, a moça quasinua na Brasil, em uníssono, é Ela.
Buda gigante no planalto central, é só passar a mão em seu umbigo, e se ungir para o sucesso na rede social, na tira, na paródia... Não te contei não, mas você sabe, como nunca soube, aquilo que todo mundo sabe. Um Cristo às avessas, e não a apeiam da cruz e ela resiste, esboça um sorriso, emagrece, fel e lanças, coroas.
Geni que uniu como ninguém nunca pode, igualou o discurso e as inteligências, a revista economiza em mão de obra, os consultórios nunca estiveram tão em dia com a notícia, e todos lêem a mesma nota e cantam em coro, é Dilma. 

6 de ago. de 2015

À Tout Propos.

À Tout Propos.

Uma vez, numa aula de química orgânica II, alguém fez uma pergunta, o professor que não carece de ser nomeado, com toda sua bonomia, foi se enrolando, no meio do novelo em formação, Ambrósio, um colega de turma, foi ajuntando os cadernos e livros, o professor, usou o gancho, talvez para ter mais tempo para a resposta, pergunta a Ambrósio:
" aonde o senhor pensa que vai?" Ambrósio olhou para as janelas do anfiteatro e disparou: " está formando chuva e esqueci as roupas no varal!", na verdade, pode ter sido outra " esqueci o feijão no fogo", e se mandou.
Mas havia daqueles professores, como um belga que respondia perguntando: "O quê exatamente, o senhor não entendeu?", com esse eu ficava tímido e minha timidez me fazia entender tudo, sentia vergonha de perguntar, pois o cara não aceitava que " o não entender passava por uma deficiência de sua explicação,dele, e na imediatez da hora ele transformava numa deficiência do aluno".
Neste momento, tinha vontade de perguntar se as contas que vão aprovar do Sr Itamar, são as de 20 anos atráz, mas não sou louco, e o tempo está fechando, e tenho roupa estendida! 

5 de ago. de 2015

Vindicação da Inveja.

Vindicação da Inveja.


Palavras abstratas que não têm referentes observáveis,tocáveis, pesáveis; têm tantas possíveis definições, e se manifestam como os falantes as fazem servir.
Amor e Ódio, por exemplo, têm tantas acepções e manifestações, freqüentemente inexplicáveis, quanto pessoas os sentem e os nomeiam. Variação infinita, por vezes sutis, outras espetacularmente distantes. Nada mais cabal nos dias que correm se observar a olhos nus,  que o Amor é feito da mesma matéria que o Ódio, não raro ser o Ódio um amor polido.
E a inveja? Sensação, sentimento, abstração que tem muito má fama desde tempos imemoriais. Desde a origem das relações humanas, e que muito se devem às religiões. Que são as religiões, antigas ou modernas, ou qualquer sistema que contenha um conjunto de crenças e outro tanto de dogmas, senão que, uma procura daquilo que não se é e não se alcançará a ser?  Pois, nada mais que inveja, inveja no seu estado puro, frequentemente sublimada, sob um verniz de conformidade.
Não quero deixar a impressão de que esconjuro a inveja, como um sentimento negativo, porque a inveja é motor que empurra a humanidade , em geral, para seus progressos, e  os indivíduos, em particular.
Sem normativas, ela pode aparecer sob rótulos como ambição, desejo, superação, ânsia ou de nenhuma forma, posto que se pensa tratar de outra coisa. Se o dinheiro move o mundo, o dinheiro é nada mais que inveja materializada. Enfim, há infinitas manifestações da Inveja, seria loucura tentar enumerá-las, pura soberba, e sou tão somente invejoso.
Minha vizinha - quem a poderia invejar ?  - diz que a inveja nos impede alcançar a  felicidade. Estou absolutamente de acordo.
Você conhece alguém feliz que não deixa de ser um infeliz?
Para se ser feliz o mundo deveria ser estático, primitivo e elementar.
Assim, a inveja nos salva a cada dia da barbárie, da morte mental e volitiva.

4 de ago. de 2015

Pastoreio Político!

Pastoreio político.

Uma vaca é uma vaca, mas se você botar um sininho no pescoço da bicha, as outras a seguirão. Muitos engenheiros usaram aqueles trilhos que as vacas fazem nas encostas, ao seguirem umas as outras, com seus pés duros, para fazer o traçado de estradas. Vão pastando, vão subindo, na sempiterna busca pelo capim. O sininho, badala, badala, o rebanho em fila indiana sobe seu calvário. Então vem o berrante e as chama de volta. Elas voltam passo a passo, uns cães ladram mas não mordem. Os retireiros tomam seus úberes e os vaziam do seu leite. Elas vão para o estábulo e comem sal e forragens. Você tá gorda, diz a Maiada, cê acha? Responde com uma pergunta a Mocha, me lembrando Wood Allen, clar diz Maiada com seu sotaque da serra da Canastra, o Homi vivi batendo na suas ancas! Vou parar de comer sar! Diz a Mocha, e completa, diminui a retenção de água, e o Homi tira os zóio de minhas ancas. 

Zé Buscapé.

Vejam, não venham de garfo que hoje é sopa, dizia Baixinho, eterno barbeiro bonfinense sibilando ao pé da orelha, que agora o que está de moda é estar furisbundo, indignado, cabreiro, mas eu ontem escapei pelos pelos da tempestade, na hora h estava no lava jato da Lagoinha, o lavador queria passar pretinho, falei ; vapo, tei, sartei de banda, e vazei na braqueara, a blitz me parou e pediu um seguro, oncinha. Voltei prá Bonfim, meu Shangri-La particular, aonde estou, e não me custa nada esse dolce far niente. Deito-me tarde e me alço sem sono, mas aqui me têm, mais ou menos feliz, mais ou menos pungente e brando. Confio que vocês também estejam um pouco narcotizados como eu, e ao mesmo tempo  sabedores que tudo está por fazer, e tudo parece possível, lhes juro por Zé BuscaPé!

3 de ago. de 2015

Teimoso.

Pensava começar este post dizendo que você me perdoará se não escrevo sobre a notícia do dia, esperada por muitos, nem refletirei  sobre ela. Que teria desculpas se  também não falasse sobre as coisas da política, da sociologia ou do porvir do mundo. Que de tantas cabalas que fiz pensadas para um final de  vida intensa na padaria intelectual  autodidata, que de tantas coisas que aprendi me  dão preguiça.
Estava crente de poderia passar a semana sem bater boca pela aí, neste sempiterno exercício do preto no branco, do que penso.
Na vida os erros, os percalços nem sempre são escolhas, por vezes vêm como parte dela mesma.
Teimoso, não deixo o papel em branco, a vida sempre continua, e não existe o "deixa estar". Se já disse que muito aprendi e nem sempre botei em prática, não é linear nem eu, sou o que sou e o que posso dar abasto , além da necessária paz, serenidade, paciência, as vezes explosão e firmeza para enfrentar os inimigos. Porque os relâmpagos caem da terra ao céu.
Porque encontrarei falsários, muita gente luzindo medalhas imerecidas, com cara de tonto, confirmando a evidência. 

2 de ago. de 2015

Um führer, mamã, um führer!

Um führer, mamã, é um führer! Como sabe se divertir, sorria só olhando pela vidraça, Alexis Augusto a brincar. Führers não existem Alexis Augusto! Como não existem? Perguntava de si para consigo e voltava a se embrenhar na floresta do fundo do quintal. Atento, olhando para tudo que se movia ou imaginasse com o seus olhinhos infantis, de repente, ufa, uma caranguejeira, epa, uma cascavel, estou acostumado com eles, foi então bem do meio da moita de arranha-gato que viu uns olhos brilhantes a seguirem-lhe, mas  intimorato Alexis Augusto se aproxima, circundando a moita, o rabo escapulia do arbusto, foi que pode ver sua imensa tatuagem, cruzava toda a espádua, descia até o imenso rabo, levava um embornal de primeiras necessidades, não se banhava há dias, quiçá meses, pelo cheiro que exalava, trazia botas bem lustrosas e amarradas e as solas traziam merdas do Totó. Alexis Augusto corria atabalhoadamente, mamã mamã mamã, o führer pisou na bosta do Totó, mamã mamã mamã... 

Cecil, the Lion!

Cecil, the lion!

Qualquer sistema, e eis que vivemos sob a égide capitalista, que se resume a consumo, produção, expropriação. Não há propriedade sem expropriação. Resumindo, morrer é hereditário, até a Bíblia diz, e alguma religião acrescenta que nascemos com este pecado, ser mortal. Mas uma coisa é a morte, outra é roubar a vida. Há formas brutais de se fazer isso ( em qualquer sociedade), o assassinato puro e simples - a bagaça ou a vida! -, passa por atropelamentos, fome, direitos civis, etc. Pode-se, se querendo, matizar até matar em pensamento e omissões. A moeda da vida é a morte. Por vezes lenta e gradativa, noutras esculachadamente brutais. As mais sutis, de tão comuns, não nos dizem respeito,
Não haverá quem chegue a setembro sem matar alguma vida, uma gramínea que seja, alguém matou John, queremos matar Lula, Aécio, e eu em particular, Dunga, mentira, me contentaria com matar a sede, todos os dias, com um Brunello di Montalcino e a fome com cogumelos, mormente, Porcini e queijo de cabra a l'Huille. E para enxaguar a boca um prosseco!
Fabricamos idiotia, diuturnamente, matamos leões idem, daí passar do abstrato ao concreto é o que mais ocorre no planeta.
Conheço em Ribeirão, uma dúzia de lojas que vendem armas de caça, gaiolas, anzóis etc. Colecionadores? Sim mas de mortes. 

1 de ago. de 2015

Lemuel Gulliver.

Lemuel Gulliver, tão logo chegar de Liliput, aonde as pessoas são altas como a guia rebaixada, e  no mais, miúdas em tudo que se conote. Lemuel manteve a abstração de se achar um gigante, mesmo diante dos demais londrinos. Tanto assim que ao caminhar por Londres não perdia oportunidade em intimidar os transeuntes, mesmo os que iam a cavalo, insultava a todos com desdém, para que franqueassem-lhe o claminho, para não serem esmagados por tamanha grandeza, Gulliver. Se imaginava um gigante entre anões. O que de melhor se podia fazer era rirem se dele, na cara dele, e o escárnio tanto podia ser devido à estupidez, a loucura ou a arrogância.