Se Tiririca é
honesto, aonde vamos com isso?
A honestidade deve
ser a configuração mínima da atuação política, é óbvio que
temos que exigi-la a qualquer político – como a qualquer
empresário, engenheiro, jornalista, domador de dálmatas – que
sejam honestos. É notório que a maioria dos políticos brasileiros
não o parecem, é óbvio, é necessário fazer com que sejam. Mas,
isso, em política, não serve para muito: que um político seja
honesto não define em absoluto sua conduta, linha política. A
honestidade é – ou deveria ser – um dado menor: o mínimo
denominador comum, a partir do qual possamos começar a perguntar:
que políticas públicas propõe e como se aplicam.
Ninguém argumenta
que a corrupção não seja um problema grave. Mas também é grave
quando a usamos para pautar o debate político. O debate sobre o
poder, sobre a riqueza, sobre as classes sociais, sobre suas
representações. Precisamos de políticos honestos, dizem, e a
honestidade não é de esquerda nem de direita, penso.
A honestidade pode
não ser exclusividade da esquerda ou da direita, mas os honestos
sim. E se pode ser muito honesto de esquerda e muito honesto de
direita, e é nisso que temos a diferença. Quem administra
honestamente em favor dos que têm menos, de modo geral, será mais
de esquerda. Quem administra honestamente em favor dos que têm mais,
de modo geral, será de direita. Também não gosto da terminologia
direita\esquerda, mas é o repertório que se conhece bem, ou nem tanto.
Poderão tanto um
quanto outro ser muito honestos. E ainda serão muito diferentes. E é
essa diferença que não se alcança, não se vê, discutindo
corrupção.
Nenhum comentário:
Postar um comentário