6 de nov. de 2014

Como dizia meu avô: não me toquem os tomates.


Sou tópico, como as pomadas. Fico contente com a chuva. Evocadora e elegante, que convida ao recolhimento, e a paisagem não coleciona cores em demasia, mais para o monocromatismo, talvez esteja nisso o meu não gostar do cinema novo. A temperatura é suficiente para se experimentar esta sensação de bem-estar. Os gatos se enroscam, e engatam o motor da felicidade. Está bem, já paro. Vejo que fazem bom juízo do que me agrada fazer com a chuva. É verão. Alguém decidiu que para economizar energia, botou o relógio a andar mais lento. É esses sessenta minutos que ainda não digeri, mas chego lá. Mas nem sempre a chuva é alegria. Lembro-me de umas chuvas que derrubaram todo o tomatal de meu avô. Foi a única vez que vi aqueles olhos tão azuis chorarem, numa mistura de sentimentos, de alegria porque morria Franco, e de tristeza, porque por levar Franco, não carecia que lhe tocassem os tomates. 

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