5 de jul. de 2011

Tengo Miedo de La Muerte y Epitafio.

É velha e velhaca a intenção velada, de muitos escritores, de dominar o mundo por meio das letras. Fazer com que o leitor siga suas receitas, e que esse faça do mundo lugar melhor ou pior, que sempre dá no mesmo lugar, à beira do abismo, ora real, ora abstrato. Leitor, não acredito nem em receita de bolo, por sinal tem sempre muitos furos. Mas meu amigo Tengo Miedo de la Muerte y Epitafio, levava a coisa de favas contadas. Não duvido que conseguiria, sem esquecer que duvido e tudo, por profissão, sou Investigador de Policia, trabalho impossível no pais que banalizou o crime perfeito, entendo crime perfeito como absolvição. Usei o passado no caso Tengo Miedo, levava a coisa..., pois morreu. Sim. Agorinha. Está aqui diante de mim, ainda mole, tombado sobre o teclado do seu notebook. Tengo Miedo levou no bico umas tantas mulheres, com a estoria de um dia ser escritor. Dizia isso, escreveria, com intuito, claro, de eludir-se a dar milho e falar em alemão aos pombos de alguma praça, futuro que lhe fora desenhado por uma moça que lia mãos, e não caiu no conto não escrito, que lhe ocorreu na San Marco de Veneza, mas ele pensava que ela não tomara ciência. Agora que escrevia, nem engambelava donzelas, ou história do milho. Tengo Miedo, como dizia no afã de dominar mentes, descobrira em Edgar Allan Poe, um dos primeiros a estabelecer paradigmas dessa ciência, se é que podemos assim nominá-la. Ciência tem normas estritas. Igual receita de soufflé, se abrir o forno, antes da hora, pode-se ter incluso uma pizza, menos o soufflé. A ciência é rígida como a Vênus de Milus, não dá para torcer o braço, quebra. Paradigma que se diga de uma vez por todas é o doce quebra-queixo, não é de chupar ou de morder, é algo ai no meio. Pois o paradigma de Poe baseia-se no fato de existir uma percepção extra inconsciente de e no texto. Noutras palavras: um conjunto qualquer de significantes amarfanhados produz uma vontade de ser naquele que o lê, antesmente, ao que escreve. Qualquer texto, que intencionalmente, ou não, tem essa capacidade de impor ao leitor um comportamento, um entendimento, que está além da conduta rotineira dele leitor, e além da, dele compreensão, da consciente e inconsciente, qualquer que seja é por vezes arrancada como pus de um furúnculo pelos psicanalistas, a inconsciência. Mas isso não se restringe ao leitor, está no mesmo saco o autor, este também não tem controle sobre o que escreve. Um caso vivo e triste – até engraçado - é de um escritor que se chama Paulo Coelho, que acredita e é um mago, um alquimista que busca a pedra filosofal, não uma pedra abstrata, mas a pedra concreta e suas arestas polidas, e se redonda, não seixo, sua tangente, em linguagem popular: uma pedra em carne e osso que lhe faça e produza filosofias. É notório que ele a encontrou. No entanto para Poe há uma inconsciência para lá do inconsciente. Uma cebola. Uma alcachofra. Um repolho. Múltiplas camadas. Umas mais profundas que outras. Mais tenras, virgens, banais e fedidas! Da mesma forma é o texto. De La Muerte y Epitafio sabia tudo isso e mais. Sabia da lapidar frase de Heráclito de Éfeso: o porco se lava na lama, que carrega com ela todos os mecanismos de se apoderar do tecido mais interno de cada ser, ainda que ele – esse ser - não a houvesse sequer ouvido completamente. Apesar disso, a frase, sobreviveu aos encantos e nos cantos de jornais, inoculada, por vezes, via anal, na falta de papel higiênico, como em um romance célebre e longo. para a necessidade rápida e matutina. Sobreviveu no próprio porco, que o humano dá muita importância a sua sobrevivência. Se fosse Heráclito diria: o homem preserva o que mais deseja, matando. Mas isso é, a , história, e você não está preparado para ler. Tengo Miedo é como se fosse meu filho. Conheci sua mãe Vívia de La Rua y Perra no exato dia que, ela, havia lido um texto de Tengo Miedo intitulado: Ardência. A encontrei na esquina, inteirinha dentro de uma minissaia, onde não cabia mais que uma, havia duas bandas. Dei-lhe alguns conselhos, um que me lembro diz respeito ao traje, disse-lhe que não fazia falta parecer piranha, ao contrário, deveria parecer santa, que é como vêm os homens às suas pudicas mães. Ela demorou a praticar, mas foi só começar e a clientela quintuplicou, e me senti o mais idiota dos bossais. Pois ela chegava cada dia mais tarde da noite. Até o dia que me cansei de dividi-la, ofereci-lhe metade do meu salário.    

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