4 de jul. de 2011

Chip Tim!

Do trabalho ao terminal rodoviário, há dois – razoáveis – trajetos que posso percorrer. Um pela Jeronimo Gonçalves, outro pelo coração da Baixada. A reforma da Jeronimo já me cansou. Grande demais para ser pequena, e pequena demais para ser grandiosa, problemas de dimensões na estética do belo, além de que com seu aspecto asseado, onde está finalizada, faz saltar ao olhos a desgraçada vizinhança. Assim que desgraça por desgraça vou pela José Bonifácio. Ontem quando cheguei à esquina do mercadão, meio-dia e meia, uma moça se me ofereceu eu perguntei quanto, ela disse quinze. A loja do lado tocava uma música com todos os imbecis decibéis. Eu disse dez, ela disse não posso! Moço! Eu tinha dez. Fiquei ouriçado. Hoje eu retirei mais dinheiro antes de fazer o mesmo trajeto. Tudo ajudado por estar lendo Lolita, confesso que a coisa reacendeu, melhor dizer, nunca apagou. Acendeu. E fui pensando na morena, na verdade pensei nela antes de dormir, ao despertar. Enquanto trabalhava, pensava nela. Pensei no calor de sua boca, no cetro do meu império a escovar sua dentição branca. Antes mesmo de chegar à esquina a divisei. Havia muita gente pela calçada. Minhas pernas davam o sinal que tanto gosto, é o movimento de partida que termina naquilo que todo mundo sabe, mas não dá para narrar, por parecer de mal gosto, pelo menos as todas vezes que li, mas como contar um instante justo ele em momento de inenarrável inconsciência, não sei sequer que se passa, nem sei se é possível interromper, uma vez impetuosamente adentrado nesse estardalhaço. Meu único temor é, que ela peça mais, nessas horas não sei regatear, um bicho, pago o que tenho. Como um cachorro que não consegue esconder sua carência e seu desejo me aproximei, e ouvi de seus lábios grossos com delicioso sotaque: Um Chip Tim! Fui tomado por uma desilusão tão grande, que desorientado entrei no mercadão e quando dei por mim estava no quarto pastel.         

Nenhum comentário: