22 de fev. de 2011

Juízo final ou a eternidade da morte.

Laura está dentro do vitral, melhor dito, na própria luz que o vara. A luz a faz fugir de si e dos próprios olhos luzes. Qualquer modo, esse, seus olhos luzes lhe fazem cegar. Então cerra os olhos e há luz. Responde a uma pergunta não feita. Tartamudeia: sim, sou o que sou. A luz por fim: leitosa, mais tépida que aguda. Está dentro do copo-de-leite cheio de leite a não permitir levantar a cabeça e abrir os olhos, por não haver cabeça nem olhos senão a ideia do leitoso branco, dentro dos olhos, sendo os próprios olhos lácteos. Nem silêncio ou ruídos. Nem luz. Laura não ouve o juíz, se defenderia, nem o pensamento existe, a dar voz ao juíz, ou defesa; apenas a névoa, e por toda parte, nem sabe se alguma pergunta, nuta lentamente, entre um século e outro, bafeja o cristal antes baço, sim o fim, um sopro. Os séculos estacionam, amontoam, perturbam-se entre uma não-pergunta e não esta. A luz no lento abrumar,se descobre do chapéu, gentil e demoradamente,recomenda. Saúda malandramente. Imêmore enleio de séculos. Nunca completamente nem no fundo do mar o dado naufraga o azar.

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