4 de jul. de 2016

Manézões e Michelzin, o superdotado.



      O dia que Michelzin nasceu todo mundo se espantou. Seu primeiro choro foi um grito bem modulado, um si bemol. Soava bem, acima de tudo, melódico para sua idade, dois minutos. Em seguida, fez uma tentativa de saudar com simpatia os seus progenitores, boquiabertos e babões. Se saiu ainda melhor quando piscou-lhes o olho, fazendo troça.
      Michelzin não parava de fazer demostrações, umas mais extraordinárias que as outras. Depois de uma hora de nascido, já mantinha uma conversa com enfermeira, agradecendo o trabalho feito, abraçava a mãe dizendo que não se preocupasse, que logo, logo encontraria a mulher de sua vida, e construiria sua família.             Apertava a mão do pai, assegurando-lhe que seriam bons colegas, que analisariam detidamente a situação econômica da empresa de propinas que o pai dirigia, e encontrariam uma saída segura para a crise pela qual passava o setor.
       Quando Michelzin se põe de pé, já caminhando rumo ao obstetra que assistiu ao parto, que pensou em segurá-lo para que não caísse, a fera o fintou e saiu em disparada pelos corredores do hospital, se deparou com as pessoas espantadas, incapazes de entender o que acontecia e não continham a baba e não podiam ferchar a boca. Então, Michelzin se retira para um canto para refletir, uns segundos depois diz a todos em voz alta e firme:
  • Dizer-vos-ei: será que não falta-lhes-ia um pouco de empenho e aplicação ao trabalho?

Todos os presentes estavam petrificados. A essas alturas, se supõe, como mínimo, que Michelzin já chegou aos paraísos ficais, fazendo das suas. Ou quem sabe.... a coisa mais edipianas...

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