11 de jul. de 2016

Krishnamurti.


Krishnamurti.

Krishnamurti, o mestre admirável, estava sentado em sua admirável varanda, forrada de alfaiais e tapetes admiráveis, quando achega-se um rapaz com sua túnica andrajosa, e em tom tranquilo e respeitoso assim falou: “Mestre, tenho uma dúvida a corroer meu coração, como água de bateria.. antes que terminasse, Krishnamurti quis saber qual era a dúvida, muito provavelmente para evitar demasiados floreios que quem não é florista. O rapaz se lançou de novo na lenga-lenga:”Senhor, com voz andrajosa, desengasgou-se e prosseguiu: quem tem mais amor, ou apego aos bens materiais os ricos ou os pobres? Os ricos às belas posses ou o pobre agarrado aos seus trastes?
Krishnamurti manteve-se em silêncio, baixou lentamente a cabeça e depois de uma brevidade, alçou o queixo e disse que não saberia responder, assim, a queima roupa, no entanto contaria uma lenda. Sim! Sim! Acudiu pressuroso em júbilo e pueril espontaneidade.
O venerável disse-lhe: Em Girkka, nas montanhas, havia um ermitão, um guru, santo, que vivia numa gruta, e vivia a rezar e meditar. Este homem era visitado semanalmente por fieis da região, com presentes e comidas especiais, quais rejeitava. Preferia comer uns grãos de arroz e umas ervilhas, e vestir-se com uma tanga, qual tinha uma sobressalente, que levava sob o braço por donde fosse.. O ermitão, por meio de seus fieis ficou sabendo de um sábio que vivia em Dakka, o douto Sindagg Naggor, que conhecia a verdade. O ermitão resolveu ir visitar-lhe, afim de aprender, conhecer a verdade. Saiu pelo caminho com a tanga sobressalente sob o sovaco. Ao chegar à mansão de Sundagg, Timanak, era assim que se chamava o ermitão, ficou deslumbrado com o luxo e a opulência, e se apequenou, engasgou, gaguejou, mas conseguiu dizer ao sábio o motivo de sua visita. O sábio, disse-lhe que não se deixasse influenciar pela riqueza do lugar, e que ele poderia sim se hospedar ali, e que teria imenso orgulho em ajudar com sua sabedoria, que não era tanta, na sua busca Timanak! E assim foi.
Todos os fins de tarde saiam a caminhar pelos jardins e campos da mansão. Num desses dias, e muito provavelmente, foi o último, ouviram um barulho. E quiseram saber do que se tratava, poderia ser um bando de elefantes, mas ao se adiantarem pelo caminho, viram a mansão de Sundagg em chamas. O fogo era tamanho que em poucos minutos consumiu tudo que ali havia. No entanto, Sundagg, se mostrava tranquilo. Coisa que espantou o ermitão, que a cada minuto se mostrava mais indignado, chegando a bater com a cabeça contra uma árvore varias vezes. . Sundagg pede que Timanak se acalme, que tudo aquilo não tinha valor. Ao que Timanak responde, é que esqueci na mansão a minha tanga sobressalente. O rapaz da túnica andrajosa retirou-se sem dizer palavra.

O sol, tocando de leve a linha do horizonte, espalhava as cores avermelhadas do crepúsculo marchetando nuvens, se põe.   

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