24 de nov. de 2015

Pop never Stop.

Pop.
A democratização , as vezes, querem dizer, levou à vulgarização, no âmbito cultural. Com o advento das novas tecnologias a generalização se esparramou.
Há quinhentos anos, somente as elites religiosas e os nobres tinham acesso livre, os demais comiam capim na escuridão da ignorância.
Hoje, apesar da sua clara falta de qualidade, a educação universal, os meios audiovisuais, e o desmoronamento das informações para todas as mentes, mesmo os mais burros, os mais preguiçosos, os que não querem, sabem. Faço um parênteses, recordo da bibliotecária do Otoniel Mota, com seus colares de bolotas coloridas, que me bloqueava o acervo. Fim do parênteses. Muitos, como eu, tínhamos muitas dificuldades em ter livros, televisão, jornais… outros não, e eram uma parcela muito maior que a de príncipes e bispos de antanho.
Hoje tá tudo na nuvem. Todos os volumes do mundo, na língua que me apraz.
Tudo faz crescer a homogeneização, que faz tempo que desemboca no que se diz,Pop. Tudo que significa cultura está sob este guarda chuva, ao custo de um clique, pouco mais: R$ 79,90 por mês.
Alguns insistiam no conceito de alta cultura, mas a alta cultura deu uma rabeada, e sua carga caiu no barro fundamental e a mistura se tornou inclassificável, de natureza esquiva, como seu criador,  disforme, borrando todas as fronteiras entre a arte e a qualidade. Por fim, não se sabe o que é cultura. Nem ela sabe quem somos,  justo nós quem devemos consumi-la, para que então ela exista. Concordamos em Bach, Beethoven, Mozart, quem sabe Villa Lobos e pouco mais. Mas concordar em quais os melhores cantores e cantoras do séc XX, que são umas centenas, só dos que já foram enterrados?  O mesmo nas artes plásticas Picasso, Portinari, Caribe, Miró… mas depois das vanguardas , não creio que saberíamos coroar a hierarquia pictórica das últimas décadas. Por falta de perspectiva, certamente, ainda que o fim das fronteiras, de que falei, mas a banalização, e até mesmo a ridicularização da alta cultura, tudo isso tem a ver com essa cegueira. Vivemos na superfície, dos extratos, resumos, a imediatez das ideias, as imagens, as manchetes, os memes, a fugacidade das reflexões. Talvez nos  falte saber gestionar, não é preciso que seja ruim, se soubemos antes, ou será que esta recusa em discriminar nos leva ao desastre?.

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