O
neutro não quer tomar partido, é abúlico e covarde. Frequentemente
um parasita sem vida própria. O neutro faz da indiferença um
sistema, não se queixa, não reivindica, não sai na chuva, não se
compromete: é um peso morto, na história. E que quem pensa que não
opera na história se equivoca, por não fazer nada, pela
neutralidade, e precisamente por isso, o
neutro deixa passar tudo.
Quando
ouço que o melhor é ''panos quentes'', “prudência”, “canja
de galinha”, diante das injustiças, me exaspero, porque para mim,
viver é tomar partido. Parece que reproduzo Gramsci, mas é meu
próprio ponto de vista sobre ser cidadão na contemporaneidade.
O
sujeito que abdica da sua vontade, se demite da tarefa de exercer-se
de pessoa, permite coisas que somente revoluções, revoltas poderão
derrogar.
Pensou
sim, ruminou sim,
calculou sim,
imaginou sim,
prognosticou sim,
mas não fez nada para a balança pender para
algum lado, assim a
prudência, o medo e o
não correr riscos
consentiram. Agora essa
chorumela essa ninharia, mas quando foi necessário dizer algo, achou
melhor não se comprometer... mas se soma sempre aos ganhadores de
ocasião, para também ganhar, sempre, e sempre com a maior cara
lavada de inocente.
Me
parece que é o estado a
que chegamos. Passou
batido ao largo do tempo, e hoje, como vimos recentemente, nem
botando fogo no mundo as
coisas mudam, claro,
passaram se
décadas, e você mais
preocupado em lavar o carro no fim de semana, em comprar um carro um
ano mais novo que o do vizinho, agora meu velho, só trocando de
você...
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