Tenho por mania gostar
de coisas que desconheço, gratuitamente. Assim, não sabendo da
língua francesa, gosto dela, é um absurdo, mas o absurdo tem sido
o pressuposto, que fundamenta muitas ações por estes rincões. O
francês, antes que me perguntem, entra aqui na definição de
prepotência. ''Impuissance mise action''. O mouro a cita em algum
lugar, a propósito da impotência posta em ação. Que nada mais é,
que o berro, o grito, a arrogância, o pedantismo institucional,
privado, eclesial, pentecostal, ateu etc. Matéria de ontem, neste
jornal, página A3, nos mostra o descalabro, que são as multas a
servidores públicos no exercício de guiar. É a prepotência,
disseminada e descarada na nossa sociedade, vai da 'mula-humana' a
puxar carroças de recicláveis à ponta da agulha da pirâmide
social. Como eu, todos, devemos melhorar, e muito, apesar de nosso
leque de escolhas ser muito maior que o dos funcionários públicos,
porque estes devem fazer, se e somente se a lei mandar, não é a
mesma coisa que ''se permitir''. A nós cidadãos é permitido uma
série de atividades que não estão delimitadas pela lei. Assim a
lei não é a mesma para todos, porque para os poderes constituídos
só lhes é permitido fazer o que dita a lei. Posso optar, por
pressa, estacionar em local proibido, levar a multa, pagá-la, perder
os pontos. O funcionário público simplesmente não tem esta
escolha. Do mesmo modo, um policial que monta uma blitz a alguns
metros de uma esquina, não pode exigir que eu passe por ele, se eu
posso e quero e preciso virar à direita na esquina. Não pode parar
a viatura ''de esgueio'' na via pública, ou ir pela calçada,
afinal, não estamos em estado de sitio! Este é o nó da impotência
quando se põe a agir. Não se sinaliza, não se organiza. Não digo
sinalizar para que eu possa me prevenir dela, a blitz. Mas que me
previna de um afunilamento, um abalroamento, por repentino, e por
fim causar mais transtornos que os necessários.
Os transtornos
necessários são a potência. Os transtornos ''a mais'' não cabem à
potestade. Ora, se o tráfego é caótico, não devem, não podem,
aqueles que só podem agir segundo a lei, infernizá-lo, pelo
contrário, devem organizá-lo. Mas, como meu prepotente amigo Byron,
quando numa pelada discutíamos uma bola-na-mão ou mão-na-bola,
gritava, ''se é pra relaxar'', e logo chutava a bola para o quintal
do Capitão Figueiredo, este a furava!! Foi-se aquele tempo, ficou
esta sequela, a impuissance mise action.
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