Vamos
correr com Haruki!
Antes
dizíamos correr, agora, que se botou de moda, é running. Há quem
assegure que cada vez há mais gente correndo, porque é uma prática
esportiva que não exige despesas, e há ao contrário, quem se põe
na moda, porque permite luzir um amplo leque de símbolos de status
de
corredor como deus manda: roupa especializada, quedis, penduricalhos
eletrônicos, software, câmeras fotográficas, fones de ouvido,
bebidas tonificantes e geis... O que é inegável é que ninguém sai
atualmente para correr com uma camiseta qualquer, ou com um boné da
empresa, nem com um quedis barato, Calma, quedis em Bonfim, mas tênis
por toda parte.
Deste
modo o melhor é correr pelos canaviais, quando muito uma capivara
cruzará teu caminho, ela com a mesma roupa de sempre e
igual a você. Porque nas
rotas atuais, ou te olham pelo brilho, ou pela opacidade da velha
camiseta surrada.
Se
é um runners ou se está pensando em começar, é recomendável
“ferventemente” que leia Do que eu falo quando falo de corrida,
de Haruki Murakami, um livro aonde se explica o processo que o levou
a correr, e como esta atividade o influenciou na sua maneira de
trabalhar e viver.
De
todas as reflexões de Murakami com o leitor, fico com aquelas que
fazem referência ao passar do tempo, à constatação que em cada
maratona que se participa, se faz uma marca pior, mas que continuará
a correr, ainda que lhe digam que está na hora de parar.
Runners
ou corredor ou não, me parece que a última conclusão de Murakami é
digníssima, magnífica. É uma divisa. E dependendo pode dar sentido
a toda uma vida: “Um dos privilégios que temos, os que evitam
morrer jovens, é o de nos fazer velhos. Nos espera a honra do
declínio físico. O único que podemos fazer é o aceitar e nisso
aprender a conviver”
.
P.S.
Murakami correu só o percurso de Atenas a Maratona. Costuma ouvir
Lovin Spoonful
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