Leio para você o
Inciso XI do artigo Quinto da constituição, como Antônio Niterói
fez na manhã daquela véspera de Natal. O Natal é festa. Antes de
mais nada, festa que há de hoje em dia exibir consumo. Algumas
pessoas exigem que se retome o espirito de natal. Como antigamente
dizem. Sebá que lê muito, um Voltaire tupiniquim, dizia outro dia
que antigamente a coisa era o fogo, o fogo em oposição ao
solstício de inverno, antigamente, disse Sebá, nem havia a América,
a América desapareceu como cultura com o seu descobrimento pelos
europeus. E o fogo é anterior ao cristianismo, que tentou assimilar
o culto pagão do fogo, pouco conseguiu senão que esses discursos de
sensaborias, nessa planície de oradores mais falastrões, para não
dizer hipócritas, que existem. Enquanto Maiara enchia as taças da
espumante adocicada e com pressa para que as bolhas continuassem a
explodir contra a face de Naiara que sentada nos joelhos de Antônio
Niterói, exigia entendimento daquilo que se lia: A casa é asilo
inviolável, ninguém nela podendo adentrar sem o consentimento do
morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para
prestar socorro, ou durante o dia, por determinação judicial. Dizia
Antônio Niterói a uma atenta adolescente, se não fosse, a
concentração de cada um dos últimos meses de sua vida que
transformaram meses em anos e a menina naquela mulher, casa dizia
Antônio Niterói, não sem ocultar um desejo de Hubert Humberto: é
qualquer compartimento habitado, imóvel, ou móvel imobilizado, a
boleia de um caminhão, já o automóvel se sujeita a violabilidade.
Não importa os aspectos estruturais da casa, pau-a-pique, mármore
de carrara ou alvenaria, nem importa se você está em dia ou não
com o senhorio, ou a prestação, não importa, e não importa a
localização, ainda que sob um viaduto, é inviolável. 'Nossa tudo
é casa' exclamava a Lolita, mas aonde você quer chegar Terói?
Já estou e estou, no que diz, em algum lugar, a constituição:
provas obtidas de maneira ilegal, não tem valor. Depois a
imagem de qualquer réu, tampouco pode ser exibida, antes de um
julgamento e no juridiquês com sentença transitada em julgada, seja
caso concluído. 'Num entendo', é simples meu amor, lembra da
princesa Diana, esse bisbilhotamento da vida alheia a levou a uma
fuga que por desgraça acabou em morte, que poderia não sei se foi,
jogada nas costas dos bisbilhoteiros, num entendo Terói, Naiara, se
permitirmos isso, estaremos permitindo que de algum lugar do espaço
sideral uma câmara vasculhe, bisbilhote o nosso quintal, eu sei, eu
sei que você sabe, mas eu sei e você sabe, onde você bota o ouro
do nariz.
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