Antônio
Niterói, Sebá, Naiara, Maiara e todas as outras meninas depois de
beberem as
espumantes
em clara homenagem ao Corinthians, se sentiam mais senhores e
senhoras do
contentamento.
Arrastavam sem esforço a alegria de chumbo e a tristeza oceânica
azul
perturbadora
e grená da derrota santista. Antônio Niterói gosta de conversar
com Maiara,
com
os cotovelos cravados no balcão de tijolinho à vista, coberto por
um granito escuro e
seboso,
mas a música ocupa todos os caminhos de propagação do som. Porra
Maiara, gritou
Antônio
Niterói, estou me sentindo um cachorro. Prum! Foi como se houvesse
caído um
raio
e Maiara havia enrolado a língua de susto. Cachorro! Fez ela,
coitadinho, como pode
aquela
cadela matar o cachorrinho indefeso. Sebá que calado estava,
permaneceu na mesma,
depois
de uma interjeição de omoplatas. Naiara se aproximando, livre do
pretendente, sabe
quanto
custa um yorkshire? Mais muito mais de vinte subidas, sim vinte, se
tiver pedigree
registrado,
minha vizinha cabeleireira tem um caramelo, mas gente! Mas gente o
quê?
Terror!
Vai falar que você defende aquela umazinha? Não é isso! É o quê?
Terror! Quem
nunca
pecou, atire... Antônio Niterói fez uma pausa e olhando bem nos
olhos de Maiara,
não
disse nada, pois não pode dizer nada, mas ia enfileirando
pensamentos, e os deixava,
sem
querer, transparecer nos vincos da fronte calva, essazinha mete fogo
no barraco,
aproveitando
do marido bêbado, mata junto com ele o filho deficiente, o fogo se
alastra para
os
barracos vizinhos e todo mundo perde tudo, é diferente, é muito
diferente, Terror, o que
ela
fez não tem perdão! Mas... Mas o que? Terror, o bichinho não tinha
como se defender,
não
podia ir embora, não escolheu aquela casa, aquela dona! Terror você
me entende né?
Não
eu não entendo. Como assim? Eu não entendo tanto ódio, tanta
repulsa, por essa pobre
enfermeira,
vocês não percebem a contradição, xi, vai vendo, lá vem ele
querendo falar
difícil,
terror não leva a sério não, esquece, meu amor, amanhã nós
vamos para o Pantanal,
precisamos
do motorista e guarda costas bem animadinho.
Dois
dias depois estavam, todos, numa pousada, umas cinco horas de barco
para lá de
Coxim.
Um mundo de homens pescadores. E fisgavam os tucunarés, deixavam os
bichos
fora
da água para as devidas fotografias e depois soltavam. Na hora do
rancho, cada
pescador
tinha sua moça sentada na perna. Antônio Niterói pensou em fazer
uma fotografia,
não
deu tempo nem de armar a máquina. Esse trem tá proibido aqui no
rancho disse Maiara.
Antônio
Niterói borcou uma de uma só golada, pegou de uma carretilha e foi
pescar.
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