5 de dez. de 2011

Antônio Niterói, nesta segunda parte, tentará desvendar o estranho duplo assassinato de único morto, durante a intrigante: A Casa Caiu, estrelada por Camila Dunlop e o duplamente morto J.Maurício Aníbal.






Cabo Clemente, sim o soldado era Cabo, ligou para os seus superiores diretos, não convidou os subalternos, mas sim, alguns amigos da corporação, ligou ao Capitão da reserva, presidente da Aspomil; e aquilo que as vendas antecipadas anunciavam – fracasso - fracassou, o teatro lotou. Nunca se viu gala tão espartana no teatro D. Pedro II desde a plateia, balcões, galerias e frisas tudo cheio.
Camila na solidão do camarim, branqueava sua pela já clara, será uma buliçosa cantora de ópera. Clemente pronto para brilhar, diante dos seus, na coxia andava muito falador, o contra regra, menos Sr. Clemente, abrindo-lhe uma fenda nas cortinas para lhe mostrar novamente o cenário e o lugar dele nele. Ali Sr. Clemente, onde parece uma rua, com uns postes pintados com lâmpadas amarelas, como se postes de iluminação fossem, ali naquela risca, como se sarjeta fosse, de um lado para outro, sim?. Sim, compreendo. Porque ainda não vestiu seu figurino, Sr. Clemente? Como assim, estou vestido! Não, não é esse o seu! Como não? Sr. Clemente, seu figurino é de um policial irlandês, todo em preto e botões prateados e um cassetete, não usamos mais cassetetes, mas não estamos no mundo real. Por fim, não houve quem fizesse o Cabo Clemente vestir-se de guarda irlandês, mas concordou em usar o cassetete, que ainda na coxia fez estalar na palma da mão. Não Sr. Clemente, não faça esse barulho todo, bata com suavidade. Quando Antônio Niterói foi finalmente localizado, para que interviesse junto ao Cabo Clemente, já soava o terceiro sinal. Seja pardelhas e merda! Disse Camila. Merda! Ressoou. Antônio Niterói zelava por um sujeito impaciente logo após a frisa direita. O pano se abriu.
No primeiro e segundo atos, pouco aconteceu, senão que a ovação recebida por Cabo Clemente de todo a corporação presente, logo que apareceu em cena. Antônio Niterói escorregou na poltrona, escondendo-se atrás do balcão, vergonha pelos outros, Naiara quase a chorar, é tanta emoção! O terceiro ato começa com Leopoldo e Stephen bêbados numa mesa de bar, rodeados de moças alegres, que eles tateiam. Numa cama barulhenta, Camila Dunlop em exígua roupa de dormir, era Moly sonolenta e ciosa do relógio, sem problemas em sentir o calor de Gibraltar, como se esperasse alguém, que não seu marido, sob o rochedo. Leopoldo e Stephen saem do prostíbulo cambaleantes, Mr. Boylan entrava na casa e subia as escadas e fazia sexo anal com ela, numa cama barulhenta. Leopoldo procurava a chave do portão de casa, encontrava tudo, até mesmo um sabonete embrulhado numa folha de jornal, menos a chave em qualquer dos bolsos, resolveu saltar o portão, como outras vezes fizera  quando trocara de calças e esquecera a chave, Stephen se equilibrava melhor com uma bengala. Leopoldo subiu no portão. Cabo Clemente empunhou a arma e fez posição de tiro. A corporação que andava atenta aos movimentos de seu pupilo, deixou vazar junto com o sorriso um rumor de: esse é nosso menino! Cabo Clemente sentiu a energia vinda da plateia, das galerias, mãos na cabeça seu meliante! Leopoldo saltava o portão quando foi atingido por uma bala certeira. Cabo Clemente olhou para o Comandante no balcão nobre, que tudo aprovava com um gesto romano. O amante, a amada, o bêbado Stephen, o contra regras, os maquinistas, a copeira acudiram ao morto, que Stephen havia anunciado: J. Maurício Anibal está morto de verdade! A plateia não entendia, era impossível saber quando findou a ficção que fez-se real. Cabo Clemente era o assassino. Duplo assassinato: J. Maurício Aníbal e Leopoldo estavam mortos.
Continuará... com o julgamento.


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