O espírito absoluto
O sol entrou pela
janela, Maiara espreguiçou, Antônio Niterói confundia o perfume
deixado no travesseiro. Você não vai trabalhar, hein Terói?
Hum!? Homem se alevanta e vá buscar aonde é. Você já fez café?
Só-o-que-me-faltava! arrumar, marido preguiçoso, nem um nem outro
eu quero, chispa, corra trecho, vou tomar uma ducha e quando voltar
quero sentir nem seu cheiro, alui, abale, home! Ai se eu te pego... O
ruido da água caindo uma canção que foi se afastando e alonge
embalava Antônio Niterói, sobre seu cavalo dialético, ia e
voltava, afirmava e empacava, e era outro ele e o cavalo, que sonho
mais doido, cavalo com nome de Histórico, eia Histórico, e lhe
chegava a espora na virilha, refugava, mas chegava a lugar incerto.
Incerta é essa vez, que só existe o que se pensa, mas o famigerado
exige uma definição, acossado Antônio Niterói brada sua espada,
surgiu um novo sujeito! Aquele que não pergunta: o que é?
Açambarcou o todo, não há nada que não se possa conhecer, não
depois do espirito absoluto a cavalo haver passeado pela Europa
central, consolidando, botando as aspas e o inviolável ex nunc. Não
há nada fora do cognitivo. O famigerado é o que faz, e a substância
que faz é sujeito pois é feita de sujeito e pelo sujeito ao mesmo
tempo que o famigerado é substância. Napoleão é a torre simbólica
da apropriação do todo pela burguesia. Antônio Niterói sente
certo refluxo ao pensar essa palavra, mas na fome come-se o que
existe. Estão unidos o sujeito e a matéria ligados pela razão e
todo o racional é real, é história é racional, voando no Pégaso
dialético até pousar diante de Guilherme III. Absoluto.
'O
touro mouro dos meus dias,Troa na praça o tumulto', Antônio Niterói
vai despertar, mas Maiara adoça a voz, eis que aparecem os piratas,
os campos africanos transformados em campos de caça de negros,
jorros de sangue, fora daqui Niterói gritava Maiara com a única
parte do corpo vestida sendo a cabeleira.