13 de nov. de 2011

Evasão.


Até parece que foi ontem, sentia uma força, diria gravitacional por não ser capaz de criar ou nominar a atração, da ligação de atração, ou origem, salvaguarda, casamata em direção e sentido Brasil. A ver se me explico. Estava fora. Tempos. Algum ponto em mim se ligava ao Brasil. Não todo o Brasil. Nem todo São Paulo. Nem toda Bonfim Paulista. Sim porque Vila Bonfim. Nem toda casa de minha mãe. Nem todo o coração de minha mãe. Mas ao mesmo tempo, todo o Brasil. E lá onde estava, estava em viajem. Ainda que estático por meses a fio, numa pousada nos Pirineus a 2300m de altitude, numa vila de quinhentos moradores autóctones, trabalhando num hotel que hospedava outros quinhentos, que na terça-feira quando se iam, deixavam um bar com visão para um vale nevado, uma noite que chegava à tarde e um dia que teimava em dormir. No bar, café, brandi e cigarros ou puros. E se alguma melancolia, lá estava a casamata, longe, lá nos confins da alma, a ensolarada promessa de uma praia, duas palmeiras balançando frente ao mar. Não me dava conta que o ônibus que fazia parada na porta do bar ia, sim ia, pois nos habituamos a ver os ônibus todos os dias a passar por nós, os aviões indo, como se fossem para onde estamos, como se São Paulo fosse aqui, por Brasil, por América do Sul, por Hemisfério Sul, por Terra, mas um dia me enchi, de ver e deixar que aquele ônibus se fosse para Barcelona, sem minha solidão a povoá-lo, dali para avião que ia para o sul, demorei menos que uma vaza de truco.
Tudo isso para tentar entender, que motivo tenho para tomar circulares no ponto da rodoviária, se há outros tão mais próximos? Talvez pela segurança transmitida de que ainda há como ir. Fugir. Esta é a ideia mais tosca. Fugir de si mesmo. Não vou procurar ideia melhor. Fugir de mim mesmo. Não quero dizer com isso que de um golpe de vento me revire a cachola e entre num ônibus e tchau! Não creio. Até o momento não tem sido assim. Mas me pergunto se um ser não tem o direito de de quando em quando dar um sumiço: vou comprar um jornal e zás! Abraços à mãe e o pai. Temo que porte no sangue o instinto fugidio, do chá de sumiço. Meu avô saiu de casa com quinze anos, para fazer fortuna no Brasil, perambulou por Santos, subiu a serra com tudo que tinha ganhado em Santos, uma concha do mar, vazia, que ele botava no ouvido, já na fazenda de café em Cravinhos para ouvir o Atlântico Sul.     

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