A barata diz que tem\ sete saias de filó\ é mentira da barata\ ela tem é uma só.
Cantiga popular.
Vira e mexe a Miloca sai lá de onde estava e zanza. Eu falava com Joana Darque, assim de frente para ela sentada, já não me apaixono a tempos, nem sei se sei, então pousei primeiro as mãos sobre a mesa do bar, depois o antebraço, ela parece que fez o mesmo, fiz que não vi, mas por vezes as levantava, ajeitar uma meia, verificar um brinco, depois baixa só uma a outra ata o bíceps da uma, donde eu via um quatro. As minhas rastejavam imperceptíveis como uma centopeia, mas deixando espaço para que pudesse estender suas mãos e braços sobre a toalha quadriculada sem tocar as minhas. Esse toque deve ser fatal como uma linguada de sapo numa libélula despretensiosa. Quando por fim Joana Darque pousou suas mãos, estava todo prevenido, olhava para o copo de cerveja, para tirar peso e não demonstrar a avidez que a avizinhava. Quero mas não quero. Torno a repetir: quero mas não quero. Lá fora a rua deserta úmida ainda da chuvada passageira. Mas olhava a Joana para Joana, prestes a entrar em Joana por seus olhos negros, por sua boca, eu aprendi com o Ednilson que não se pede um beijo, se beija. E sua boca diria não, se perguntada, mas seus lábios entreabertos não queriam perguntas, queriam beijos. Mas havia as mãos, e subir o olhar do colo a boca sem quebrar o biscuit, mas depois do seu ombro vi vagar um vulto, era Miloca mudando de dimensão, não há vi, ouvi seu zuzo suave, não sei se Joana Darque viu o que eu não vi, ou só viu que via algo que me desconcentrou.
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