12 de abr. de 2013

Igreja. Posse do Papa Francisco I ! O quê esta em jogo?




Durante as celebrações da escolha e posse do novo Papa pude perceber a grandeza das vestimentas e as sutis diferenças que marcam status e estilo. Resplandecente seda verde, faustosos chapéus, diversidade de cores e vestimentas, joias deslumbrantes, ouro, prata. Todos zelosamente protegidos, franqueados aos quatro costados pela guarda suíça. Havia diversidade de culturas, diversidade de etnias, mas nem uma só mulher.
Há no Gênesis a narração, por excelência, da criação da mulher da costela do homem; depois há a carta de São Paulo que fala do lugar da mulher dentro da igreja. Estas coisas foram passando por minha cabeça enquanto via o cerimonial, em momentos que tanto se fala em inclusão, igualdade e direitos de inclusão e igualdade, sensação desagradável, porque pareceu-me, simplesmente, que tinha que ser assim. Os Padres não poderiam seguir sua função se as mulheres reais estivessem presentes. Pareceu-me necessário, levando em conta o quê me passava diante dos olhos, que para os santos padres as mulheres são invisíveis, melhores sendo ausentes. No entanto não há justificação teológica para esta situação, razão alguma para que as mulheres não possam representar Jesus no altar, nem tampouco possam tomar parte do círculo de pessoas que ali apareciam, domínio exclusivo dos homens. Obviamente que isso não é teológico. Há algo mais profundamente inscrito na cultura dos corpos, algo que vai além da representação da igualdade de direitos. Não é novo o modo em que os corpos das mulheres e os papéis de gênero são considerados pela igreja, e como consequência a negativa do seu acesso criativo ou positivo à ordem simbólica, porque são as vilãs, desde Gênesis, e devem ser rechaçadas para que as esferas políticas e simbólicas possam funcionar. Pode não ser novo, mas ali na praça de São Pedro o Papa Novo e seus homens faziam parte do cenário, faziam do cenário esta negação às mulheres. O quê esta em jogo?

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