O PT não é um
fenômeno absoluto em si, é uma construção histórica, inclusive
no plano dos discursos, no plano das palavras. Digo PT como poderia
dizer outro partido qualquer, mas o PT é a questão, é o fato e de fato é algo realmente
importante, para o bem e o mal, no plano da política nacional, e seu aniquilamento atende a interesses classistas.
Somadas ao plano dos discursos e das palavras há também as
referencias discursivas e a formatação de nossas ideias. Daí a
dificuldade de muita gente em entender que negar o PT é negar a
história recente do país, e negar a história recente do país é
voltar ao final da década de setenta, o que por si é uma
impossibilidade, física e cognitiva, e por conseguinte passar a
limpo a história do PT – seus atos o que em si também é
contraditório, porque implica na marginalização de todo e qualquer
cidadão que teve participação ativa nesta história recente do
Brasil, ainda que seja por um mero voto –; assim passar a limpo o
PT passa obrigatoriamente por passar o Brasil a limpo. Não é tarefa
impossível, o que é impossível é apagar essa história. Deve-se
entender fenômeno absoluto como uma entidade que exista de per si,
nascida e crescida dela mesma, apartada de toda a sociedade
brasileira, como ademais nem uma mera canção o é. A geração
espontânea há tempo foi banida do pensamento ocidental.
Por outro lado e ainda
que se questione a efetiva prática ''do social'' programática do
partido, a ideia de que o social passa pela distribuição de renda
já é uma realidade dentro da população interessada na renda. e que isso se dá pelo direito e não caritativamente. A ideia de direitos
sociais foi aguçada. A ideia de direitos iguais é defendida por todas as categorias minoritárias.
Aquela
história de que '' ah o mundo é assim!'' '' o processo é natural,
cada qual para o que nasce, cada qual com sua classe...''
desaparece com os avós de hoje. É certo que exista uma rebelião
subjacente, um enfrentamento, e ele é irrevogável se não houver
mais concessões ao bem estar social e ao estado de direito. Talvez
isto possa explicar a ''vista grossa'' que os petistas fazem à
totêmica corrupção levantada pelos opositores. No que a massa
passa a dizer: quero participar desse festival do consumo.
Por outro
lado e é por isso que há o esgarçamento claro e evidente, uma
parte da sociedade simplesmente não aceita estas possibilidades,
porque senão vejam, o que incomodou a sociedade não foi o fato do
Zé Dirceu, o Lula beberem Gran Cru Romanée Conti enquanto homens
públicos, mas por homens públicos advindos de classes sociais
''inferiores'', sendo que FHC também os bebeu, e no palácio tinha sua
chefe particular e bem me recordo de Carla
Pernambuco e o seu Carlota que estava em alta naqueles idos. A noticia foi
veiculada e pareceu a todos que era normalíssimo, como
sapato preto ornar com meias pretas.
A violência deriva um pouco deste delta entre as rendas, é inapelável. A ideologia da direita é criar a maior população carcerária do mundo. A solução efetiva no entanto não existe se não passar por uma profunda distribuição de rendas.
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