Comecei a contar a
Joana, com riqueza de detalhes, um sonho que havia tido na noite anterior, um
sonho trepidante, mais olímpico que edípico, cheio de saltos a
obstáculos, mas ela, depois de me ouvir até o final, cortesmente
creio, me disse: “Eu não dou nenhuma importância aos sonhos”.
Nunca me ocorreu atribuir aos sonhos alguma importância, ainda que tenha me entretetido com eles bom pedaço de vida, penso que algo intrigante
eles têm. Mas é evidente que se pode viver sem os recordar, sem os
conceder valor; do mesmo modo que podendo se dar ao luxo de comer bem, tão só comer para
subsistir.
Isto há um mês,
creio, e muito talvez pelo menosprezo de Joana para com eles, decidia
escrevê-los em um blog, como se fosse o diário dos sonhos. E então
acordado sonhei em sonhar um sonho por noite e depois de dez anos teria escrito mais de três mil sonhos; não sabia que não recordaria em tanto tempo de um sonho para ser o
primeiro, se nas semanas anteriores os tivera, coloridos e demorados, onde Hubert
Hubert protagonizava. E para não ser desonesto, não escrevi aquele
que contei a ela, e o diário dos sonhos segue à espera.
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