Meta. Mito.
Refúgio.
Consciente ou não dos
nossos limites, revoltados contra eles, ou não; somos infalíveis
construtores de mitos, ainda que à nossa semelhança, e para tanto
largamos para trás as restrições de que padece a nossa existência.
Ao mesmo tempo estímulo e refúgio, o mito pode nos induzir à
passividade, se praticamos a contemplação. Caso contrário, a ação
mitológica, e se a imitamos, como ação, a convertemos em meta, em
modelo, creio que é isso que nos convém emular.
Hoje como na
antiguidade vale a mesma cosmogonia dos deuses, eles se apaixonavam e
lutavam como homens, é certo porém que venciam a morte.
Deixando de lado as
personagens imaginárias, a história está cheia de homens e
mulheres reais que se transformaram aos olhos de seus coetâneos em
figuras míticas. Getúlio, Roberto Campos, Lula, Dilma, Golberi,
Hebe, Ana Terra, Luísa Erundina, Hilda Hilst, Aírton Senna, FHC,
Delfim Neto, Pelé, Paulo Francis, Joana D'Arc, Alexandre o Magno.
Projetamos nos mitos nossos sonhos e frustrações.
A mente da criança
mergulha com entusiasmo no universo mágico, He Man, Dart, sei lá
faz tempo que não sou criança, mas ao mesmo tempo estes heróis são
humanos e lendários, quase sempre partem da realidade, ainda que
revestida de imprevistos luxuosos.
Nunca me esquivei com
desânimo ao contato com a cara áspera da realidade, é uma
tentação, por demasia, banal, rasa. Afinal dizemos sempre: Cara
feia é fome.
Não me deixo enredar
pela dimensão épica a que se propõem acentuar às meras
competições esportivas, são meras competições esportivas, ou
mesmo ludicidades banais, mesmo até e por vezes lúbricas. Daí e
desse convívio e de contrastarem-se, nessa lubricidade, vem a
distorção; os discursos céticos e pessimistas. É a mais pura
impotência. L'impuissance mise en action. A impotência posta em
ação. O acionamento da impotência.
Em momentos de dureza e
dificuldade, nem a resignação derrotada nem a utopia imprudente são
as opções mais recomendadas, mas, quiçá, a ambição responsável,
mas se o muro infranqueável rachou!
Creio que nos falta
alguma audácia, a audácia necessária, para ir além, tudo sem
abandonar a lucidez. Aqui reprendo reaprendo o sentido do mito, que a
miúde está ou é percebido como um convite a audácia. Não
podemos nos permitir nem a indiferença nem a inibição.
Passos para adiante e
com determinação, é o grito de guerra, e como referência o
empenho e a capacidade de liderar. Não se trata de nos darmos
poderes desumanos, mas nos ancorarmos em valores cívicos e nobres.
Temos que ser mais ambiciosos, como classe, enfim, como sociedade.
É duma sociedade com
riqueza cultural, social e econômica que brota o indivíduo rico
econômica-social e culturalmente. O movimento contrário só nos faz
onanistas ególatras.
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