7 de nov. de 2012

Hoje não sei o que dizer.






Hoje não sei o que dizer.



Há sempre um livro nestas páginas em branco, uma vida nesta cronologia sem espaço.
Sou um estranho neste jardim.
Rapazes e moças " Chefs" do ElBulli- Alqueria - por cinco meses. Neurocirurgiões operando o próprio Deus, Michelangelos descascando o mármore em que Davi se esconde. Então mandam: espátula, sim; faca, sim; Coador chinoix, sim: manteiga clarificada, sim; redução de carne,sim; prato para empratar, sim.
Andam de um lado para o outro carregando a certeza que irão decidir o futuro da vã humanidade.
Há uma compenetração e seriedade que tangem o obtuso. Uma ubiquidade: ser, prato e ingredientes -necessária - . Mas a flauta é mais feliz que o flautista e a música se perde no vácuo dos ouvidos moucos.
Chego a achar que falta vida ao prato, uma fumacinha talvez - aquela fumaça quase protagonista nos filmes cults filmados em San Francisco e bairros pobres de N.Y. - que seja uma fumacinha subindo do filé, como sinal de vida, ou de vida vazando,que viver é vazar em..., algo além da obtusidade fulgurante do fenótipo "belo". E por pequeno que seja, um dedal, ele transbordará se uma cabeça de alfinete ai for vertida, por sua falta.
Acético, pasteurizado é este mundo privado de qualquer barroquismo - ainda que se permita um certo rococó da bisnaga de redução de balsâmico ziguezagueando pelo prato, da erótica gota de caldo de carne grosso como fosse um purê finíssimo, colocada ali para que jamais termine de incidir sobre o fundo branco de um prato que em sua demasia é branco.



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