18 de nov. de 2012

A meta da Educação é a Ação


A meta da Educação é a Ação: transformadora|conservadora!

Anotações de uma aula do Professor Nilson José Machado. usp.

A ação nos remete – no senso comum – a reação; e a coação. A ciência vive, sonha e dá respostas pela simetria, principio de ação e reação, ou melhor desta expectativa de simetria. Mas, na simetria, não há futuro para  se fundar uma ética. A simetria diz:" Bateu levou". "Lei de Talião". "Olho por olho; dente por dente".
É justo a assimetria que busca e permite a ética. A ética  nasce da assimetria.
Se todos fazem o torto, que o resto  faça da ação e reação a sua lei, mas que se danem.
Quem vive de reação é o animal. Somos animais, mas não nos reduzimos a isso. É muito rasteiro o nível de bicho. Não é a dimensão de bicho que nos dá a condição de humanidade.

Devemos buscar em lugar da reação, Respostas.  Se cutucar terá resposta.

"Responsa" em latim. De onde vem responsabilidade. A resposta deve ser dada com responsabilidade. No trânsito, por exemplo, se sofro uma fechada, Anoto a placa. Chamo o guarda. Respondo com responsabilidade.
Em vez de reação, dá-se uma resposta que é uma outra ação. Ação com responsabilidade.
É natural que num primeiro momento haja uma explosão de ódio, e raiva. Mas não deve ser a reação impensada a resposta a ser dada.
A ação ligada com a resposta responsável é o único antidoto à violência.

Toda eclosão da violência, é a falência da palavra.

 Como se combate a violência? Guardas armados na escola? Não é um combate à violência, o combate a violência é reinstalar o dialogo. A recuperação da palavra. Claro há o intolerável.

Autoridade e tolerância são as duas faces de uma moeda. Não podemos nos dizer tolerantes, se em nenhum momento tivemos de exercer a autoridade. Se não formos responsáveis por nada, é fácil ser tolerante, isso não é tolerância, isso é arrogância. Mas há o intolerável.

A explosão da violência deve se dar com a volta, com a reinstalação da confiança na palavra.
Então entra Habermas. Teoria da Ação Comunicativa. De onde nasce a razão comunicativa, uma logica um logus, fundado no discurso na palavra e nasce a fé no consenso. A fé no acordo.
Uma máxima latina:

 "Corruptio Optimi pessima". A corrupção do ótimo é o péssimo.

Hoje modernamente houve a corrupção do ótimo, a corrupção da palavra, porque a violência se dá por meio da palavra, e é brutal.
Alem das agressões verbais, dos xingamentos, mas modernamente a violência simbólica que se da por meio da palavra, se realiza muito nos contratos, contratos jurídicos, são a forma moderna da violência. Pois não se acredita na palavra. Assinamos contratos, agredidos. Humilhados. Porque se não rolaria o empréstimo. Mas é irritante. Agressividade, violência por meio da palavra.
A violência sutil se dá pela formatação. Um representante em meio de muitos outros contrários. Ou pode falar desde que seja dentro de parâmetros. A palavra está ai interdita. Mas não estamos falando o que gostaríamos de falar. Pois a condição está dada. Então nos conformamos, o que é a deformação da conservação|transformação.

Outra violência por meio da palavra, advém do absoluto relativismo da verdade. A falta de critérios para distinguir o que verdadeiro e o que é falso. Tudo é relativo. Ou uma verdade absoluta, dogmática, opressora ou o mais absoluto relativismo.

Há um livro interessante. True to life. Lynch. Verdadeiro para a vida. Why truth matters. Por que a verdade importa. Onde os inimigos são de um lado o dogmatismo, e o outro o relativismo absoluto e é o que se deve combater.

A coação é sempre negativa. Uma ação sobre o outro. Ninguém gosta de ser coagido. Se o fim da educação é a ação. Mas é só aparentemente a coação é indesejável. Há os limites da coação legitima.
Somos coagidos, pela norma, pela lei. Todos são iguais perante a lei.

A criança começa numa fase, inicial, de anomia. "Nomos" é lei,  e anomia sem lei.
Depois passa a fase da heteronomia. A lei feita pelo outro, o pai, a mãe, o professor, a lei vem de fora. Deve ser uma fase passageira.

A terceira fase é a autonomia. Obedecer a lei que faço minha. Diante da lei. Ou cumpro ou mudo a lei. Há que ter paciência.

  Toda impaciência, no que se refere a lei, conduz ao autoritarismo. O autorismo não tem paciência.

O limite para a lei que não queremos cumprir é a desobediência civil. É um principio politico. Ghandi. Luter King. Thorreau brigando contra o imposto de renda nos EUA. Mas há critérios mínimos: Em primeiro lugar é não violenta. Resistência não violenta. Dois. Disposição a ir a todos os âmbitos existentes para tentar mudar. Tem que ir a luta.
Terceiro critério. Assumo a responsabilidade pela derrota, pelo não cumprimento.

A educação passa por um processo de coação. A autoridade é uma coação consentida. Sem força. Com força é coerção. Politicamente indesejável. Um desequilíbrio para nascer outra coisa.
O poder pode não ser legitimo. O bandido, por exemplo,
A construção da consciência passa pela coação consentida.
Coerção é força pura, indesejável e passageira, como as revoluções, um desequilíbrio momentâneo.
Poder. Consentida, sem ser legitima. O bandido.
A coação consentida legitima, é que esta associada a autoridade, o político no poder, que tenha o monopólio da força: é o estado, legitimo.

O que legitima o direito de agir sobre o outro. Quais as fontes de legitimidade. Na família , na escola...
Fugir do terreno da coação consentida é fugir do terreno da educação.

Nem Chacrinha. Nem Caxias.

Coação deve ser consentida e legitimada. Perdendo o consentimento, só resta o poder, e o poder é efêmero. Deve ser efêmero.

A ação. Que conserva e transforma, e é consciente. Antônio Damásio. O mistério da consciência.

O fazer consciente leva a uma ação projetada. Pro jacto jato para frente projeto.

O modo de ser do humano é o pretender ser. A vida humana, não o biológico, é estar se lançando a algo. A inapetência é o contrário disso.
Todo projeto é coletivo de alguma maneira. Quem projeta realiza a ação. Não é possível projetar pelo outro.



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