A meta da Educação é
a Ação: transformadora|conservadora!
Anotações de uma aula do Professor Nilson José Machado. usp.
Anotações de uma aula do Professor Nilson José Machado. usp.
A ação nos remete –
no senso comum – a reação; e a coação. A ciência vive, sonha
e dá respostas pela simetria, principio de ação e reação, ou
melhor desta expectativa de simetria. Mas, na simetria, não há
futuro para se fundar uma ética. A simetria diz:" Bateu levou". "Lei de
Talião". "Olho por olho; dente por dente".
É justo a assimetria que busca e permite a ética. A ética nasce da assimetria.
Se todos fazem o torto, que o resto faça da ação e reação a sua lei, mas que se danem.
Quem vive de reação é
o animal. Somos animais, mas não nos reduzimos a isso. É muito
rasteiro o nível de bicho. Não é a dimensão de bicho que nos dá a
condição de humanidade.
Devemos buscar em lugar da reação, Respostas. Se cutucar terá resposta.
"Responsa" em latim. De
onde vem responsabilidade. A resposta deve ser dada com
responsabilidade. No trânsito, por exemplo, se sofro uma fechada,
Anoto a placa. Chamo o guarda. Respondo com responsabilidade.
Em vez de reação,
dá-se uma resposta que é uma outra ação. Ação com responsabilidade.
É natural que num
primeiro momento haja uma explosão de ódio, e raiva. Mas não deve ser a reação
impensada a resposta a ser dada.
A ação ligada com a
resposta responsável é o único antidoto à violência.
Toda eclosão da violência, é a falência da palavra.
Como se combate a violência?
Guardas armados na escola?
Não é um combate à violência, o combate a violência é
reinstalar o dialogo. A recuperação da palavra. Claro há o
intolerável.
Autoridade e tolerância
são as duas faces de uma moeda. Não podemos nos dizer tolerantes,
se em nenhum momento tivemos de exercer a autoridade. Se não formos
responsáveis por nada, é fácil ser tolerante, isso não é
tolerância, isso é arrogância. Mas há o intolerável.
A explosão da
violência deve se dar com a volta, com a reinstalação da confiança
na palavra.
Então entra Habermas.
Teoria da Ação Comunicativa. De onde nasce a razão comunicativa,
uma logica um logus, fundado no discurso na palavra e nasce a fé no
consenso. A fé no acordo.
Uma máxima latina:
"Corruptio Optimi pessima". A corrupção do ótimo é o péssimo.
Hoje modernamente houve
a corrupção do ótimo, a corrupção da palavra, porque a violência se dá por
meio da palavra, e é brutal.
Alem das agressões
verbais, dos xingamentos, mas modernamente a violência simbólica
que se da por meio da palavra, se realiza muito nos contratos,
contratos jurídicos, são a forma moderna da violência. Pois não
se acredita na palavra. Assinamos contratos, agredidos. Humilhados.
Porque se não rolaria o empréstimo. Mas é irritante.
Agressividade, violência por meio da palavra.
A violência sutil se
dá pela formatação. Um representante em meio de muitos outros
contrários. Ou pode falar desde que seja dentro de parâmetros. A
palavra está ai interdita. Mas não estamos falando o que
gostaríamos de falar. Pois a condição está dada. Então nos
conformamos, o que é a deformação da conservação|transformação.
Outra violência por
meio da palavra, advém do absoluto relativismo da verdade. A falta
de critérios para distinguir o que verdadeiro e o que é falso. Tudo
é relativo. Ou uma verdade absoluta, dogmática, opressora ou o mais
absoluto relativismo.
Há um livro
interessante. True to life. Lynch. Verdadeiro para a vida. Why truth
matters. Por que a verdade importa. Onde os inimigos são de um lado o
dogmatismo, e o outro o relativismo absoluto e é o que se deve combater.
A coação é sempre
negativa. Uma ação sobre o outro. Ninguém gosta de ser coagido. Se
o fim da educação é a ação. Mas é só aparentemente a coação
é indesejável. Há os limites da coação legitima.
Somos coagidos, pela
norma, pela lei. Todos são iguais perante a lei.
A criança começa numa
fase, inicial, de anomia. "Nomos" é lei, e anomia sem lei.
Depois passa a fase da heteronomia. A lei feita pelo outro, o pai, a mãe, o professor, a
lei vem de fora. Deve ser uma fase passageira.
A terceira fase é a autonomia. Obedecer a lei que faço minha. Diante da lei. Ou cumpro ou mudo a lei. Há que ter paciência.
Toda impaciência, no que se refere a lei, conduz ao autoritarismo. O autorismo não tem paciência.
O limite para a lei que
não queremos cumprir é a desobediência civil. É um principio
politico. Ghandi. Luter King. Thorreau brigando contra o imposto de
renda nos EUA. Mas há critérios mínimos: Em primeiro lugar é não
violenta. Resistência não violenta. Dois. Disposição a ir a todos
os âmbitos existentes para tentar mudar. Tem que ir a luta.
Terceiro critério.
Assumo a responsabilidade pela derrota, pelo não cumprimento.
A educação passa por
um processo de coação. A autoridade é uma coação consentida. Sem
força. Com força é coerção. Politicamente indesejável. Um
desequilíbrio para nascer outra coisa.
O poder pode não ser
legitimo. O bandido, por exemplo,
A construção da
consciência passa pela coação consentida.
Coerção é força
pura, indesejável e passageira, como as revoluções, um
desequilíbrio momentâneo.
Poder. Consentida, sem
ser legitima. O bandido.
A coação consentida
legitima, é que esta associada a autoridade, o político no poder,
que tenha o monopólio da força: é o estado, legitimo.
O que legitima o
direito de agir sobre o outro. Quais as fontes de legitimidade. Na
família , na escola...
Fugir do terreno da
coação consentida é fugir do terreno da educação.
Nem Chacrinha. Nem
Caxias.
Coação deve ser
consentida e legitimada. Perdendo o consentimento, só resta o poder,
e o poder é efêmero. Deve ser efêmero.
A ação. Que conserva
e transforma, e é consciente. Antônio Damásio. O mistério da
consciência.
O fazer consciente leva
a uma ação projetada. Pro jacto jato para frente projeto.
O modo de ser do humano
é o pretender ser. A vida humana, não o biológico, é estar se
lançando a algo. A inapetência é o contrário disso.
Todo projeto é
coletivo de alguma maneira. Quem projeta realiza a ação. Não é
possível projetar pelo outro.
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